Blair Peach
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Nome completo
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Clement Blair Peach
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Nascimento
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25 de março de 1946 Napier, Nova Zelândia
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Ocupação
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Professor
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Clement Blair Peach (Napier, 25 de março de 1946 - 23 de abril de 1979) foi um professor nascido na Nova Zelândia que morreu durante uma demonstração anti-racismo em Southall, Middlesex, Inglaterra.[1] Activista e manifestante contra a extrema direita, em abril de 1979 Peach tomou parte de uma demonstração da Liga Anti-Nazi em Southall contra a reunião para a eleição da Frente Nacional na câmara municipal e foi espancado.
Morreu no dia seguinte no hospital de traumas na cabeça prolongados. Um inquérito devolveu um veredicto de morte por acidente em Maio de 1980. A namorada de Peach, Celia Stubbs, continuou a fazer campanha durante muitos anos por um inquérito público sobre a sua morte. O Serviço da Polícia Metropolitana chegou a um acordo fora do tribunal em 1989 com o irmão de Peach.[2] Os relatórios da Polícia Metropolitana sobre a morte de Blair Peach, identificando a responsabilidade provável de um dos seus próprios oficiais, foram colocadas publicamente a 27 de abril de 2010.[3]
Biografia
Peach nasceu na Nova Zelândia. Estudou na Universidade Victoria de Wellington e foi durante um tempo co-editor da revista literária Argot com os seus colegas de casa Dennis List e David Rutherford. Trabalhou como bombeiro e como servente num hospital na Nova Zelândia antes de se mudar para Londres em 1969. Tornou-se professor na Escola Phoenix em Bow, East London, uma escola para necessidades especiais, trabalhando lá desde 1969 até à sua morte 10 anos depois.[4] Na altura da sua morte era um membro activo da Associação Socialista de Professores na União Nacional de Professores, e um membro do Partido Socialista de Trabalhadores.[5]
O activismo e a morte
Peach era um membro activo da Associação de Professores de East London, um ramo da União Nacional de Professores, e tornou-se o seu presidente no último ano da sua vida.[4] Em 1974, foi acusado de comportamento ameaçador depois de desafiar uma recusa pública local de servir clientes negros, mas foi absolvido.[4]
Peach tornou-se um militante e activista contra a extrema direita e as organizações neonazistas. Ele frequentou uma manifestação dada pela Liga Anti-Nazi fora da câmara municipal em Southall na segunda-feira, 23 de abril de 1979, Dia de São George, juntado-se a 3,000 protestantes contra a reunião da Frente Nacional a ter lugar na câmara municipal, no seguimento da eleição geral de 1979. A demonstração contou com a presença de mais de 2,500 polícias, e tornou-se violenta; mais de 40 pessoas, incluindo 21 polícias, foram feridos e 300 presos.[6] Peach ficou inconsciente numa rua lateral, na junção entre a Avenida Beachcroft e a Avenida Orchard e morreu no dia seguinte no Hospital Ealing.[7] Outro manifestante, Clarence Baker, um cantor da banda de reggae Misty in Roots, permaneceu em coma durante 5 meses.[8]
Protestos consequentes e generalizados
Dias depois da morte de Peach, 10 000 marcharam pelo sítio onde ele desmaiou. O agora demolido Cinema Dominion, onde o corpo estava em repouso, foi visitado por 8 000 siques na véspera do funeral de Peach.[9] 10 000 pessoas foram ao seu funeral, que teve lugar 51 dias depois de 23 de abril.[9] A reacção pública à morte de Peach, e outras tensões raciais secretas incluindo o excessivo uso da Lei Sus pela polícia, acabou por levar ao motim de Brixton em 1981 e a um inquérito público por Lord Scarman.[10]
O Relatório Cass e inquérito judicial
Uma equipa de 30 detectives da Polícia Metropolitana, liderada pelo Comandante John Cass, conduziu uma investigação interna sobre a morte de Peach. O relatório do patologista indicou que o crânio fracturado de Peach não era resultado do uso de um cacetete, e sugeriu que Peach pode ter sido espancado por um baton de borracha ou por uma mangueira cheia de chumbos; armas não autorizadas.[9] A investigação de Cass à sede do Grupo de Patrulha Especial da Metropolitana (SPG) revelou uma grande quantidade de armas não autorizadas, incluindo vários cacetetes e facas ilegais, dois pés de cabra, um chicote, um barril de madeira de 90 centímetros, e um pau de chumbo e pele.[9] Um oficial foi descoberto a tentar livrar-se de um cacetete de metal; contudo, foi provado que não foi a arma que matou Peach.[9] Outro oficial foi descoberto como sendo um apoiante Nazi.[9] Também foi descoberto que um oficial presente nos motins, que estava totalmente rapado no dia 23 de Abril, decidiu deixar crescer uma barba, enquanto que outro tirou o seu bigode que ostentava no dia 23 de abril, no dia da morte de Peach.[11] Outro oficial recusou-se a participar num alinhamento de identificação,[11] e todos os uniformes dos oficiais da polícia tinham sido limpos a seco antes de serem inspeccionados.[11]
