Maria João Gaudêncio Simões George (conhecida profissionalmente por Maria João George) nasceu em Lisboa,[1] a 14 de outubro de 1948. Filha do arquiteto João Simões (1908-1995) e de Josefina Justiniano Gaudêncio Simões, era neta, pelo lado materno, do construtor Amadeu Gaudêncio (1890-1980).[2][3]
Como arquitecta, trabalhou principalmente em questões relacionadas com gestão urbana municipal,[5] tendo-se afirmado como uma especialista nas áreas do habitat e desenvolvimento local.[1] Colaborou em várias autarquias na região do Alentejo,[5]
Trabalhou no Centro de Estudos de Planeamento do então Ministério do Plano, na segunda metade dos anos 70.[2] Trabalhou na área da habitação, na Guiné-Bissau e no Zimbabwe, durante cerca de uma década,[5] de 1980 e 1991, onde se dedicou a orientar arquitetura sustentável, tanto do ponto de vista construtivo e material, como social e cultural. De regresso a Portugal, na Câmara Municipal de Beja, dedicou-se à reconversão de construção clandestina, a planos urbanísticos de iniciativa municipal e à gestão urbana. Trabalhou na reabilitação do núcleo histórico da Cidade de Beja. Também foi dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local.[5] Trabalhou na recuperação da Casa do Governador, na Rua do Touro, no interior do Castelo de Beja, em 1992, casa onde desde 2019 se encontra instalado o Museu Jorge Vieira - Casa das Artes.[2][4] Também trabalhou no Barreiro, na área da gestão urbana e desenvolvimento.[1]
Entre 1994 a 2003, foi responsável pelo planeamento e coordenação das intervenções da EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, na nova Aldeia da Luz.[5] Foi a arquiteta responsável pelo Gabinete de Reinstalação da Aldeia da Luz - envolvendo a reconstrução de uma nova Aldeia da Luz, localizada a dois quilómetros da aldeia original, no Alentejo, Portugal, devido à submersão desta pela água da Barragem do Alqueva, em 2003, sendo um projeto de grande complexidade técnica e sociocultural, que se prolongou de 1995 até 2003.[6] Também esteve à frente da recuperação do Monte e da Herdade da Coitadinha,, projecto de compensação ambiental promovido pela EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva conjunto histórico (Castelo fronteiriço de Noudar), ambiental (Herdade com mais de 1.000 ha) e etnográfico (o "Monte" e todas as estruturas afins).[3]
A sua última intervenção foi a recuperação do Monte e da Herdade da Coitadinha, projecto de compensação ambiental no Alentejo fronteiriço. Seria no dia inauguração destas obras, em que esteve presente, que veio a falecer.[7]
Falecimento
Maria João Gaudêncio George faleceu em 21 de Março de 2006, num acidente de viação, que também vitimou a sua filha, Catarina George.[5] O veículo em que seguiam colidiu frontalmente com um autocarro no IP8, nas imediações da aldeia de Santa Margarida do Sado, no concelho de Ferreira do Alentejo.[5] No acidente também ficaram feridos o motorista do autocarro e uma passageira.[1]
Era mãe de três filhos, Gonçalo, Catarina e Alexandre, quando morreu aos 57 anos de idade. Era casada (1970) com Francisco George (1947-), médico e especialista em Saúde Pública.[8] Foi sepultada no Cemitério dos Inglesinhos, em Lisboa.[5]
Prémios e homenagens
Foi homenageada com o prémio Espiga de Ouro'93, pelo seu trabalho de recuperação de um edifício de Beja, onde foi instalada a Casa das Artes Jorge Vieira.[1]
↑ abcFreitas, Marília Viterbo de (2013) "Maria João Gaudêncio Simões George" in Esteves, João & Castro, Zília Osório de (2013) FEMINAE: Dicionário Contemporâneo” Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. PP. 648 e 649.
↑ abEsteves, João & Castro, Zília Osório de (2013) FEMINAE: Dicionário Contemporâneo.” Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. PP. 648 e 649.