Pestana Júnior, nome pelo qual ficou conhecido nas lides políticas, foi filho de Manuel Gregório Pestana, proprietário, e de Maria Carolina de Andrade Pestana, uma família originária da ilha do Porto Santo, onde, alternando com o Funchal, residia por largos períodos.
Em 1913 foi eleito deputado ao Congresso da República, cessando as funções como administrador do concelho e fixando-se em Lisboa. Neste mesmo ano de 1913 foi iniciado na Maçonaria, ingressando na loja Revolta, de Coimbra, com o nome simbólico de Bakunine. Manteve o assento parlamentar, sem interrupções, até 1917.[1]
Entretanto, também desempenhou transitoriamente cargos na magistratura judicial, entre os quais o de juiz de direito do Funchal no ano de 1916.
Voltou a ser eleito deputado, pelo eleitoral de círculo de Lisboa, no ano de 1922, mantendo-se no cargo até ao derrube do regime em 1926.
Em meados de 1925 integrou o grupo de militantes republicanos que fundaram a Esquerda Democrática, partido do qual viria a ser membro do respectivo Directório Nacional.[2]
Com a queda do regime democrático e a instalação da Ditadura Nacional, consequência da do Golpe de 28 de Maio de 1926, fixou residência no Funchal e reiniciou a sua actividade como advogado. Esteve envolvido na Revolta da Madeira, em Março de 1931, o que o levou a ser deportado para o Porto Santo.
A par da sua intensa carreira política, Pestana Júnior teve notória actividade na imprensa. Para além de ser sido fundador e director do diário republicano O Radical, diário este que, entre 1912 e 1916, foi o órgão do Partido Republicano Português na Madeira, colaborou no Diário de Notícias da Madeira, no Diário da Madeira e na Revista de Direito. Também foi colaborador do Diário de Notícias, em Lisboa, de O Mundo e de A Luta.
Publicou ainda vários trabalhos de índole jurídica e política, entre os quais, O problema sacarino da Madeira (1918), Relatório acerca do contrato para o abastecimento de águas da cidade (1913), O reconhecimento do Arquipélago da Madeira – 1421 e 1425 (1920), e Cristóbal Collon ou Symon Palha na História e na Cabala (1928), um estudo histórico sobre a nacionalidade de Cristóvão Colombo, tendo Pestana Júnior sido um dos primeiros a defender a tese da nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colombo, como um agente secreto ao serviço de D. João II.
Nunca aceitou quaisquer condecorações por ser Maçon.
Em 2011, na cerimónias comemorativa oficial do 593º aniversário do Achamento da Ilha, Francisco Fernandes, Secretário regional de Educação e Cultura, deu uma palestra intitulada "Manuel Gregório Pestana Júnior - Vida e Obra"[3], e nas comemorações do 25 de Abril de 2018, a Câmara Municipal de Porto Santo homenageia Pestana Júnior[4].
Casado com Maria Ângela Rego dos Santos Pestana (nascida no Funchal), é pai do Capitão Francisco Pestana, um dos militares presos na cadeia do Aljube por terem feito parte do assalto ao quartel de Beja, e avô do Advogado, professor universitário e político António Garcia Pereira.
Bibliografia
Névoas de Lágrimas: livro da saudade: poema do destino, Coimbra, Moura Marques, 1916.
O problema sacarino da Madeira: subsídios para o estudo e resolução da chamada questão hinton, Funchal, Typ. Esperança 1918.
O reconhecimento do Arquipélago da Madeira: 1421-1425, Funchal, Diário de Notícias, 1920.
Dom Cristóbal Colom ou Simon Palha na história e na cabala, Lisboa, Imp. Lucas, 1928.
Misericórdia ou justiça?! (interpretação...), 1938.