Miguel Ângelo Ruiz (Santos, 31 de maio de 1909 — Bauru, 29 de março de 1981) foi um compositor e maestro brasileiro.
Biografia
Miguel Ângelo Ruiz nasceu em 31 de maio de 1909 na cidade de Santos, Estado de São Paulo, filho de Miguel Ruiz e de Jesus Cortijo Ruiz. Em julho daquele mesmo ano, sua família mudou-se para Bauru. Sua mãe, Jesus Cortijo Ruiz, musicista e pianista, foi a primeira professora de piano de Bauru.[1]
Desde jovem, revelou dotes excepcionais de sensibilidade artística e começou a se interessar por estudos de diversas crenças religiosas, de onde tirava suas conclusões em trabalhos escritos com inspiração poética que refletiam sua busca por um mundo mais humano[1]. Porém, foi na música e para a música, erudita e popular, que seu excepcional talento de composição se revelou.
Em 1931 fez parte da 1ª Orquestra Sinfônica de Bauru, organizada pelo maestro Guilherme Barbieri.
Em 1941, suas composições de peças infantis incluídas no “Álbum de Músicas para Piano”[1] foram dadas a público pela primeira vez.
Em 1942, formou-se no Curso de Piano do Conservatório Dramático e Musical de Bauru[1]. Nesse mesmo ano, participou da
criação do “Grupo dos Seis”[1] integrado pelos maiores nomes da música bauruense da época, entre eles Efisio Aneda e Nida Marchioni.
Foi casado com a srª Zuleika Dias Ruiz e teve 6 filhos[1]. Trabalhou a maior parte de sua vida, a partir de 1945, no Departamento de Correios e Telégrafos, mas sempre continuando seu trabalho de composição e ministrando aulas particulares de música.
Sua vida como instrumentista foi mostrada em solos e em grupos musicais, em milhares de apresentações públicas. Tinha uma característica peculiar que era a de presentear amigos e pessoas conhecidas com lindas composições para piano solo e canto. Com o violinista Ariovaldo Campos e o violonista Álvaro Arco Verde, formou um trio que encantou Bauru por décadas. Fundou e participou de vários conjuntos musicais em Bauru como o Jazz Band, Orquestra Marajoara, Ritmos Modernos e Enamorados de Euterpe. Fundou também o Orfeão Infanto-Juvenil da Casa da Criança de Bauru e participou do grupo folclórico da Associação Luso Brasileira.
Em 1958 aposentou-se e passou a se dedicar inteiramente à música. Em 1975 iniciou sua participação como arranjador e instrumentista do Coral Arte Viva de Bauru[1], regido pela maestrina Sonia Berriel. Com esse grupo vocal, se apresentou em cerca de 150 apresentações públicas em Bauru, no Estado de São Paulo e em diversos Estados da Federação.
Recebeu em vida incontáveis homenagens[2], títulos honorários[3] e medalhas por suas composições musicais e pelos inúmeros hinos com os quais credenciou entidades, escolas e clubes de serviço de Bauru. O hino “Avante Noroeste”[4], sua composição para o Esporte Clube Noroeste, time de futebol da cidade de Bauru, é tocado e cantado até hoje no início das partidas nas quais o time participa.
Em 1980 recebeu o título de “Cidadão Bauruense” outorgado pela egrégia Câmara Municipal de Bauru em reconhecimento ao seu extraordinário trabalho musical.
Sua obra musical inclui grande número de peças eruditas[5][6]: sonatas, peças para piano e canto, música de câmara, prelúdios. Para orquestra sinfônica escreveu a Suite Mongaguá composta em 3 partes: “Amanhecer na Serra”, “O Vento e o Mar” e “Batuque”. O “Batuque” foi estreado pela Orquestra Sinfônica de Campinas[6] em dezembro de 1981, sob a regência de Benito Juarez, poucos meses após a sua morte.
Sua obra de música popular[7] é vasta e nela se incluem valsas, canções, composições musicais com textos de poetas brasileiros, arranjos para coral.
Como se percebe, a vida do maestro Miguel Ângelo Ruiz foi de uma fruição intensamente vivida, como compositor e pianista. Suas composições com temáticas belas são uma exaltação das faculdades mais nobres do seu espírito e viverão eternamente na memória dos que conheceram seu trabalho de criação musical.
Faleceu em 29 de março de 1981[1], vítima de um enfarte fulminante.
Entre os familiares, é contada a história de que o maestro havia nascido num navio , nas redondezas de Mendoza, onde seus pais haviam fugido do governo de Franco. Assim, depois de desembarcarem na Argentina, foram direto para Santos, depois direto há Bauru.
↑ abcdeCavini, Maristella Pinheiro e Leandro Moraes Gonçalves dos Santos (2015). Miguel Ângelo Ruiz: catalogação da sua obra. Bauru, SP: Universidade do Sagrado Coração / FAPESP. 85 páginas
↑ abCosta, Mariana Fraga; et al. (2014). Apontamentos para a História da Música Erudita em Bauru. Bauru, SP: Mimesis. pp. 239–240 !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)
↑Pereira, Bruno Henrique (2013). Miguel Ângelo Ruiz: perfil biográfico e obra. Bauru, SP: Universidade do Sagrado Coração. 54 páginas
Bibliografia
Cavini, Maristella Pinheiro e Leandro Moraes Gonçalves dos Santos (2015). Miguel Ângelo Ruiz: catalogação de sua obra. Bauru, SP: Universidade do Sagrado Coração / FAPESP. 85 páginas
Costa, Mariana Fraga et al. (2014). Apontamentos para a História da Música Erudita em Bauru. Bauru, SP: Mimesis. pp. 239-240
Pereira, Bruno Henrique (2013). Miguel Ângelo Ruiz: perfil biográfico e obra. Bauru, SP: Universidade do Sagrado Coração. 54 páginas
Ruiz, Maria Zuleika (2000). Miguel Ângelo Ruiz: vida e obra musical. Bauru, SP: Joarte Gráfica e Editora. 152 páginas