Narses é a forma helenizada e latinizada do armênio Nerses. A atestação mais antiga do nome ocorre nos Feitos do Divino Sapor, uma inscrição trilíngue do reinado do xainxásassânidaSapor I(r. 240–270). Em parta é registrado como Narses (Narsēs) e em pálavi como Narse (Narsē). O nome deriva do avésticoNairyō saŋha-, que literalmente significa "o de muitos discursos", ou seja, o mensageiro divino.[1]
Por unanimidade, foi eleito católico em 353 aos 27 anos de idade[3] e consagrado a Cesareia como seus predecessores;[4] tal hábito, porém, para com ele.[5] Provavelmente logo convoca o primeiro concílio da Igreja Apostólica Armênia em Astisata, em Taraunitis, que a reorganiza; o zoroastrismo e paganismo são proibidos, assim como casamentos consanguíneos ou ritos funerários antigos, e muitas instituições voluntárias (leprosários, orfanatos, etc.) foram criadas,[4] as "bases da benevolência caridosa" na Armênia.[6] Esse concílio também marca a ascensão do monasticismo armênio.[7]
Em 358, Ársaces envia-o a Constantinopla para buscar sua esposa Olímpia[4] e negociar alguns privilégios fiscais.[8] Após seu retorno em 359, e segundo os historiadores Fausto, o Bizantino[9] e Moisés de Corene,[10] criticou o rei, que assassina seu sobrinho Genelo, de quem Ársaces cobiçava a esposa Farranzém, que não hesita em matar Olímpia; tais episódios provavelmente mascaram a oposição entre Narses e Ársaces, que desenvolve simpatias arianas.[11] O católico é removido da corte, onde o diácono Cate o representa,[12] e é substituído pelo não consagrado Isaque Chunaque.[13]
Após a morte de Ársaces e da ocupação persa sob o xáSapor II(r. 309–379), seu filho Papa é restaurado ao trono armênio em 369 com a ajuda do imperadorValente(r. 364–378); ele lembra Narses, sem saber se é um gesto de conciliação vis-à-vis a Igreja[14] ou o resultado de pressões nesse sentido do nacarares.[15] Por Papa ser ariano, a disputa logo se instala: o rei dá veneno ao católico,[15] que morre em 25 de julho de 373.[3] Devido ao assassinato, o arcebispo de Cesareia proíbe qualquer ordenação de bispo na Armênia sob os três católicos seguintes.[16]Hesíquio II, às vezes chamado de Isaque e, como tal, confundido com Isaque Chunaque,[17] embora de uma maneira improvável, o sucede.[15] Seu filho Isaque I, o Parta também ocupou a função de católico de 387 a 439.[18]
Santo
Narses é considerado um santo desde a sua morte; seu túmulo, localizado perto de Erzurum, foi um local de peregrinação até as invasões árabes do século VII.[19]
Bellier, Paul (1996). «Médecine et médecins arméniens entre le xie et le xve siècle». In: Garsoïan, Nina. L'Arménie et Byzance : histoire et culture. Paris: Publications de la Sorbonne. ISBN9782859443009
Boisson-Chernorhokian, Patricia (1996). «Vision chalcédonienne et non chalcédonienne de la liste des patriarches de l'Église arménienne jusqu'au xe siècle». In: Garsoïan, Nina. L'Arménie et Byzance : histoire et culture. Paris: Publications de la Sorbonne. ISBN9782859443009
Butler, Alban (1997). Butler's Lives of the Saints: November. Nova Iorque: Continuum International Publishing Group. ISBN978-0860122609
Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard
Garsoïan, Nina (2004). «The Aršakuni Dynasty (A.D. 12-[180?]-428)». In: Richard G. Hovannisian. Armenian People from Ancient to Modern Times, vol. I : The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN978-1-4039-6421-2
Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot
Mahé, Jean-Pierre (2007). «Affirmation de l'Arménie chrétienne (vers 301-590)». In: Gérard Dédéyan. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Éd. Privat. ISBN978-2-7089-6874-5
Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press
Redgate, Anne Elizabeth (2000). «The Peoples of Europe». The Armenians. Oxford: Blackwell Publishing. ISBN0-631-22037-2
Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila