Never Say Never é o segundo álbum de estúdio da cantora estadunidense Brandy, lançado em 9 de junho de 1998 através da Atlantic Records.[1] Atlantic consultou David Foster, assim como o produtor Rodney "Darkchild" Jerkins e sua equipe para trabalhar com Norwood no álbum; Jerkins viria a criar a maior parte do álbum e evoluiria como mentor e principal produtor dos projetos seguintes da cantora.[2]
Os temas líricos do álbum incluem as experiências pessoais da cantora com amor, monogamia, preconceito da mídia e maturidade. Influenciada por Mariah Carey e Whitney Houston, Norwood queria apresentar uma faceta mais madura de si mesma com o álbum, incorporando um estilo de balada pesada e um toque adulto contemporâneo em seu som pop urbano para o álbum.[3]
Never Say Never, estreou no número três na parada da Billboard 200, vendendo 160.000 cópias em sua primeira semana, e alcançou o número dois na semana seguinte, permanecendo no top vinte da parada por 28 semanas.[4] Oito das 16 músicas do álbum foram escolhidas como singles, incluindo o dueto com Monica, "The Boy Is Mine", e "Have You Ever?", que chegaram ao topo da Billboard Hot 100, além de "Top of the World", que se tornou um sucesso no Reino Unido.
Never Say Never se tornou o álbum mais vendido de Norwood, sendo certificado quíntuplo de platina pela Recording Industry Association of America (RIAA), e vendendo mais de 16 milhões de cópias mundialmente. Ganhou vários prêmios e elogios, incluindo um Grammy de Melhor Performance de R&B por um Duo ou Grupo com Vocais por "The Boy Is Mine".[5] O álbum foi apoiado pela Never Say Never World Tour (1999), que incluiu shows esgotados na América do Norte, Europa, Ásia e África.
A produção do álbum foi iniciada em maio de 1997. Brandy gravou algumas músicas com Sean "Puffy" Combs e Babyface, mas não as finalizou.[9] Ela estava pouco satisfeita com o material que lhe foi apresentado pelos chefes de repertório da Atlantic, Paris Davis e Craig Kallman.[10] Inspirada pelo último álbum da cantora Aaliyah, One in a Million (1996), Brandy pediu a gravadora que convidasse a rapper-compositora Missy Elliott, e seu co-produtor Timbaland, para trabalhar em seu novo álbum.[11] No entanto, a Atlantic recusou, com receio de seu álbum ficar muito parecido com o de Aaliyah, e a gravação de novas músicas foi adiada.
A gravação do álbum só foi retomada em outubro de 1997, quando Paris Davis chamou o produtor novato Rodney "Darkchild" Jerkins, que havia produzido o álbum Share My World (1997) de Mary J. Blige, para algumas sessões com a Brandy.[12] Acompanhado por seu irmão Fred Jerkins III, e o compositor LaShawn Daniels, ele acabou completando cinco músicas, em cinco dias com ela, incluindo “Learn the Hard Way”, “Happy”, “Put That on Everything” e a faixa-título “Never Say Never”.[12] Brandy e Davis ficaram satisfeitos com o trabalho, e a Atlantic garantiu um contrato de produção com Jerkins. Mais tarde, ele acabou sendo promovido a produtor executivo do álbum.[13][14] Jerkins também encorajou Brandy a participar de todo o processo de produção do álbum, principalmente das composições.[15]
Brandy também trabalhou com o produtor canadense David Foster, conhecido por produzir baladas pop.[16] Ele produziu três músicas, "Have You Ever?", escrita por sua colaboradora frequente Diane Warren, "One Voice" escrita por Gordon Chambers, e "(Everything I Do) I Do It for You", uma versão cover da música de 1991, do cantor canadense Bryan Adams. Norwood creditou a química com ambos os produtores com seu crescimento musical: "Eles trouxeram o melhor de mim, os vocais que eu não sabia que tinha", disse ela.[17]
Divulgação
