Marantaceae é uma família de Monocotiledôneas pertencente à ordem Zingiberales, sendo descrita pela primeira vez por Petersen em 1890. No entanto, o nome da família é uma homenagem ao botânico Bartolomeu Maranta. As plantas dessa família são populares como plantas ornamentais devido às suas folhas atraentes e coloridas, com padrões variados. Além de seu valor estético e ornamental, algumas espécies da Família Marantaceae são utilizadas na medicina popular e na fabricação de artesanatos.
Elas compõem uma das maiores famílias de plantas tropicais, sendo caracterizadas por espécies herbáceas, geralmente perenes, e crescem, predominantemente, em regiões tropicais e subtropicais da América, África e Ásia. No Brasil, essas plantas são comumente encontradas, estando praticamente em todos os estados do país. Sua maior concentração ocorre na região Norte e nas áreas litorâneas da região Sudeste.
Essa família pertence à Ordem Zingiberales, do grande grupo das Monocotiledôneas. Ela possui 29 gêneros e por volta de 627 espécies. Desses gêneros,14 ocorrem nas Américas, com um destaque especial para Calathea, o qual possui aproximadamente 300 espécies. No Brasil são tidos 13 gêneros e por volta de 213 espécies.
As plantas da Família Marantaceae são ervas perenes caracterizadas por um rizoma com ramificação simpodial, podendo apresentar pequenos tubérculos nas extremidades. Podem ou não ter caules aéreos, sendo que os ramos aéreos possuem crescimento simpodial, com ramificações e decumbência, ou monopodial, com intrenós basais alongados.
As folhas são dísticas, grandes, assimétricas e com venação pinada, sendo que as veias laterais são paralelas; normalmente apresentam pecíolos e um espessamento chamado pulvina na junção entre o pecíolo e a lâmina foliar. Apresentam inflorescências terminais ou axilares, espigadas ou paniculadas, simples ou organizadas em sinflorescências; inflorescências com brácteas parciais persistentes ou decíduas.
As flores são bissexuadas, heteroclamídeas, trímeras e assimétricas; possuem apenas um estame, sendo que os demais foram modificados em estruturas petalóides chamadas estaminódios, as quais encontram-se distribuídas em dois verticilos: um ou dois estaminódios no verticilo externo, e dois no interno, além do estame fértil; o ovário é ínfero, tricarpelar e trilocular. Por fim, o fruto é uma cápsula loculicida, deiscente ou indeiscente; produzem de uma a três sementes rígidas, ariladas e com endosperma abundante.
Relação filogenética
Marantaceae é uma família de Monocotiledôneas pertencente à ordem Zingiberales. Marantaceae é tida como grupo irmão de Cannaceae dentro da ordem. A família já foi dividida em 2 tribos Phryneae e Maranteae, inicialmente por Petersen (1830). No entanto, esse arranjo foi posteriormente contestado por Andersson (1981) que propôs posteriormente (1998) a divisão em 5 grupos “informais” (Maranta, Phrynium, Calathea, Myrosma, Donax). Destes, apenas o grupo Calathea é monofilético, e sendo Donax um grupo mais basal e parafilético aos outros Maranteceae.
Usos
Chamada de planta da oração, a espécie Maranta leuconeura recebeu esse nome pelo fato de que suas folhas encontram-se planas durante o dia e, à noite, se dobrarem com as mãos em oração. Essa planta é muito usada para ornamentação por conta da sua coloração distinta e fácil manutenção.
Outra espécie com propriedades interessantes é a Maranta arundinacea, também conhecida como Araruta, araruta-gigante, araruta-palmeira, ramosa, embiri, agutiguepe e arrowroot (inglês). Em sua composição encontram-se vários fitoquímicos como alcalóides, fenóis, flavonoides, saponinas e terpenóides. Tradicionalmente, era usado para tratar muitos problemas estomacais, sendo considerado um laxante leve.
Ainda, seu rizoma pode ser usado na culinária. Ele é desidratado e transformado em pó, o qual pode ser adicionado na comida, ajudando na nutrição, uma vez que é rico em fibras e de fácil digestão.
Domínios e estados de ocorrência no Brasil
As espécies desta família se abrigam, principalmente, em florestas tropicais úmidas e também no Cerrado, ocupando faixas mais centrais do país, mas também presente na região amazônica. Assim, encontram-se em praticamente todos os estados brasileiros, com maior concentração no Norte do país e nas áreas litorâneas da região Sudeste.
Lista de espécies brasileiras
Calathea bambusacea Poepp. & Endl., Nov. Gen. Sp. Pl. 2: 23. 1838;
Calathea barbillana Cufod., Ann. Naturhist. Mus. Wien 46: 235. 1932;
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Ligações externas
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