A novela foi ambientada nos anos de 1927 e 1928. Nota-se um fato histórico retratado na novela, o direito ao voto feminino[5] e de igualdade de gênero,[6] direito esse que só veio a existir em todo país em 1932.[5]
Enredo
São Paulo, década de 1920. A trama principal narra o relacionamento conturbado entre Julião Petruchio e Catarina Batista. Ele, um fazendeiro machão e produtor de queijos com dificuldades financeiras e ela, uma temperamental jovem rica feminista que não confia nos homens, conhecida pelo apelido de "fera", por botar para correr os seus pretendentes.
A fútil Dinorá, mulher de Cornélio Valente, tio de Petruchio, entrega a dívida que ele tem com seu marido a um agiota, que cobra a dívida, exigindo a propriedade do fazendeiro como pagamento, a fazenda Santa Clara. Dinorá então sugere a Petruchio que conquiste Catarina, se case com ela e assim consiga pagar a dívida. Sem saída, Petruchio aceita e começa a tentar seduzir a moça, simulando ser submisso a ela. Devido ao temperamento forte de ambos, a rotina dos dois é marcada por frequentes brigas e confusões.[2]
Bianca, irmã caçula de Catarina, é uma jovem ingênua e romântica, que deseja incansavelmente se casar e faz de tudo para ajudar Petruchio a conquista-la, afinal só assim poderá se unir a alguém. A paixão da jovem é Heitor, irmão de Dinorá, um playboy atlético e egoísta que também gosta dela, mas está mais interessado na fortuna que poderá herdar com esse compromisso. Para isso, ele procura a ajuda do ingênuo professor Edmundo, que escreve cartas românticas e poéticas para Bianca, as assinando com o nome de Heitor. Com o tempo, Edmundo acaba se apaixonando pela jovem, mas devido a sua natureza tímida e humilde, não consegue revelar seus sentimentos a ela.
Joana é uma mulher bonita e pouca estudada que trabalha como lavadeira para sustentar os dois filhos e é apaixonada pelo marido Manuel, um caixeiro-viajante que passa longos períodos fora de casa. Ela sequer imagina que seu marido é na realidade o viúvo Nicanor Batista, pai de Catarina e Bianca, um político influente na capital paulista, que leva uma vida dupla, sendo incapaz de revelar a verdade a ela. Já Dona Mimosa, empregada na mansão de Batista, nunca se envolveu com nenhum homem e acaba despertando a paixão de Calixto, um caipira turrão e funcionário de Petruchio, que tenta conquista-la das mais variadas formas, sempre sendo mal-sucedido em suas tentativas.
Já Celso, o melhor amigo de Petruchio, é um rapaz conquistador que acaba se envolvendo com Dinorá num caso defendido pela rabugenta Dona Josefa, cúmplice da filha em suas escapulidas e nas mentiras contadas a Cornélio.
Enquanto isso, o estudante Fábio aceita uma aposta de Celso e Petruchio que consiste em conquistar Lourdes, uma feminista solteirona e amiga de Catarina, que assim como ela possui "aversão" a homens. Fazendo se passar por mudo, acaba conquistando o coração tanto de Lourdes, quanto o de Bárbara, colega de quarto dela.
O principal inimigo de Petruchio é o banqueiro Joaquim de Almeida Leal, um homem poderoso que deseja se vingar do caipira, a quem culpa pela "perdição" de sua filha, Muriel, na juventude, sendo seu principal objetivo deixá-lo na miséria. Muriel, que passou todos esses anos na França, retorna à cidade sob o nome de Marcela e almejando afanar toda a fortuna do pai. Os planos dela são atrapalhados quando Joaquim reencontra seu filho perdido, o ingênuo caipira Januário, funcionário da fazenda de Petruchio, a quem passa a encher de mimos. Marcela acaba descobrindo o segredo de Batista e passa chantageá-lo, conseguido casar-se com o político e ficar cada vez mais próxima de Catarina e Petruchio, passando a atazaná-los. Além deles, o casal também precisa lidar com as armações de Lindinha, uma caipira sonsa e sobrinha de Calixto, que foi criada desde criança ao lado de Petruchio e é apaixonada por ele - que a vê apenas como uma irmã -, rejeitando o amor de Januário, e do jornalista Serafim, que tenta comicamente conquistar Catarina para salvar seu jornal da falência.