Conclusões confidenciais mostram culpa na polícia
Os relatórios de Cass foram libertados e foi reportado que ele tinha limitado os suspeitos a 6 oficiais da SPG, acreditando que um deles tinha matado Peach.[9] Foi dito pelos activistas que o investigador do homicídio, Doutor John Burton, ignorou relatórios que Peach foi morto por um oficial ainda antes do inquérito ter terminado.[12]
O desdém controverso do investigador com as provas que culpavam a polícia
O investigador decidiu recusar que detalhes do relatório de Cass fossem submetidos como provas.[13] Burton depois escreveu várias cartas ao Secretário de Estado, Lord Chancelor e Promotor Geral, atacando o que ele acreditava ser uma fabricação bem organizada a ser espalhada sobre a morte de Peach. As cartas acusavam as organizações da imprensa como a BBC de promover "propaganda corrupta".[12] Ele continuou a desprezar as declarações das testemunhas, dizendo que algumas estavam corrompidas porque estavam "totalmente politicamente comprometidas com o Partido Socialista dos Trabalhadores" e ignorou as suas provas como "fabricação". Ele também disse, referenciando algumas das testemunhas siques, que eles "não tinham experienciado o sistema inglês" para darem provas viáveis.[12] O comportamento de Burton foi descrito por um oficial do Ministério do Interior como "extremamente irado",[12] e resistiu a chamadas para o pedido de reunir um júri até que foi forçado pelo tribunal de recursos.[12] Burton estava preocupado que o inquérito fosse roubado pela "extrema esquerda".[12] O júri do inquérito devolveu um veredicto de morte por acidente a 27 de Maio de 1980, fazendo com que a namorada de Peach, Celia Stubbs, dissesse que o polícia que alegadamente administrou a pancada fatal tinha ficado "livre de castigo".[14] Onze testemunhas disseram ter visto membros da SPG a bater em Peach.[2]
O Serviço Civil esconde o comportamento prejudicial do investigador
Depois do inquérito Burton escreveu um grande artigo intitulado The Blair Peach Inquest - the Unpublished Story (O Inquérito de Blair Peach - a História Não Publicada) e tentou publicá-lo até que foi convencido pelos funcionários públicos que o relatório poderia "desacreditar a imparcialidade dos investigadores em geral e do Dr. Burton em particular".[12]
O relatório de Cass finalmente publicado 30 anos depois de ter sido escrito
Em junho de 2009, a Autoridade da Polícia Metropolitana decidiu publicar o inquérito interno original da polícia sobre a morte de Peach no fim do ano.[15][16] Em dezembro de 2009, o Serviço de Acusação da Coroa estava a rever o relatório interno e disse que ia avisar a polícia quanto à questão de saber se deviam ser tomadas medidas adicionais.[17]
Os relatórios sobre a morte de Blair Peach foram publicados no website da Polícia Metropolitana a 27 de Abril de 2010. A conclusão foi que Blair Peach foi morto por um oficial da polícia, mas que os outros oficiais da polícia da mesma unidade tinham recusado cooperar com o inquérito mentindo aos investigadores,[18] tornando impossível identificar o verdadeiro assassino.[19]
Oficial E
O relatório da Polícia Metropolitana disse que o polícia da SPG, identificado como Oficial E, foi "quase de certeza" o que matou Peach.[20] Alan Murray, na altura um inspector encarregue da Unidade Um da SPG e agora um professor académico em Responsabilidade de Contas e Empresas na Universidade de Sheffield,[21] admitiu que acreditava ser ele o Oficial E, mas negou ter morto Peach.[22] Murray foi descrito no relatório como "jovem e poderoso", mentiu aos investigadores, e recusou-se a participar nos alinhamentos de identificação.[20]
Memoriais
Uma escola primária em Southall foi mais tarde chamada de Blair Peach.[23]
"Reggae Fi Peach", uma música no álbum de Linton Kwesi Johnson, Bass Culture, retrata a morte de Blair Peach na forma de poesia.[24][25] Os The Ruts comemoraram a sua morte na música "Jah War".[25] O álbum dos 2 Tone The 2 Tone Story é dedicada em sua memória.[25] Hazel O'Connor escreveu "Calls the Tune" em sua memória.[25]
A letra da música de 1980 dos The Pop Group, Justice (do seu álbum For How Much Longer Do We Tolerate Mass Murder?), pergunta "Quem matou Blair Peach?".[26]
Ralph McTell escreveu a música Water of Dreams em 1982.