Never Say Never foi lançado nos Estados Unidos em 9 de junho de 1998.[18] A promoção do álbum começou com a aparição de Brandy na capa da revista Vibe em abril de 1998, seguida por uma campanha de impressa massiva, incluindo fotos de capa para Teen People e Ebony.[19] O empreendimento de co-marketing entre a Vibe e a Atlantic Records resultou em vários projetos conjuntos, como um site da Brandy, e várias promoções de varejo e rádio.[19] Outros itens de marketing incluíram uma parceria com a DC Comics, que criou uma revista em quadrinhos Brandy em setembro de 1998, para alunos do ensino fundamental e médio.[20] Na MTV, Brandy sediou os shows de primavera da rede na Jamaica, de 13 a 15 de março.[19] Em junho, Brandy cantou "Top of the World" ao lado de Mase no MTV Movie Awards de 1998.[21] Em 13 de junho, a MTV exibiu um especial com Brandy apresentando seus videoclipes favoritos. No dia seguinte, a MTV exibiu um especial de 30 minutos focado nos bastidores do álbum. Em 28 de agosto, Brandy cantou "The Boy Is Mine" no The Tonight Show with Jay Leno.[22] Em 3 de setembro, Brandy apresentou a versão remix de "Top of the World" ao lado dos rappers Big Pun e Fat Joe no Soul Train Lady of Soul Awards.[23] Também em setembro, Brandy e Monica apresentaram "The Boy Is Mine" ao vivo pela primeira vez juntas no MTV Video Music Awards de 1998.[24] Em 26 de setembro, Brandy se apresentou no Hip-Hop Unity Festival realizado no Los Angeles Memorial Coliseum.[25] Em 11 de outubro, se apresentou no International Achievement in Arts Awards.[26] Dois dias depois, ela fez uma aparição no The Rosie O'Donnell Show.[27]
Em 11 de janeiro de 1999, Brandy e a atriz Melissa Joan Hart apresentaram o American Music Awards.[3] Durante a cerimônia, ela cantou sua música "Have You Ever?".[28] Em 31 de janeiro, Brandy e o rapper LL Cool J apresentaram o show do Super Bowl XXXIII, na estação de rádio WEDR de Miami.[29] Em março, Brandy juntou-se à ex-primeira-dama Hillary Clinton, e a procuradora-geral Janet Reno no Museu Nacional de Mulheres nas Artes, para reconhecer seis jovens selecionadas para o segundo Prêmio Anual de Voluntariado.[30] Em 13 de abril, Brandy se apresentou ao lado de Whitney Houston, Tina Turner, Cher, Chaka Khan e Faith Hill, entre outras, no VH1 Divas Live '99.[31] Em maio de 1999, embarcou em uma turnê mundial com shows na França, Alemanha, Holanda e Japão.[32][33] Em junho, Brandy retornou aos Estados Unidos para a parte norte-americana de sua turnê, que estava originalmente programada para acontecer de 18 de junho a 2 de agosto.[32] A turnê acabou sendo adiada porque Brandy foi obrigada a filmar novos episódios de sua sitcom, Moesha.[33] Em 8 de setembro de 1999, ela cantou "U Don't Know Me (Like U Used To)", no The Tonight Show with Jay Leno.[34]
Singles
"The Boy Is Mine", um dueto com a cantora Monica, foi lançado como primeiro single de Never Say Never. Essa se tornou a primeira canção número um para ambas as artistas, tanto nos Estados Unidos, quanto internacionalmente. Nos EUA, "The Boy Is Mine" se tornou a canção mais vendida do ano, passando 13 semanas no topo da Billboard Hot 100 durante o verão de 1998. Recebeu o certificado de platina dupla da Recording Industry Association of America (RIAA), e ficou na oitava posição da parada de fim de década da Billboard.[35] Internacionalmente, a canção atingiu o topo das paradas do Canadá, Países Baixos e Nova Zelândia, ao passo que atingiu o top 5 na maioria das paradas em que apareceu.[36]
"Top of the World", em parceria com o rapper Mase, foi lançada como segundo single do álbum. A canção foi menos bem sucedida ao redor do mundo, porém, atingiu a segunda posição da parada de singles do Reino Unido. Recebeu o certificado de prata da British Phonographic Industry (BPI) em 23 de outubro de 1998.[36]