Foi a primeira novela do autor Walcyr Carrasco na Globo. Também marcou a volta do diretor Walter Avancini à emissora depois de dez anos de afastamento - a dupla havia sido responsável pelo sucesso da novela Xica da Silva, da Rede Manchete, em 1996.[7]
Para substituir Esplendor, a ideia inicial da Globo era fazer um remake de Os Inocentes ou O Profeta. Porém ambas as histórias foram classificadas como dramáticas demais, fazendo com que a Globo escolhesse adaptar O Machão, que era uma trama mais leve.[8] Ao ambientar São Paulo como cenário da trama, a Globo visava privilegiar o mercado paulista.[8]
A abertura de O Cravo e a Rosa foi inspirada em fotos e filmes do início do século. Um camafeu dourado girava no ar e, a cada volta, mostrava imagens em preto e branco com aparência de película antiga, típicas do cinema mudo, de vários personagens da novela, em especial Petruchio (Eduardo Moscovis) e Catarina (Adriana Esteves). Em agosto de 2001, a abertura foi escolhida a melhor do ano pelo júri do II Festival Latino-Americano de Cine Vídeo, em Mato Grosso do Sul.[1] A peça teatral Cyrano de Bérgerac, de Edmond Rostand, foi outra referência usada pelos autores.[2]
Fábio Sabag viveria o agiota Normando Castor, mas devido uma cirurgia no pé, o ator deixou o elenco, e o personagem ficou com Cláudio Corrêa e Castro. Elizabeth Savalla faria participação como Iaiá, uma médica que teria envolvimento com Cornélio. Mas por conta das mudanças na sinopse, a personagem teve seu nome mudado para Hildegard. E Savalla que já tinha feito prova de figurino para o papel, acabou sendo substituída sem maiores explicações por Lúcia Alves.[9]
Com o esticamento da novela, Drica Moraes entrou para trama como a vilã Marcela. A personagem tinha como missão criar empecilhos na relação de Catarina e Petruchio. Vanessa Gerbelli fez testes para viver Kiki, mas por causa de seu bom desempenho acabou ficando com a personagem Lindinha. Rejane Arruda ficou com o papel da dançarina.[10]
Exibição
Reprises
Foi reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo de 13 de janeiro a 1.º de agosto de 2003, em 144 capítulos, substituindo Por Amor e sendo sucedida por Anjo Mau.[11] Foi umas das reprises que foi ao ar com menos tempo depois de ser exibida originalmente, a apenas um ano e dez meses do seu término. O capítulo 108, que seria exibido no dia 11 de junho de 2003, não foi ao ar em razão do amistoso entre Nigéria e Brasil. Sendo assim, a novela que terminaria com 145 capítulos, fechou com 144.[12]
Foi reapresentada novamente no Vale a Pena Ver de Novo de 5 de agosto de 2013 a 17 de janeiro de 2014, em 120 capítulos, substituindo O Profeta e sendo substituída por Caras & Bocas, também de Walcyr Carrasco.[13][14][15][16] Esta foi a última reprise do Vale a Pena Ver de Novo a ser exibida no horário de 14h30, entre o Vídeo Show e a Sessão da Tarde, além de ter inaugurado a chamada "dobradinha", em que sua última semana foi exibida em simultâneo com a sua sucessora.
