O bairro do Paraíso é uma região rica em história e desenvolvimento, refletindo a evolução urbana da cidade ao longo dos anos. Já era assim denominado em 1900, tendo como ponto central o Largo da Guanabara, atual Praça Rodrigues de Abreu.[2]
A origem do bairro remonta ao século XIX, por volta de 1860, a partir de uma grande área rural chamada Chácara do Sertório, situada nas imediações da atual Praça Oswaldo Cruz, antigo Largo do Paraíso.[2] Esta chácara foi inicialmente propriedade de João Sertório, que a vendeu para a Senhora Alexandrina Maria de Moraes a propriedade rural ligava as ruas da Liberdade ao extinto município de Santo Amaro (1832-1935).[3] Após o falecimento de Alexandrina em 1886, seus herdeiros lotearam a propriedade, criando os trechos que deram origem ao bairro do Paraíso que conhecemos hoje. Entre as ruas formadas estão a Humaitá, Abílio Soares, Pedroso, Maestro Cardim, Martiniano de Carvalho, Paraíso, e Artur Prado.[4]
Nome
O nome do bairro vem do nome do "Largo do Paraíso", atual Praça Osvaldo Cruz.[4][5]
Como extensão da Vila Mariana, o Paraíso se beneficiou do progresso trazido pela Estação da Companhia Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro e pela marcante presença de imigrantes alemães, que inicialmente se estabeleceram na Rua José Antônio Coelho.[3] Em 1885, foi aberta a Cervejaria Germânia pela Cia. Faust & Schmidt no Paraíso. Esta cervejaria, uma das pioneiras no Brasil, ocupava um grande terreno entre as Ruas Vergueiro e Apeninos, em frente ao Largo Guanabara. Durante a Primeira Guerra Mundial, mudou seu nome para Cervejaria Guanabara e, em 1921, foi comprada pela Companhia Cervejaria Brahma. A fábrica encerrou suas atividades na década de 1980 e o edifício foi demolido em 1994, dando lugar a um grande empreendimento imobiliário.[5]
No mesmo Largo da Guanabara, a primeira paróquia da região, dedicada a Santa Generosa, começou a ser erguida em 1915. Inaugurada parcialmente em 1924, a paróquia enfrentou anos de tensão devido ao anúncio da Prefeitura, em 1943, de que seria demolida para obras de urbanização.[3] A demolição ocorreu em 1967 para a construção da Avenida Vinte e Três de Maio e do viaduto que levou o nome da santa padroeira. A nova Paróquia de Santa Generosa foi inaugurada em 1970 na Avenida Bernardino de Campos, onde se encontra até hoje.[4]
Hospital de Campanha no Ginásio do Ibirapuera durante a Pandemia de COVID-19, ao fundo o bairro.
Por volta de 1916, o bairro já tinha uma quantidade razoável de moradores em ruas como a Rua do Paraíso, Rua Tomás Carvalhal, Rua Cubatão e trecho da Rua Abílio Soares.[4] Algumas casas de famílias ricas já haviam sido construídas nas Avenidas Bernardino de Campos e Paulista, mas a ocupação próxima ao atual Parque do Ibirapuera ainda era escassa. Os limites do bairro sempre foram controversos.[6]
Do começo do século XX até seus meados, destacam-se algumas construções na Avenida Paulista, no trecho do bairro do Paraíso, que permanecem até hoje.[5] O Instituto Pasteur, fundado em 1903, foi inaugurado em 1904 no atual número 393.[3] A Escola Estadual Rodrigues Alves, projetada pelo escritório do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, foi concluída em 1919 e está tombada nas esferas estadual e municipal.[4] A Casa das Rosas, projetada por Felisberto Ranzini, foi construída na década de 1930 e se tornou um espaço cultural público em 1991.[6]
Outro destaque de suas adjacências é a Catedral Metropolitana Ortodoxa, na Rua Vergueiro, o maior templo em estilo bizantino da América do Sul, cuja construção começou em 1942 e terminou em 1954.[3]
Em 1975, a inauguração da estação Paraíso do metrô trouxe definitivamente um caráter multifacetado para o bairro. Do Instituto Pasteur à Catedral Ortodoxa Metropolitana, passando pelo edifício sede da IBM e o Ginásio do Ibirapuera, o bairro oferece tanto uma face dinâmica residencial e comercial/financeira.[3]
O bairro é uma das regiões mais desenvolvidas da capital paulista, pois abriga o trecho inicial da Avenida Paulista, entre a Praça Osvaldo Cruz e a Avenida Brigadeiro Luís Antônio. É o logradouro mais importante da cidade e centro financeiro do país. Em virtude dessa localização privilegiada, conta com 3 estações de metrô, hotéis e flats.[5] É um centro de cultura, onde situam-se o Centro Cultural São Paulo, o a Casa das Rosas e o Itaú Cultural. Abriga, também, o Google Campus, primeiro espaço de coworking da empresa Google no Brasil e outros coworkings como o Volt Coworking na Rua do Paraíso e o LABA48 na Rua Cubatão. Possui diversos centros de saúde, sendo o Hospital do Coração (HCor), o principal, e estabelecimentos educacionais como o Colégio Bandeirantes e o Colégio Maria Imaculada.[3]
Villaça, Flávio (1998). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel. pp. 107–108
Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN8573592230
ALMEIDA, João F. de (1995). A Cidade de São Paulo: História e Geografia Revista Brasileira de Geografia, v. 12, n. 3 ed. São Paulo: IBGE. pp. 45–60
ROLNIK, Raquel (2005). O luxo e a segregação: os Jardins como espaço de consumo e poder Revista Ponto-e-Vírgula, v. 6, n. 2 ed. São Paulo: Governo Estadual. pp. 98–112
SANTOS, Milton (1980). A Cidade de São Paulo Revista Geográfica, v. 10, n. 2 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo. pp. 45–60
LANGENBUCH, Juergen Richard (1971). A Estruturação da Grande São Paulo: Estudo de Geografia Urbana Revista Brasileira de Geografia, v. 32, n. 4 ed. Rio de Janeiro: IBGE. pp. 5–25