Marina Delamare São Paulo de Vasconcelos (Rio de Janeiro, 25 de março de 1912[1] — Rio de Janeiro, 12 de fevereiro de 1973) foi uma museóloga, antropóloga, socióloga e professora de letras brasileira.
Vida pessoal
Nascida no Rio de Janeiro, filha de Aleixo de Vasconcelos e Dinorah Delamare São Paulo, sua mãe faleceu no parto do segundo filho, que também não sobreviveu. Seu pai, Aleixo, médico e pesquisador em Manguinhos, da equipe de Oswaldo Cruz, deixou a filha Marina aos cuidados dos avós, Aureliano Nóbrega de Vasconcelos e Francisca Vasconcelos. Ele casou-se novamente com Lina Pianucci Martinelli, com quem teve mais dois filhos.[2]
Marina estou no Colégio Jacobina e aos vinte anos ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil.[2]. Ainda na faculdade, casou-se com um colega, Antônio Andrade Pacheco, mas ele morreu ainda no primeiro ano de matrimônio. Em 1945, casaria-se novamente com Isacir Telles Ribeiro, capitão do Exército, de quem se separaria no início dos anos 1950[2]
Já formada em Direito, voltou à universidade, em 1936, para cursar História em uma das primeiras turmas da Universidade do Distrito Federal (UDF), extinta pelo Estado Novo, que transferiu professores e alunos para a recém-fundada Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil. Em 1938, ingressa no Curso de Museus do Museu Histórico Nacional (atual Escola de Museologia da UNIRIO), diplomando-se em 1939, ano em que atuou como professora assistente da Cadeira de Arqueologia do mesmo curso, orientada pelo Professor João Angyone Costa. Inspirada pelo trabalho de Arthur Ramos, o catedrático de Antropologia e Etnografia da FNFi, assumiu seu lugar com a morte precoce do mesmo em 1949, devido a um infarto.[3]
No ano seguinte, Marina prestava concurso para livre-docente da cadeira e se tornava a primeira mulher a integrar o corpo docente do curso de Ciências Sociais da FNFi, além de ser única mulher a ocupar no curso uma cátedra. Trabalhou para a expansão e consolidação da ciência antropológica e para a formação de profissionais na área.[2]
Marina foi uma das primeiras alunas inscritas no Curso de Aperfeiçoamento de Antropologia e Etnografia, no ano de 1940.[3] Exerceu o cargo de vice-reitora da antiga Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ditadura militar
Com a reforma universitária que ocorreu em 1967, já sob o regime de exceção, a Faculdade Nacional de Filosofia foi desmembrada em faculdades, escolas e institutos, criando-se ainda os departamentos dentro delas, ao mesmo tempo em que a cátedra e o sistema seriado de ensino eram extintos nas instituições do país. Assim, Marina se tornou a chefe de departamento de Ciências Sociais e uma das protagonistas nas criação do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, que abrigava os cursos de Ciências Sociais, História e Filosofia da recém-criada Universidade Federal do Rio de Janeiro.[2]
Depois de assumir a direção do instituto, acabou atraindo a hostilidade dos setores de repressão do regime, fazendo-a se sobressair como guardiã da autonomia universitária nos anos de chumbo.[2] Sofreu diversas ameaças de morte, de bombas, de invasões, enquanto tentava manter o ambiente universitário um espaço livre para a promoção do conhecimento, da liberdade e da autonomia. Seus posicionamentos, defendendo alunos e professores e diversas tribulações com o governo a fizeram sair da direção do instituto em 1969.
Cassada de seu cargo em abril de 1969, foi presa em junho de 1969, com a vinda da missão Rockefeller ao Brasil, mesmo sem estar relacionada aos movimentos de repressão da época.[1][4] Ficou desaparecida por seis dias até ser localizada pelos próprios alunos, um deles sendo filho de um general. Sua saúde declinou daí em diante.
Morte
Proibida de voltar à universidade, Marina morreu em 1973, vítima de um erro de anestesia, em uma cirurgia para corrigir um aneurisma cerebral em 12 de fevereiro de 1973.
Referências
Notas