A redação de O Pirralho, sediada na rua 15 de Novembro, na Zona Central de São Paulo, funcionou numa sala de um sobrado com móveis doados por Inês Andrade, mãe de Oswald de Andrade.[5] Em sua redação, juntou-se uma súcia de poetas, escritores e jornalistas improvisados,[6] entre os quais, figuram os poetas Cornélio Pires e Guilherme de Almeida, o jornalista Juó Bananère, o desenhista Ferrignac,[7] o ilustrador Di Cavalcanti, o caricaturista de Lemmo Lemmi, dentre outros inúmeros colaboradores e convidados que contribuíram de diferentes formas.[8] Sua primeira publicação foi anunciada em grandes jornais da época, como os paulistas O Estado de S. Paulo, Fanfulla (em italiano), Diario Popular e o Gazeta; no Distrito Federal, foi anunciada pelo Jornal do Commercio.[3]
O primeiro número de O Pirralho havia registrado os nomes de Oswald de Andrade como diretor-proprietário, Oswald Júnior como secretário e de Renato Lopes como representante no Rio de Janeiro. Dolor de Brito Franco, apesar de compor a diretoria, não teve seu nome registrado. Em fevereiro de 1912, Oswald de Andrade partia para a Europa, com retorno previsto para setembro. Oswald decidira arrendar O Pirralho ao jornalista Benedito de Andrade, quem muito relutou em devolvê-lo ao dono, ameaçando-o com um chicote.[9]
Revistas
Dentro da revista, foram publicadas outras "revistas"; em 1911, Oswald de Andrade deu início às Cartas D'Abax'o Pigues, com prosas escritas em paulistaliano, linguagem dos imigrantes italianos, que misturava dialetos da Itália a fala característica de São Paulo; Juó Bananère deu início ao O Birralha,Xornal Alemong, revista baseada em um português com uma escrita que tentava aproximar-se do alemão; em 1913, Bananère, que havia tornado-se redator das Cartas D'Abax'o Pigues, sucedeu a mesma e deu início ao O Rigalegio, Organo Indipendento do Abax'o Pigues i do Bó Retiro, com o subtítulo "Dromedario Ilustrato: anarchia, sucialismo, literatura, vervia, futurismo, cavaço," durando até o final de 1914, quando retornariam as publicações das Cartas D'Abax'o Pigues;[10] por Cornélio Pires, foram escritas as Cartas de um caipira, uma série de diálogos que utilizavam de uma linguagem tradicionalmente paulista, conhecida como caipira, servindo como uma das bases para o estudo linguístico O Dialecto Caipira, publicado pelo seu primo Amadeu Amaral, em 1920.[11] Em O Pirralho, também haviam as revistas A Fita Moderna, Propriedade de um sindicato de bicheiros, Memento homo quia pulvis est e A correspondência de Tiririca.[12]