Maria Carlota Costallat de Macedo Soares (Paris, 16 de março de 1910 – Nova York, 25 de setembro de 1967) foi uma arquiteta-paisagista e urbanista autodidata brasileira. A convite de Carlos Lacerda, foi uma das responsáveis pelo projeto do Parque do Flamengo, localizado na cidade do Rio de Janeiro, o maior aterro urbano do mundo.
Vida pessoal
Maria Carlota, chamada por todos de Lota, nasceu em Paris, filha de José Eduardo de Macedo Soares, então Primeiro-Tenente da Marinha baseado na Europa, e de Adélia de Carvalho Costallat. O casal teve mais uma filha em Paris, Maria Elvira, conhecida por Marieta. José Eduardo deixou a Marinha em 1912 e voltou ao Brasil com a família. No Rio de Janeiro, fundou o jornal O Imparcial, precursor do Diário Carioca.[1][2][3]
No princípio da década de 1940, Lota residiu em Nova York, onde fez cursos no Museu de Arte Moderna.
Sem ter frequentado universidade, foi reconhecida como arquiteta autodidata e paisagista emérita, e foi convidada por Carlos Lacerda, que acabara de assumir o governo do recém-criado estado da Guanabara (1960-1965), para trabalhar no governo do estado. Propôs a modificação do projeto de duplicação das pistas ao longo da Praia do Flamengo de maneira a fazer um aterro muito maior, no que veio a se tornar o Parque do Flamengo.[4] Quando, nas eleições seguintes, o candidato de Carlos Lacerda perdeu o pleito, e tendo ainda criado a Fundação Parque do Flamengo e eleita sua presidente, a pressão dos sucessores de Lacerda levou Lota a deixar o projeto antes de sua finalização. De todo modo, conseguiu tombar o Parque do Flamengo, evitando que se fizesse um loteamento no aterro do Flamengo.
Morte
Todas essas questões políticas em que esteve envolvida, mais o afastamento de sua companheira Elizabeth Bishop, que a essa altura já estava em Nova York, levaram-na à depressão. Elizabeth Bishop era uma das poetisas mais famosas da época. Lota e Elisabeth viveram juntas de 1951 a 1965. Em 1967, quando já separadas, Lota resolveu viajar a Nova York a fim de encontrar Bishop. No mesmo dia em que chegou, Bishop encontrou-a deitada no sofá da sala, desfalecida, com um vidro de antidepressivos nas mãos. Lota entrou em coma, morrendo poucos dias depois.[5][6]
No cinema
Sua vida com Elizabeth Bishop e seu envolvimento com o governo de Carlos Lacerda, bem como seu apoio ao regime militar de 1964, são o tema do filme de Bruno Barreto Flores Raras, de 2013. No papel de Lota, está a atriz Glória Pires.[7]
Na cultura popular
Em 16 de março de 2017, a Google do Brasil homenageou Lota de Macedo Soares por meio de um doodle quando nesta data ela estaria completando 107 anos.[8]
Referências
- ↑ Lotta – a aventura de crescer, Instituto Lotta de Cultura e Arte-Educação, consultado em 7 de junho de 2013, cópia arquivada em 🔗 .
- ↑ A Arte como Vida, Instituto Lotta de Cultura e Arte-Educação [ligação inativa].
- ↑ A obra como arte, Instituto Lotta de Cultura e Arte-Educação, consultado em 7 de junho de 2013, cópia arquivada em 🔗 .
- ↑ Morales, Lúcia Arrais, «Diásporas, Diversidades, Deslocamentos» (PDF), UFSC, Fazendo Gênero, 9 .
- ↑ Frias filho, Otávio (setembro 2009), «O Brasil é mesmo um horror», O Estado de S. Paulo, Revista Piauí .
- ↑ Frias filho, Otávio (agosto 2009), «Foi uma revolução rápida e bonita», O Estado de S. Paulo, Revista Piauí .
- ↑ Flores Raras - Filme 2012 - Cinema10.com.br
- ↑ Demartini, Marina (16 de março de 2017). «Lotta de Macedo Soares ganha homenagem em forma de doodle». Exame.com. Consultado em 16 de março de 2017
Ligações externas