"Have You Ever?" foi lançada como terceiro single do álbum durante o outono de 1998. Se tornou a segunda canção de Never Say Never a alcançar o topo da Billboard Hot 100 e da parada de singles da Nova Zelândia. A balada classificou-se na 14ª posição da parada de fim de ano da Billboard de 1999.[36] A faixa midtempo "Angel in Disguise" foi lançada como single promocional, em 21 de janeiro de 1999. Alcançou o top 20 da Hot R&B/Hip-Hop Songs dependendo apenas do airplay. "Almost Doesn't Count" foi lançada como quarto single do álbum durante a segunda metade de 1999, e foi promovido por uma performance presente no filme Sempre no Coração (1999), estrelado por Diana Ross e a própria Brandy.[37]
"U Don't Know Me (Like U Used To)" foi o quinto e último single na América do Norte. A canção atingiu a 79ª posição da Billboard Hot 100, e o top 30 na Hot R&B/Hip-Hop Songs. Como divulgação do single, uma versão remix da faixa em colaboração com as rappers Shaunta e Da Brat foi lançada.[38] Na Oceania, o cover de Bryan Adams, "(Everything I Do) I Do It for You", foi lançado como sexto single. Alcançou a 28ª posição na parada de singles da Nova Zelândia. Em março de 2000, a faixa título "Never Say Never" foi lançada como single promocional, junto com "U Don't Know Me (Like U Used To)", na região da Europa germânica, porém não conseguiu entrar nas tabelas musicais.[39]
Never Say Never recebeu críticas, em sua maioria positivas, dos críticos de música. Stephen Thomas Erlewine, da AllMusic, deu ao álbum quatro de cinco estrelas e observou que é um "álbum melhor e mais aventureiro do que sua estreia", acrescentando: "Brandy sabiamente decide encontrar um meio-termo entre Mariah Carey e Mary J. Blige - é adulto contemporâneo com um leve toque de rua. [Sua] entrega melhorou e seus vocais suaves podem fazer com que o material medíocre pareça convincente. Ainda assim, o que torna Never Say Never um disco vencedor são as músicas e a produção de qualidade".[45] Daryl Easlea da BBC Music sentiu que a coleção de hinos suaves e de ritmo médio forneceu um instantâneo do R&B comercial da época. Ele descreveu Never Say Never como "o epítome de um saco misturado. No entanto, dado que muito R&B no final dos anos 90 soa como uma caixa musical ornamentada girando, o álbum é uma mistura inteligente que se desvia suficientemente desse modelo e toca Brandy e os pontos fortes consideráveis do produtor executivo Rodney Jerkins".[36] O crítico do Spokesman-Review, Richard Harrington, foi positivo com o álbum, escrevendo: "adulto e confiante, sem dar passos em falso".[36]
A revista Rolling Stone foi geralmente positiva com o álbum, dando-lhe três estrelas de uma classificação de cinco estrelas, e escreveu: "Brandy exala mais entusiasmo do que os irmãos Hanson combinados e explode com charme ingênuo suficiente para fazer Jewel parecer uma marinheira cansada. O seu segundo álbum borbulha com a mesma efervescência [...]".[46] JD Considine, revisor da Entertainment Weekly, sentiu que faltava paixão na voz de Norwood no álbum.[8] Embora ele tenha indicado que era "difícil argumentar com a deferência de Brandy ao ritmo, especialmente quando ela monta uma das faixas propulsivas do produtor Rodney Jerkins", ele também observou que estava achatando "seu alcance emocional, até a felicidade romântica de "Happy", a determinação obstinada de "Never Say Never" e o afeto conflitante de "Angel in Disguise" acabam soando praticamente o mesmo".[47] Ele deu ao álbum uma classificação B.[47] Aaron McKrell, do HipHopDX, comentou que "a maturidade recém-descoberta de Brandy foi refletida em sua música, e o público e os críticos adoraram o R&B pop que permeava o álbum", com Lela Olds, escrevendo para The Boombox, relatando ainda que ela "ficou confiante como uma artista e uma jovem mulher em Never Say Never, criando um álbum que mostrou crescimento pessoal e vocal".[48][49]
