Lúcio Valério Poplícola Potito (em latim: Lucius Valerius Poplicola Potitus) foi um político da gente Valéria nos primeiros anos da República Romana eleito cônsul em 449 a.C. com Marco Horácio Barbato.[1] Caio Valério Potito Voluso, cônsul em 410 a.C. e tribuno consular em 415, 407 e 404 a.C., era seu filho.[2]
Consulado
Depois do assassinato de Lúcio Sício Dentato por mercenários armados a mando dos decênviros,[3] enviado para combater os sabinos, e depois da morte de Vergínia, assassinada por seu pai para que não fosse vítima dos desejos sexuais de Ápio Cláudio Crasso Inregilense Sabino, membro mais influente do decenvirato,[4] começaram os tumultos entre as tropas do exército, que estava acampado fora de Roma, e cujos soldados começaram a desertar para se reunirem no Aventino. Horácio e Valério, à frente da revolta popular, foram enviados pelo Senado ao Monte Sacro, onde a plebe estava reunida, com o objetivo de negociarem condições para o fim da revolta.[5]
Durante o seu consulado, depois do intervalo entre o fim o Segundo Decenvirato e as novas eleições pelas quais foram restaurados o direito de apelação e os poderes dos tribunos da plebe, foram reforçados os direitos da plebe com a promulgação das "Leges Valeriae Horatiae", que, entre outros direitos, estabeleceu a inviolabilidade dos tribunos e definiu como seriam as eleições, além de reconhecer o valor jurídico dos plebiscitos.[6] Ápio Cláudio e Espúrio Ópio Córnice se suicidaram enquanto estavam presos,[7] enquanto os outros oito decênviros foram condenados ao exílio.[8]
Neste ínterim, équos, volscos e sabinos novamente entraram em guerra contra Roma. Antes de partirem para enfrentá-los, os dois cônsules mandaram fundir em bronze a Lei das Doze Tábuas.[9] Enquanto Horácio se ocupou dos sabinos, Valério marchou contra volscos e équos, derrotando-os com facilidade,[10] mesmo à frente de um exército desmoralizado e derrotado sob o comando dos decênviros.[11] Contra os sabinos, Horácio, depois de um início de resultados duvidosos,[12] consegue finalmente derrotar o inimigo.[13]
Roma tinha então dois exércitos consulares vitoriosos. Mas o Senado, não perdoando a forma como os dois resolveram a crise, especialmente o recurso ao povo, se recusou a conceder triunfos aos dois.[14] Todavia, pela primeira vez na história de Roma, a assembleia tribal (comitia tributa), ignorando a vontade do senado, decretou um triunfo para os dois.[15]
Lívio conclui seu relato assim:
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Não aparecem com frequência cônsules como Valério e Horácio, que colocam a liberdade do povo antes de seus próprios interesses.
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Ver também
Referências
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 44, 55.
- ↑ Broughton 1951, p. 74.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 43,2-5.
- ↑ Smith, p. 767
- ↑ Smith, p. 461
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 55.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 58, 6, 9.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 58, 9.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 57, 10.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 61, 10.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 60, 2.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 62, 6-9.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 63, 1-4.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 63, 7.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 63, 11.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 64, 3
Bibliografia