Mécia Mouzinho de Albuquerque (Leiria, Leiria, 1 de Dezembro de 1870 - Lisboa, Alcântara, 10 de Março de 1961) foi uma amazona, filantropa, escritora, poetisa e novelista portuguesa.
Biografia
Foi grande desportista, distinguindo-se em equitação como uma distinta cavaleira. Mas foi ademais escritora, poetisa, novelista e memorialista, colaborando em muitos jornais e revistas, portugueses e estrangeiros, da sua época, entre os quais A Monarquia,[1] dirigido por Astrigildo Chaves, com início de publicação em 25 de Janeiro de 1916.[2] Assinou algumas vezes Mência Mouzinho de Albuquerque.[3]
Dedicada desde jovem a ações de filantropia, entre muitas iniciativas de benemerência em que se envolveu, deve-se-lhe a fundação da Comissão de Iniciativa Particular da Luta contra o Cancro, desenvolvida com pleno êxito e que depressa se estendeu a todo o País e às então Colónias do Ultramar, e que foi e constituiu como que os alicerces da Liga Anti-Cancerosa ou Liga Portuguesa Contra o Cancro. Corria o ano de 1930 quando organizou o primeiro peditório nas ruas e estabelecimentos comerciais de Lisboa. Segundo o Diário de Lisboa de 14 de Outubro de 1962, o nome da Ex.ma Senhora Dona Mécia Mouzinho de Albuquerque ficou gravado na história da luta anticancerosa de Portugal como uma das maiores beneméritas no combate a esta gravíssima doença.[2][4]
Quando dos primeiros anos da República, dedicou-se a auxiliar os presos monárquicos e as suas famílias, visitando-os nas prisões e prodigalizando-lhes conforto moral e amparo material, que lhe valeram a gratidão de todos os protegidos. Fundou e organizou a Comissão Central de Subsídios e Rendas de Casa a Prisioneiros e Emigrados Monárquicos ou Associação de Subsídios e Rendas de Casa a Necessitados Monárquicos em 1915, etc.[2][4]
De vastíssima cultuar e muito viajada, percorreu a França, a Espanha, a Itália e a Suíça, em peregrinações intelectuais e artísticas, e colaborou com sua filha na organização de várias exposições e festas portuguesas na Suíça.[2][5]
Foi delegada literária, em Portugal, da Societé des Gens de Lettres, de Paris, que na sessão em sua honra, em 1957, realizada no Grémio Literário de Lisboa, lhe concedeu a Medalha e Diploma de Honra. Possuía também a Medalha de Vermeille do Mérito Civil e a Medalha Lettres, Arts et Sciences, de França.[2]
Obras
Publicou, em prosa e verso, os seguintes livros:[2][3]
- A Tecedeira, poemeto, Lisboa, 1914;
- Fragmentos Históricos, versos, Lisboa, 1917;
- A Sonâmbula, contos, Lisboa, 1918, traduzidos em espanhol por Rafael Rotlan, Madrid, 1919;
- Rainha e Mártir, poemeto, Paris, 1920;
- Pela Vida Fora, versos, Lisboa, 1930;
- A Guitarra, versos, Lisboa, 1932;
- A Sua Majestade El-Rei Senhor Dom Manuel II, poemeto fúnebre, Lisboa, 1932;
- Aventuras de Tomyris, romance, Lisboa, 1943;[6]
- A Monja, ?, Lisboa, 19??;
- etc.;
- Anunciava no prelo, em 1948, um volume de versos intitulado Ao Fim da Estrada, livro que ainda tinha no prelo quando faleceu.
Algumas das suas obras foram traduzidas em espanhol e francês, e mesmo em marata. Escreveu os versos do hino A Espada de Mouzinho, marcha patriótica com música de Arnaldo Martins de Brito, publicado no Livro do Centenário de Mouzinho de Albuquerque, em 1955. Uma das suas últimas produções poéticas foi a Marcha Heróis da Índia, com música de Arnaldo Martins de Brito, e oferecida ao Governador-Geral do Estado da Índia Portuguesa, General Bénard Guedes, sendo o produto da venda destinado aos soldados em missão naquela histórica parcela do território nacional. Aquando do primeiro centenário do nascimento da Rainha Senhora Dona Amélia de Orléans e Bragança, o jornal O Debate, a 25 de Setembro de 1965, evocou a vida da excelsa Soberana através do poema Rainha e Mártir, da autoria de Mécia Mouzinho de Albuquerque.[2][5]
Dados genealógicos
Era filha bastarda de Fernando Luís Mouzinho de Albuquerque e de Mafalda Augusta Barbosa de Miranda de Seabra Jacques.
Teve como irmã de Mafalda Mouzinho de Albuquerque que foi igualmente escritora como ela.
Casou em Lisboa, São José, a 15 de Outubro de 1879 ou em 1887 com seu primo João Pereira Mouzinho de Albuquerque Cota Falcão,[2][7] de quem teve uma filha:
A veneranda Senhora Dona Mécia viveu longa e benemérita vida na sua casa e residência pombalina da Rua da Junqueira, onde faleceu, frente à Rua que a Excelentíssima Vereação do Município de Lisboa distinguiu com o seu nome, a 24 de Outubro de 1970. O descerramento da placa toponomástica foi realizado por sua filha Fernanda, com a assistência do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Engenheiro Fernando Augusto Santos e Castro, e do Vice-Presidente D. Segismundo do Carmo da Câmara de Saldanha, tendo discursado o historiador e publicista Professor Dr. Francisco de Assis de Oliveira Martins.[2]
Referências
- ↑ Pedro Mesquita (13 de Setembro de 2011). «Ficha histórica: A monarchia : bi-semanário (1916)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 7 de Janeiro de 2015
- ↑ a b c d e f g h i "Mouzinho de Albuquerque - História e Genealogia", Fernando de Castro Pereira Mouzinho de Albuquerque e Cunha, Edição do Autor, 1.ª Edição, Cascais, 1971, Volume I, pp. 256–264
- ↑ a b "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa e Rio de Janeiro, Volume 18 Moura - Nuck, pp. 52 e 53
- ↑ a b "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa e Rio de Janeiro, Volume 18 Moura - Nuck, p. 52
- ↑ a b "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa e Rio de Janeiro, Volume 18 Moura - Nuck, p. 53
- ↑ Mécia Mouzinho de Albuquerque Arquivado em 3 de março de 2016, no Wayback Machine. in Bibliohistória de Pedro Almeida Vieura
- ↑ "Anuário da Nobreza de Portugal - 2006", António Luís Cansado de Carvalho de Matos e Silva, Dislivro Histórica, 1.ª Edição, Lisboa, 2006, Tomo III, pp. 1272 e 1273