Pedro Ignácio Lopes, igualmente conhecido como Pedro Inácio Lopes (Lisboa, 13 de Janeiro de 1840 - 22 de Dezembro de 1900), foi um engenheiro e ferroviário português.
Biografia
Primeiros anos e estudos
Nasceu na cidade de Lisboa, em 13 de Janeiro de 1840.[1] Terminou os seus estudos preparatórios em 1855, e ingressou numa universidade em Janeiro do ano seguinte.[1] Concluiu os seus estudos em 1860, tendo-se formado em Matemática e tirado um bacharelato em Filosofia.[1] Devido às suas excelentes prestações, foi escolhido para frequentar, com uma pensão do Estado, a École Nationale des Ponts et Chaussées, em Paris, de onde regressa em 1864.[1]
Carreira profissional
Em 1864, emprega-se na Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, como ajudante do engenheiro de Francisco Maria de Sousa Brandão. Foi encarregado de estudar o traçado da ligação ferroviária entre Coimbra e Covilhã, que seria, posteriormente, construído até Serpins e transformado no Ramal da Lousã.[1] Também foi incumbido de analisar o traçado da Linha da Beira Alta, e entre 1869 e 1871 supervisionou as obras de melhoramento na bacia e a regularização do leito do Rio Mondego.[1] No ano seguinte, foi encarregado pelo engenheiro Manoel Affonso de Espregueira de elaborar o traçado da Linha do Norte, entre Vila Nova de Gaia e Campanhã, tarefa que deixou de parte para estudar o traçado de uma linha de bitola estreita entre Ponte de Santana, na Linha do Leste, e São Martinho do Porto, passando pelas Caldas da Rainha.[1] Após terminar esta tarefa, voltou ao projecto da Linha do Norte, que conclui com sucesso.[1]
Em Julho de 1879, foi encarregado de empreender a construção do Ramal de Cáceres, tendo-se destacado pela rapidez com que executou este projecto.[1] Também lhe foi ordenado que fizesse o projecto e o respectivo orçamento para a construção e gestão da Linha da Beira Baixa, tendo entregue o relatório em 3 de Abril de 1883[1]. Entre 1885 e 1890 desempenhou o cargo de director da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, tendo contribuído significativamente para o desenvolvimento do transporte ferroviário em Portugal, ao orientar a construção de várias ligações, aumentar o movimento ferroviário, e ter introduzido vários melhoramentos técnicos, como a electrificação das estações, duplicação de alguns troços, novos sistemas de sinalização, e a chegada de novo material circulante; instituiu, igualmente, a Caixa de Reformas e Pensões da Companhia[1], e decidiu, em 1898, o local onde deveria ser instalada a Estação Ferroviária de Olhão.[2] Já durante as suas funções como director, padeceu de uma grave doença.[3]
Em 1890, deixou a Companhia e passou para o Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, onde, além de ser inspector, também executou uma série de projectos, como a vistoria das margens do Rio Mondego, a revisão da classificação das estradas nacionais, a direcção de vários estudos da rede de estradas nacionais e municipais, a revisão do decreto que regulava as concessões ferroviárias, elaboração de um regulamento para a vigilância, conservação e provas de pontes metálicas, execução de um estudo sobre o sistema de tarifas no transporte ferroviário, verificação da resistência de pontes metálicas, e a elaboração de um caderno de encargos e programas para a adjudicação de empreitadas por parte do estado.[1]
Foi, igualmente, colaborador na Gazeta dos Caminhos de Ferro de Portugal e Hespanha[4] [5] existente entre 1888 e 1898, bem como na continuação desta a Gazeta dos Caminhos de Ferro[6] (1899-1971)
Falecimento
Faleceu em 22 de Dezembro de 1900.[1]
Condecorações e homenagens
Foi homenageado com a Grã-Cruz da Ordem de Sant'Iago da Espada, recebida no dia da inauguração da Ponte D. Maria Pia, em 4 de Novembro de 1872, por ter concluído o projecto do atravessamento do Rio Douro. Também recebeu, pelas suas acções como director da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, as comendas da Ordem de Carlos III e da Ordem de Isabel a Católica, e uma condecoração da Imperial Ordem da Rosa.[1]
Foi homenageado, junto com outras figuras do transporte ferroviário em Portugal, pelo engenheiro José Fernando de Sousa, numa conferência da Real Associação d'Agricultura Portugueza, em Março de 1902.[3]
Ver também
Referências