Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul
O Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM) é um museuhistórico da cidade brasileira de Porto Alegre, dedicado à preservação de um acervo de documentos, apetrechos médicos e outros objetos relacionados à prática, estudo e evolução das artes médicas no estado do Rio Grande do Sul.
Histórico
O museu nasceu a partir de uma iniciativa do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), que se preocupava com a preservação da história da medicina do estado. Entre 2004 e 2005 foi elaborado um projeto com este objetivo, intitulado Memória Médica, voltado para a sensibilização da classe médica sobre as questões da memória e patrimônio, sendo criado o Acervo Histórico SIMERS, que começou uma pesquisa e a reunião de um acervo.[1][2]
O museu foi criado em 2006, sendo instalado em um prédio alugado na Avenida Ipiranga. Ainda não era aberto ao público e funcionava mais como uma Reserva Técnica, mas já dispunha de um acervo considerável, e com ele foi realizada a exposição A formação da Medicina no Rio Grande do Sul, montada no Memorial do Rio Grande do Sul, que depois itinerou pelo interior do estado.[1][2]
A instituição abriu suas portas para o público em 18 de outubro de 2007, com a mostra Olhares Sobre a História da Medicina, já sendo programada para março de 2008 uma mostra voltada para homenagear a história das mulheres ligadas à saúde, com coleta de depoimentos e fotografias de médicas, parteiras e benzedeiras de diversas localidades do estado, contando com o apoio do Comitê Permanente de Coordenação das Ações Relativas às Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Sul e da Secretaria de Estado da Justiça e do Desenvolvimento Social.[5]
Em 2008 foram inaugurados o Setor Educativo, para desenvolvimento de ações didáticas junto ao público, incluindo visitas monitoradas,[6] o espaço multiuso Sala Rita Lobato, possibilitando a montagem de eventos e mostras de curta duração, e uma biblioteca de pesquisa, que já contava com um acervo de cerca de mil volumes. Para comemorar o primeiro aniversário em 17 de outubro, foi programada a mostra de longa duração Desafios: A Medicina e a Luta pela Vida, enfocando a evolução das artes médicas ao longo da história, dividida em seis áreas temáticas: o conhecimento médico, os costumes, o diagnóstico, as especialidades, as causas das doenças e os tratamentos.[7] Em 2017, nas comemorações dos dez anos de atividades, foi lançado um livro sobre o museu.[8]
Atividades
O MUHM é cadastrado no Cadastro Nacional de Museus do Instituto Brasileiro de Museus sob o número 9.12.30.4662,[9] e em 2010 colaborou para a criação da Rede Nacional de Museus de História da Medicina, organizada pela Federação Nacional dos Médicos.[10]
O museu tem como objetivo a promoção do interesse pela história da medicina e da saúde como uma ferramenta de compreensão da realidade, desenvolvimento da sociedade e fomento do pensamento crítico, através da preservação, pesquisa e divulgação do patrimônio cultural médico, realizando exposições, palestras, eventos diversos e ações educativas, lançando publicações, oferecendo subsídios para pesquisadores e colaborando para a formação de recursos humanos.[2][3][6] Uma Associação de Amigos foi criada para dar amparo às suas atividades.[11] É um dos poucos museus de medicina do Brasil que mantêm uma política de aquisição sistemática de acervo.[12]
As visitas monitoradas organizadas pelo Setor Educativo, além de oferecem uma visão didática sobre as exposições para o público leigo, incluindo escolares, abrem a oportunidade de se conhecer por dentro as atividades do museu, como o trabalho de organização, recuperação, preservação e pesquisa do acervo, o processo de aquisição e catalogação de itens, a sistemática da programação e montagem das exposições, e dão informação voltada para a conscientização patrimonial. Segundo a historiadora e professora Sherol dos Santos, "as ações propostas e executadas pelo Setor Educativo do MUHM levam em consideração a função do museu enquanto agente social, instituição que preserva e educa. [...] O MUHM busca salientar a importância da instituição museu na formação intelectual do indivíduo, de maneira que possibilite a este estabelecer correlações entre temas diversos e adquira capacidade crítica e reflexiva".[6]
Até 2020 foram realizadas 22 exposições,[3] algumas de longa duração. Podem ser destacadas Desafios: A Medicina e a Luta pela Vida (2008-2016),[1]30 anos de Aids no RS: a Medicina vencendo a batalha (2013),[13]Os Segredos da Anatomia: Um Olhar Atento Sobre a Base da Vida Humana (2015-2016),[1] e Gripe Espanhola: a marcha da epidemia (2018).[3] Em 2020 iniciou um projeto de digitalização da documentação histórica do acervo.[14]
Museológica, em 2020 contava com 4 mil itens catalogados,[3] incluindo instrumentos médicos, frascos de medicamentos, mobiliário, objetos pessoais de antigos profissionais da saúde, objetos usados no ensino da Medicina, esqueletos e outros, ilustrando o processo de constituição de disciplinas médicas no estado.[2]
Arquivística, formada por dois grupos documentais: o primeiro é constituído de 150 Fundos Pessoais Privados de médicos, práticos e memorialistas, que, de alguma forma, estão envolvidos com a história da Medicina gaúcha,[3] preservando em 2016 1.500 fotografias e 15.000 documentos. O segundo, Fundos Institucionais, são representados pelo Arquivo Permanente do SIMERS, arquivos da Beneficência Portuguesa, da Associação Médica de Alegrete e da Associação dos Médicos do Hospital Conceição.[2]
Bibliográfica, com cerca de 9 mil volumes em 2020, incluindo 525 obras raras. São livros técnicos, teóricos e didáticos, teses de graduação, catálogos, periódicos, receituários e ensaios.[3][2]
Ainda existem como seções especiais uma Fototeca e uma Audioteca, esta com uma série de depoimentos gravados em vídeo de importantes personalidades da área médica brasileira.[2]
↑Araujo, Grazielle. "Museu de História da Medicina comemora 10 anos". Assessoria de Comunicação do Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul, 14 de novembro de 2017