Foi exibida na íntegra pelo canal de televisão por assinatura Viva, de 25 de março a 6 de dezembro de 2019, sucedendo A Indomada e sendo sucedida por O Clone, no horário das 23h, com reprise do capítulo anterior às 13h30 e maratona semanal aos domingos a partir das 19h.[17]
Foi reapresentada pela terceira vez na TV Globo de 6 de dezembro de 2021 a 30 de setembro de 2022, em 212 capítulos e foi substituída por Chocolate com Pimenta (também de Walcyr Carrasco), às 14h40, após o Jornal Hoje, inaugurando uma nova faixa de reprises na emissora, privilegiando títulos do horário das 18h e das 19h.[18][19] A telenovela não foi levada ao ar durante os dias 7 de abril, 24 e 28 de junho de 2022, pois nesses dias foram exibidos os amistosos de futebol feminino do Brasil contra Espanha, Dinamarca e Suécia, respectivamente.[20][21][22] Nessa reprise a novela também ganhou um compacto dos melhores momentos, exibido aos sábados a partir de 9 de julho de 2022, somente para os estados da Bahia e Ceará, substituindo O Melhor da Escolinha e sendo exibida dentro da Sessão de Sábado para esses estados.[23] Em 18 de agosto de 2022, a novela foi reclassificada pelo Ministério da Justiça de "livre para todos os públicos" para "não recomendada para menores de 10 anos".[24]
Em 24 de janeiro de 2022, a versão original da novela foi disponibilizada na íntegra no Globoplay, através do Projeto Originalidade.[25]
Repercussão
Audiência
Exibição original
O Cravo e a Rosa tornou-se uma novela de boa audiência, com uma média geral de 30,6 pontos no horário.[26] O primeiro capítulo teve média de 30 pontos, com picos de 32.[27] Em seu último capítulo em 9 de março de 2001, a novela registrou 43 pontos de média e 48 de pico no Ibope.[28] O autor Walcyr Carrasco, depois do sucesso da novela Xica da Silva, na extinta Rede Manchete, consolidou-se como um dos autores de maior respeito da TV Globo, com mais duas tramas de época, campeãs de audiência no horário: Chocolate com Pimenta, em 2003 e 2004, e Alma Gêmea, em 2005 e 2006. Devido ao sucesso, a novela foi estendida em cerca de setenta capítulos.[29]
Primeira e segunda reprise
A primeira reprise, de 2003, encerrou com uma média de 23 pontos.[30] Em sua segunda reprise de 2013, o primeiro capítulo teve 14 de média e 40% de participação na audiência em São Paulo, superior às antecessoras O Profeta e Da Cor do Pecado, que marcaram 13 e 12 pontos, respectivamente.[31] No Rio de Janeiro, estreou com 17 pontos, um a menos do que o primeiro capítulo da reapresentação de O Profeta em fevereiro de 2013 e dois a menos que Da Cor do Pecado no primeiro capítulo de setembro de 2012.[32] O último capítulo desta exibição marcou 19 pontos, chegando a ser a segunda atração mais vista do dia — e ultrapassando as novelas das seis e das sete, Joia Rara e Além do Horizonte, respectivamente. Fechou com média de 14 pontos, superior às duas antecessoras.[33] Em sua reprise no Viva, O Cravo e a Rosa se tornou a novela mais vista na história do canal em apenas cinco meses, fechando sua exibição mantendo o primeiro lugar.[34][35]
Terceira reprise
Na reestreia em 6 de dezembro de 2021, inaugurando uma nova faixa de novelas na emissora, a novela conquistou 10 pontos de média e picos de 12 no Ibope da Grande São Paulo, alcançando a liderança isolada em um dos horários mais complicados da grade da Globo, enfrentando o quadro Hora da Venenosa, exibido pelo Balanço Geral na RecordTV.[36] O segundo capítulo cravou 12 pontos, mantendo a liderança.[37] Em 30 de dezembro cravou 13 pontos.[38] Em 4 de janeiro de 2022 cravou 14 pontos.[39] Em 1.° de março cravou 15 pontos.[40] Em 31 de março cravou 16 pontos.[41] Em 31 de maio cravou 17 pontos, ficando a frente de A Favorita no Vale a Pena Ver de Novo, sendo esta transmitida mais tarde.[42] Em 29 de julho cravou 18 pontos, sendo impulsionada pela exibição especial do Espiadinha Globoplay, com a transmissão do primeiro episódio de Turma da Mônica - A Série, além de ser a segunda maior média das tardes da Globo, ficando atrás apenas da novela das 18h, no caso Além da Ilusão.[43][44] No dia 29 de agosto a novela registrou recorde de audiência no Rio de Janeiro com 22 pontos.[45] O último capítulo desta exibição marcou 18 pontos.[46] Fechou com a média geral de 14 pontos, sendo esse o melhor resultado da faixa vespertina desde a temporada 2006 do Vídeo Show, além de superar os índices da sua segunda reprise no Vale a Pena Ver de Novo.[47]
Trilha sonora
A canção de abertura, versão de Zeca Pagodinho para Jura, samba de Sinhô em 1929 por Mário Reis. A trilha contava ainda, entre suas 14 faixas, com uma gravação de Ella Fitzgerald e Count Basie para Tea for Two, composta em 1925 por Vincent Youmans e Irwing Caesar.
Mulheres de Areia (adaptação da telenovela homônima exibida em 1993) • A Viagem (adaptação da telenovela homônima exibida em 1994) • Quem É Você? (argumento)