Never Say Never debutou na terceira posição da Billboard 200 em 16 de junho de 1998, vendendo 160,000 unidade na primeira semana–as maiores vendas de primeira semana de Norwood.[54] Na semana seguinte, o álbum subiu para a segunda posição. Durante sua 14ª semana na parada, Never Say Never havia vendido 1.4 milhão de cópias.[55] Ao final do ano, o álbum havia vendido 2.9 milhões de cópias nos Estados Unidos, e se tornou o 13º álbum mais vendido de 1998.[56] Por fim, Never Say Never passou um total de 72 semanas na Billboard 200.[57] Em 2012, o álbum havia vendido mais de 4.6 milhões de cópias nos Estados Unidos, de acordo com a Nielsen SoundScan.[57] Eventualmente, recebeu o certificado de platina quíntupla da Recording Industry Association of America (RIAA) pelas cinco milhões de cópias vendidas no país.[58]
Never Say Never alcançou a 19ª posição na UK Albums Chart.[59] O álbum vendeu 260,000 cópias no Reino Unido, e eventualmente conquistou o certificado de platina da British Phonographic Industry (BPI) pelas 300,000 cópias vendidas na região.[36] Em 27 de agosto de 1999, o álbum foi certificado como platina quádrupla pela Music Canada, por vender 400.000 unidades no País.[60] Em maio de 1999, a Billboard reportou que Never Say Never havia vendido sete milhões de cópias mundialmente.[61] Até os dias de hoje, permanece sendo o álbum mais vendido de Brandy, com mais de 16 milhões de cópias vendidas mundialmente.[62][63]
Impacto e legado
Embora seu álbum de estreia tenha sido um grande sucesso nos Estados Unidos, Never Say Never foi creditado com o avanço internacional de Norwood, e a facilitou em se tornar uma artista viável com apelo de mídia na música, cinema e televisão.[49]Never Say Never é o álbum de maior sucesso de Norwood até hoje, com vendas mundiais de 16 milhões de cópias, incluindo singles e álbuns.[49] Um dos álbuns mais vendidos do ano para a WEA Music, a Billboard classificou Never Say Never entre os álbuns de retorno de maior sucesso de 1998.[64]
Musicalmente, Never Say Never projetou a assinatura de Norwood com seu "som suave e sedoso", que também dominaria os projetos seguintes.[65] Em uma retrospectiva de aniversário feita em 2018, a editora da Vibe, Brittney Fennell, declarou Never Say Never como a "obra magnum que define a carreira" de Norwood. Ela sentiu que "é sem dúvida um dos melhores álbuns de R&B dos anos 90 [...] Havia uma infinidade de jovens cantoras de R&B nesta época, mas o poder de estrela de Brandy permitiu que ela transcendesse gêneros, transformando seu estilo de R&B em música pop".[66] Em um artigo semelhante, Da'Shan Smith, do Revolt, observou que, embora o álbum "tenha uma sensibilidade elétrica direcionada para o novo milênio que se aproxima, eles ajudaram a finalizar o padrão para o que os midtempos e baladas de uma diva do pop devem consistir [...] Olhando para trás em Never Say Never, pode-se argumentar que Brandy remodelou a construção de uma estrela adolescente chegando aos 20".[65]Britney Spears e Christina Aguilera, se referiram a Norwood e Never Say Never, como uma de suas influências durante as sessões de gravação de seus respectivos álbuns de estreia.[67][68]
Never Say Never tornou-se fundamental na promoção das carreiras de muitos dos envolvidos na criação do álbum que eram relativamente desconhecidos antes de seu lançamento, principalmente o produtor-chefe Rodney Jerkins, seu irmão Fred e o compositor LaShawn Daniels.[69] O trio continuaria a trabalhar com veteranos da indústria como Michael Jackson, Whitney Houston e Toni Braxton, bem como artistas futuros como Jennifer Lopez e Destiny's Child, enquanto voltava a trabalhar com Norwood em seu terceiro e quintos álbuns de estúdio Full Moon (2002) e Human (2008).[69] A própria Norwood comentou em uma entrevista de 2018 ao site de música Okayplayer: "Never Say Never mudou o curso da minha vida. Encontrei um dos melhores produtores [Rodney Jerkins] do mundo para me ajudar a encontrar meu novo som. tente as coisas vocalmente e a equipe Darkchild me deu seu melhor trabalho e doce apoio".[70] Em 2020, ela classificou o álbum entre seus três lançamentos favoritos.[71]
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