O Mercado Municipal da Avenida, também conhecido por Mercado Municipal ou Mercado da Avenida, é um edifício localizado no centro de Lagos, em Portugal.
Descrição
O edifício divide-se em três pisos, sendo o térreo ocupado por bancas de peixe e marisco, talhos e um espaço de venda de gelo, enquanto que no primeiro andar foram criados espaços para um café e seis lojas, que comercializam vários produtos, especialmente frutas e os legumes. No terceiro andar situa-se um restaurante e um terraço com vista para a baía de Lagos, e um acesso pedonal para o Centro Ciência Viva de Lagos, instalado nas traseiras do Mercado Municipal. A comunicação entre os três pisos é feita através de uma escadaria e de um elevador panorâmico.[1]
A parede Sul do edifício encontra-se revestida por painéis de azulejos, da autoria do artista plástico Xana.[2]
História
Antecedentes e construção
De acordo com o historiador Manuel João Paulo Rocha, em 1850 a autarquia ordenou a construção de um mercado do peixe na Rua da Porta de Portugal, na sequência de vários esforços por parte dos pescadores em ter um açougue próprio.[3] Em 1904 foi erigido na mesma rua um novo edifício para a venda do peixe, situado junto ao antigo edifício dos Paços do Concelho.[4] enquanto que o antigo passou a ser destinado provisoriamente à venda de frutas e hortaliças.[3]
Em 1915 iniciou-se a discussão de construir diversos equipamentos cívicos em Lagos, incluindo um novo mercado para a fruta.[5] O local escolhido foi um edifício onde tinha existido a Fábrica da Porta de Portugal, situado na rua do mesmo nome, e que era já propriedade municipal,[5] tendo sido destruído por completo num incêndio em 1915.[6] Em Agosto de 1923 a autarquia expropriou um quintal ao lado do imóvel, e nos princípios de 1924 a Comissão Executiva aprovou várias bases para o novo edifício do mercado, tendo o director técnico sido Jaime José Palhinha.[5] Nos finais desse ano foi aprovado o regulamento,[5] e em 25 de Dezembro o jornal Folha de Annuncios publicou um aviso da Comissão Executiva sobre o concurso para o arrendamento do oito estabelecimentos no interior do mercado.[7]
Inauguração
O mercado entrou ao serviço em 1925, tendo a inauguração sido referida numa acta da comissão executiva de 15 de Janeiro.[5] Inicialmente, este edifício servia apenas para a venda de frutas e legumes, motivo pelo qual se denominava de Mercado Central de Fructas ou Praça da Fruta.[4] Com a instalação do novo imóvel, foi demolido o antigo edifício do século XIX, enquanto que o mercado do peixe continuou em funcionamento.[5] Nos finais da década de 1950, decidiu-se que o piso térreo seria dedicado apenas à comercialização de pescado, de forma a se poder demolir o mercado do peixe,[4] para a instalação da Avenida dos Descobrimentos.[5] Este foi demolido em 1958, ano em que o Mercado Municipal passou a comercializar também peixe.[5]
Renovação
O edifício sofreu obras de remodelação entre 2002 e 2004,[8] tendo sido entretanto utilizada uma estrutura temporária construída para esse efeito em 2001.[9] Este programa de renovação implicou um investimento de aproximadamente 3 milhões de euros, e teve como finalidade melhorar a estética e a funcionalidade do edifício, de forma a torná-lo num espaço de convívio, sem perder os seus traços originais.[1] Por outro lado, foram resolvidos vários problemas de segurança, higiene e de qualidade, e a estrutura do edifício, que se encontrava já muito envelhecida, foi renovada.[10] Com efeito, do edifício original apenas restou a fachada principal, que foi preservada, tendo o interior sido totalmente reconstruído.[11] Porém, as obras de renovação foram contestadas pelos comerciantes, que apontaram, entre outras falhas, uma redução nas dimensões dos expositores e problemas no estacionamento.[10] Em resposta a estas críticas, o então presidente da Câmara Municipal de Lagos, Júlio Barroso, anunciou que se iriam melhorar as facilidades de estacionamento no local.[10]
Em 27 de Outubro de 2004, a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen foi homenageada com uma inscrição no interior do Mercado Municipal, do seu texto O Caminho da Manhã.[12] Em 2006, o edifício do Mercado Municipal foi um dos dezoito candidatos ao Prémio Nacional de Arquitectura Alexandre Herculano.[1] No mesmo ano, foi realizada na escadaria do Mercado uma exposição de Maias, bonecas de trapo típicas da Festa das Maias.[13]
↑ abcdefghJESUS, Artur de; CASTELO, Francisco (Maio de 2024). «Os cem anos do Mercado da Avenida». Revista Municipal de Lagos (15). Lagos: Câmara Municipal de Lagos. p. 7-8. Consultado em 15 de Novembro de 2024
↑«Ao Toque da Sirene». 5 Sentidos. Agosto de 2010. p. 28-29
↑«Anuncio». Folha de Annuncios. Ano 18 (898). Lagos. 25 de Dezembro de 1924. p. 1. Consultado em 15 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal do Algarve