Chris Searle editou One for Blair em 1989.
O Prémio Blair Peach foi organizado pela União Nacional de Professores em 2010 para comemorar o antigo membro da União e como reconhecimento pelo trabalho exemplar dos actuais membros nas escolas e ramos da União pelas questões de igualdade e diversidade
Referências
- ↑ Stubbs, Celia (30 April 2010).
- ↑ a b Blair Peach inquiry ruled out, BBC News, 13 April 1999.
- ↑ Investigation into the death of Blair Peach Metropolitan Police Service, 27 April 2010
- ↑ a b c Remembering Blair Peach: 30 years on Arquivado em 29 de abril de 2010, no Wayback Machine., Chris Searle, Institute of Race Relations. 23 April 2009
- ↑ "The death of Blair Peach: Remembering a day of infamy".
- ↑ Blair Peach: A 30-year campaign, BBC News, 25 June 2009
- ↑ 1979: Teacher dies in Southall race riots BBC On This Day, 23 April.
- ↑ Blair Peach: Killed By Police, Socialist Worker, 21 April 2009
- ↑ a b c d e f g Paul Lewis (13 June 2009).
- ↑ Southall Rising, BBC London.
- ↑ a b c Celia Stubbs (14 June 2009).
- ↑ a b c d e f g Paul Lewis (22 January 2010).
- ↑ "Blair Peach: A 30-year campaign".
- ↑ 1980: Peach death was 'misadventure', BBC On This Day, 27 May.
- ↑ «Minutes of MPA meeting 25 June 2009». Consultado em 23 de agosto de 2016. Arquivado do original em 27 de setembro de 2011
- ↑ Blair Peach death secrecy review, BBC News, 25 June 2009.
- ↑ "CPS to review 1979 protest death".
- ↑ Blair Peach: After 31 years Met police say 'sorry' for their role in his killing 27 April 2010
- ↑ Blair Peach killed by police at 1979 protest, Met report finds 27 April 2010
- ↑ a b Martin Evans (28 April 2010).
- ↑ "Police publish report into death of Blair Peach in 1979".
- ↑ "Blair Peach 'prime suspect' speaks out".
- ↑ Blair Peach Primary School
- ↑ Billboard
- ↑ a b c d Reggae for Blair Peach by Socialist Aoterearoa Organisation blog
- ↑ «Pop Group Lyrics». Wedig Dixon
Bibliografia
- Investigation into the death of Blair Peach, Metropolitan Police Service, 27 de Abril de 2010.
- Death of Blair Peach: The truth at last, The Guardian, 28 de Abril de 2010.
- The 30-year fight to release report into Blair Peach death, The Guardian, 27 de Abril de 2010.
- Celia Stubbs: Lessons from the death of Blair Peach, The Guardian, 14 de Junho de 2009.
- Alison Roberts: I thought 'Oh my God, it’s like Blair Peach over again', Evening Standard, 15 de Abril de 2009.
- David Renton: The Killing of Blair Peach, London Review of Books, 22 de Maio de 2014.
- Blair Peach: Socialist and Anti-Racist de Nick Grant e Brian Richardson (London: Socialist Workers’ Party, 2014).
Ligações externas