Orlando Villas-Bôas e um indígena da região do Cerrado inóspito, na segunda viagem dos irmãos Villas-Bôas para o Cerrado , em 1967, uma época em que o Regime Militar governava o Brasil e defendia a ocupação terras "sem pessoas"[1]
Era o mais velho dos irmãos Villas-Bôas - Cláudio, Leonardo e Álvaro. Com Cláudio e Leonardo, Orlando fez o reconhecimento de numerosos acidentes geográficos do Brasil central, motivo pelo qual recebeu, em 1967, a Medalha do Fundador da Royal Geographical Society. Em suas expedições, os irmãos abriram mais de 1 500 quilômetros de picadas na mata virgem, onde surgiram vilas e cidades.[2] Foi indicado duas vezes para o Prêmio Nobel da Paz, com Cláudio, em 1971 e, em 1975, pelo resgate das tribos xinguanas.[2]
Os irmãos lideraram a Expedição Roncador-Xingu, iniciada em 1943 e que depois de 24 anos deixou em seu rastro mais de 40 novas cidades, 19 campos de pouso e o Parque Nacional do Xingu, criado por lei em 1961, com a ajuda de Darcy Ribeiro. Na expedição, Orlando, Cláudio, Leonardo e Álvaro mapearam a região que visitaram, conseguindo permissão tácita para instalar as bases da Fundação Brasil Central. Cuidadosos, eles souberam agir contra ideias assimilacionistas e contra a ação de especuladores.[2]
Orlando e seus irmãos idealizaram e ajudaram a consolidar o Parque Indígena do Xingu com o apoio do marechal Rondon (este pensava diferente dos irmãos Villas-Bôas, de Darcy Ribeiro e do sanitarista Noel Nutels).[2] Orlando chegou, em 1961, a administrar o Parque, onde hoje vivem cerca de seis mil e quinhentos indígenas de catorze etnias diferentes.
Publicou catorze livros. Algumas das aventuras da expedição Roncador-Xingu foram contadas em "A marcha para o Oeste", escrito com Cláudio. Já no fim da vida, Orlando começou a escrever uma autobiografia lançada após seu falecimento.
Foi demitido da Funai, órgão que ajudou a criar, em fevereiro de 2000 pelo seu então presidente, Carlos F. Marés de Souza. A demissão causou revolta da opinião pública e retratação formal do presidente Fernando Henrique Cardoso.[3]
Recebeu, ainda, cinco títulos "Doutor Honoris Causa" de universidades estaduais e federais brasileiras e algumas dezenas de títulos de cidadãos honorários de diferentes cidades brasileiras.
Em 2001 foi homenageado como enredo pela escola de samba Camisa Verde e Branco.