Maria de Waltham (em inglês: Mary; Waltham, 10 de outubro de 1344 – antes de setembro de 1361)[1] foi uma princesa inglesa por nascimento. Ela foi duquesa consorte da Bretanha como a primeira esposa de João V.
Quando a princesa nasceu em 1344, no Palácio do Bispo de Waltham, no condado de Hampshire, o seu futuro marido, João, já estava morando com os seus irmãos e irmãs no berçário real.[2] Isso foi resultado das jogadas do rei Eduardo III, para criar alianças que apoiassem a sua reivindicação ao trono francês,[3] a qual era baseada na sua ascendência materna. O futuro duque da Bretanha era bisneto paterno de Beatriz de Inglaterra, filha do rei Henrique III, o trisavó paterno de Maria, portanto, os dois eram primos distantes.
Em 1337, o rei Filipe VI de França tinha feito uma tentativa de tomar o Ducado da Guiena (também chamado de Aquitânia) do rei inglês – um evento que, tradicionalmente, marca o início da Guerra dos Cem Anos[4] – o que resultou no uso de força militar, diplomacia e laços matrimoniais por parte de Eduardo, com o propósito de fortalecer a sua reivindicação ao trono francês. Na Guerra da Sucessão Bretã, Eduardo apoiou João de Montfort, pois uma aliança anglo-bretã lhe daria acesso ao porto de Brest, para ser usado por suas tropas inglesas.[5] Quando João foi capturado, a sua esposa, Joana de Flandres, passou a liderar a campanha militar, e durante o cerco de Rennes, recebeu o apoio de Eduardo. Em troca, ela prometeu casar o filho, João, com uma das filhas do rei.
Após romper o cerco, Joana visitou a Inglaterra em 1342, e deixou o filho com o monarca, para sua própria segurança. Ele recebeu seus próprios apartamentos no berçário, e a sua mãe retornou a França.[2] Mais tarde, a duquesa da Bretanha adoeceu tanto que a rainha Filipa, passou a cuidar do futuro genro. Com a morte de João de Montfort, em 1345, Eduardo tornou-se o guardião de seu filho.[6] Devido ao fato de que Maria tinha sido considerada noiva de João desde o seu nascimento, ela, aos 4 anos de idade, tornou-se duquesa titular da Bretanha.
Maria e João passaram a infância juntos em vários palácios reais: na Torre de Londres, em Kings Langley Palace, nos Palácio de Eltham, Woodstock, Sunning, Clarendon, entre outros.[2] Maria também foi criada na residência de Sir Guilherme de St. Omer, Senhor de Brundale, e de sua esposa, Isabel. [7]
Há apenas um registro da saída de Maria da corte: quando ela foi visitar o irmão, João de Gante e sua primeira esposa, Branca de Lencastre, que havia acabado de dar a luz seu primeiro filho. No entanto, a visita foi interrompida pela morte do tio, Henrique de Grosmont, 1.º Duque de Lencastre, de peste negra, em 25 de março de 1361. Maria e a irmão mais nova, Margarida, não podiam visitar com frequência os parentes, e também recebiam uma quantia menor de mesada (20 marcos por ano), diferentemente de seus irmãos mais velhos.[2]
Maria e João se casaram no dia 3 de julho de 1361, no Palácio de Woodstock; ela tinha 16 anos, e ele tinha 21. Nenhum dos registros sobre a cerimônia sobreviveram, apenas os relatos que o vestido de noiva foi feito pelo alfaite John Avery, como presente do rei. Era composto por uma túnica e manto produzidos de dois tipos de tecidos de ouro: Racamatiz of Lucca e baldekyn d'outreme. Já o manto deve ter tido um tamanho longo incomum, pois, sete pedaços de tecido foram necessários para a sua fabricação; era forrado com 600 minivers (um tipo de pelo branco com beiradas de cor cinza) aparadas, um presente do rei da França, e 40 arminhos.[8][7]
Apesar do casamento, o casal continuou a morar na corte inglesa. No entanto, estavam sendo feitos preparativos para quando o casal deixasse o país e fossem morar na Bretanha, como o duque a duquesa da Bretanha, quando Maria, dali a poucos meses, desenvolveu uma doença considerada "letárgica."[2] Ela faleceu em alguma data antes de setembro de 1361, ainda na Inglaterra, e a sua irmã, Margarida, Condessa de Pembroke, também faleceu pouco tempo depois. Ambas foram enterradas na Abadia de Abingdon, em Oxfordshire. A mãe delas encomendou uma tumba, e o pai ordenou que janelas fossem erigidas em homenagem às princesas no Priorado de King's Langley.[9] O duque se referia à ela como sua "minha mais querida companheira falecida."[2] Eles não tiveram filhos juntos, e João V se casou com Joana Holland em seguida.
↑ abcdefEverett Green, Mary Anne (1857). Lives of the Princesses of England, from the Norman Conquest, Volume 3. [S.l.: s.n.] p. 264 a 294|acessodata= requer |url= (ajuda)
↑Keen, Maurice (17 de Fevereiro de 2011). «The Hundred Years War». bbc.co.uk (via Web Archive). Consultado em 24 de Setembro de 2024
↑«Hundred Years' War». britannica.com (via Web Archive). Consultado em 24 de Setembro de 2024
↑Prestwich, Michael. Liberties and Identities in the Medieval British Isles: Volume 10 of Regions and regionalism in history. [S.l.]: Boydell Press. p. 101