Segundo verbete da Fundação Getúlio Vargas: “A milícia se organizava subdividindo-se em “comando” e “tropas”, o primeiro como órgão de direção e o segundo de execução. A direção suprema da milícia pertencia ao chefe nacional, enquanto chefe das “forças integralistas de terra, mar e ar”, contando com a colaboração da secretaria nacional responsável pela milícia integralista e pela tropa de proteção, bem como do chefe do estado-maior, com a responsabilidade pela “preparação e execução das decisões do alto comando”. Esta mesma estrutura se reproduzia em nível regional com suas ramificações locais”. [2]
As Milícias Integralistas estiveram presentes em todo território nacional. Em dezembro de 1933, pouco mais de 01 ano de criação da Ação Integralista Brasileira (AIB), já é possível encontrar referência no jornal Monitor Integralista, que indicava em suas páginas, sobre a Milícia Integralista no Distrito Federal, já contava com “1.800 camisas-verdes, operários, estudantes, funcionários públicos, médicos, engenheiros, advogados, pequenos industriais e empregados no comércio” [3]
Em junho de 1934, com a aprovação pelo Ministério da Guerra do uniforme integralista (camisa verde, gravata preta, calça preta ou branca, casquete verde e sapatos, e o emblema do movimento — o sigma — colocado sobre o braço direito e no casquete) começaram os desfiles regionais e os primeiros conflitos. Já em maio de 1934, desfilavam quatro mil integralistas no Rio de Janeiro, mas em julho também marcharam os milicianos uniformizados de Niterói, Salvador, Recife e Belo Horizonte.[4]
No I congresso integralista de Vitória que ocorrera oficialmente dia 1 de março de 1934 no teatro Carlos Gomes[5] foi estabelecido, através dos estatutos, os orgãos de base da organização política, entre eles, a milícia que estava sendo formada.
Todo integralista com a idade de 16 a 42 anos era obrigado a inscrever-se nas forças integralistas (milícia), optando pela categoria em que desejava engajar-se. A tropa organizava-se em categorias: o militante de primeira e segunda linhas. A hierarquia da milícia distinguia três escalões: os graduados, os oficiais e os oficiais-generais. A estrutura da milícia previa as seguintes unidades: decúria, terço, bandeira e legião, esta constituída por quatro bandeiras. A função da milícia não era apenas preparar os integralistas para os desfiles e a cultura física, mas desenvolver um verdadeiro treinamento militar, desde a instrução “técnica, tática e moral” até a elaboração de planos de combate. As cinco armas militares constituíam a “tropa” integralista: infantaria, cavalaria, engenharia, artilharia e aviação. O integralista que se inscrevesse como “militante de primeira linha” deveria fazer instrução de miliciano durante 60 dias e depois integrar-se numa decúria (unidade com dez militantes). Após ter preenchido uma ficha, onde ficavam registradas todas as aptidões do militante, o candidato prestava o seguinte juramento diante do comandante da milícia: “Assentando praça na milícia integralista, em nome de Deus e pela minha honra eu juro: primeiro, absoluta disciplina aos meus chefes e perfeita solidariedade aos meus camaradas; segundo, dar a minha vida, se necessário, pela causa da revolução integralista; terceiro, amar, respeitar e fazer respeitar o chefe nacional.[6]
A milícia da AIB buscava inspiração no antigo exército de Roma, o que é visível principalmente no nome da unidade "legião" e possuía as seguintes unidades: Elemento, decúria, terço, bandeira e legião.
Elemento: Compreende quatro homens e é comandado por um sub-decurião.
Total: 5 milicianos
Decúria: Compreende dois elementos; comandada por um decurião.
Total: 11 milicianos
Terço: Compreende três decúrias; é comandada por um monitor e assistido por um sub-monitor.
Total: 35 milicianos
Bandeira: Compreende três terços; é comandada por um bandeirante, o qual é assistido por dois monitores e a guarda de uma decúria. Conduz uma bandeira Integralista, com uma guarda de 8 milicianos.
Total: 128 milicianos
Legião: Compreende quatro bandeiras. É comandada por um mestre de campo, assistido por 2 bandeirantes, 3 monitores e a guarda de um terço. Conduz a bandeira nacional, com uma guarda de 8 milicianos.
Total: 562 milicianos
A ação integralista brasileira comportava pessoas de todas as idades, os chamados "plinianos" formavam a juventude da AIB. Dentro da juventude integralista, a qual fazia parte da administração da milícia, os jovens passavam por quatro grupos:
dos 4 aos 6 anos inscreviam-se nos "infantes"
dos 6 aos 9 anos inscreviam-se nos "curupiras"
dos 10 aos 12 anos inscreviam-se nos "vanguardeiros"
dos 13 aos 15 anos inscreviam-se nos "pioneiros"
Os plinianos deviam usar uniforme: camisa verde, calça branca ou azul, sapatos pretos, casquete negro ou chapéu de escoteiro.
Intentona Comunista de 1935
No dia 23 de novembro de 1935, a mando do Komintern, começa a chamada Intentona Comunista que desejava tomar o poder político a força. Nessa ocasião a milícia da AIB participou ativamente no contra-golpe:
se apresentaram nos quartéis, deram informações que anteciparam a organização de várias guarnições militares, participaram de bloqueios e ajudaram em patrulhas; frustrando, como foi posteriormente admitido por Luiz Carlos Prestes, a intentona no Brasil.
[7][8]
Juramentos da milícia
Os infantes recebidos como escoteiros e os curupiras iniciavam prestando o seguinte juramento:
Juramento do curupira:
“Prometo ser soldadinho de Deus, da pátria e da família; prometo ser obediente a meus pais, ser amigo de meus irmãos, colegas e companheiros; prometo ser aplicado para tornar-me útil a Deus, à pátria e à família.”[9]
Quando o jovem vanguardeiro completava seus dez anos de idade deveria prestar juramento à bandeira nacional:
Juramento do vanguardeiro à bandeira:
“Bandeira de minha pátria! Prometo servir ao Brasil — na hora da alegria e na hora do sofrimento no dia da glória e no dia do sacrifício.”[9]
Juramento do praça miliciano da AIB:
“Assentando praça na Milícia Integralista, em nome de Deus e pela minha honra eu juro: primeiro, absoluta disciplina aos meus chefes e perfeita solidariedade aos meus camaradas; segundo, dar a minha vida, se necessário, pela causa da Revolução Integralista; terceiro, amar, respeitar e fazer respeitar o Chefe Nacional.”[10]
Referências
↑Trindade, Hélgio (1979). Integralismo: o fascismo brasileiro na década de 30. São Paulo/Rio de Janeiro: Difel. pp. 178 – 188
↑Monitor Integralista, primeira quinzena de dezembro de 1933, n.1, p.1)
↑desconhecido, desconhecido (12 de abril de 2020). «Inventário - Plinio Salgado». Arquivo Público Histórico Rio Claro. Consultado em 10 de abril de 2020