A Lista de reis da Assíria é uma compilação da lista real assíria, um antigo reino e império semítico acadiano no norte da Mesopotâmia (atual Iraque) com informações adicionais advindas de pesquisas arqueológicas recentes. A lista de reis assírios inclui o tamanho dos reinados que parecem ter sido baseados em listas limu (listavam os nomes de epônimos oficiais para cada ano) agora perdidas. O comprimento dos reinados confere bem com as listas reais hititas, babilônicas e egípcias e com o registro arqueológico, e são consideradas confiáveis para a idade.[1]
Antes da descoberta das tabuletas cuneiforme listando os antigos reis assírios, estudiosos antes do século XIX apenas tinham acesso a duas listas reais assírias completas, uma encontrada na Crônica de Eusébio de Cesareia (ca. 325),[2] da qual duas edições existem, e uma segunda lista encontrada na Excerpta Latina Barbari. Uma lista incompleta de 16 reis assírios foi também descoberta na literatura de Sexto Júlio Africano. Várias outras listas reais assírias fragmentadas chegaram até nós através de autores gregos e romanos tais como Ctésias de Cnido (c. 400 a.C.) e os autores romanos Castor de Rodes (século I a.C.) e Cefalião (século I d.C.).
Desde a descoberta e decifração dos registros cuneiformes, estas listas reais assírias "pós-cuneiforme" não foram consideradas muito fiáveis ou factuais, mas podem conter verdades históricas menores que tornaram-se pesadamente corrompidas ao longo dos séculos. Alguns estudiosos argumentam ainda que elas são fabricações inteiras ou ficções.[carece de fontes?]
Fontes
Listas greco-romanas fragmentadas
Ctésias como médico da corte de Artaxerxes II(r. 405/4–359/8 a.C.), alegou ter acesso a registros reais históricos. A lista dos reis assírios de Ctésias incluída em seu Persica, um trabalho que cobre a história da Pérsia, embora os primeiros três livros tenham sido dedicados à Assíria pré-persa, sendo intitulados "A História dos Assírios". O quanto a lista real de Ctésias é história factual ainda está sob debate. Enquanto muitos estudiosos concordam que grandes partes são ficção, é geralmente acordado que há verdade histórica com base na probabilidade de sua lista estar enraizada na tradição oral transmitida.[3][c] O estudioso clássico Robert Drews, contudo, argumenta que a lista de Ctésias contém informações de tabuletas babilônicas.[4] Embora o trabalho inteiro de Ctésias está perdido, fragmentos foram preservados em Diodoro Sículo, Nicolau de Damasco e Fócio. Destes fragmento é sabido que Ctésias datou a fundação da Assíria c. 2 166 a.C., pelo rei Nino, marido da rainha Semíramis, e 30 reis assírios o seguiram por 1300 anos em sucessão a Sardanapalo (c. 866 a.C.).[5] A lista dos 30 sucessores de Nino (e Semíramis) de Ctésias está perdida.
No século I a.C., Castor de Rodes compilou uma lista real assíria, similar a aquela de Ctésias. Porém, apenas fragmentos sobreviveram de maneira mutilada, embora se saiba por estes fragmentos que a lista real assíria de Castor começou com Belo. Embora afirme, tal como Ctésias, que Nino foi marido de Semíramis, Castor o considera como o segundo rei, de modo que Belo seria o primeiro. Segundo castor, Belo data de 2 123 a.C.. Um fragmento de Cefalião nomeia Nínias, o filho e sucessor de Nino.[6]
Uma lista incompleta de 16 reis assírios é encontrada no Chronographiai de Sexto Júlio Africano (começo do século III).[7] A Crônica de Eusébio de Cesareia (ca. 325) contém uma lista completa de 36 reis assírios.[2] Uma lista final é encontrada na Excerpta Latina Barbari. A lista pode ser encontrada no Thesaurus temporum (1606) de Joseph Justus Scaliger. Nela Belo é considerado como o primeiro rei e é datado de 2 206 a.C.[d]
Lista em árabe
O historiador árabe Iacubi incluiu em seu Kitāb al-ta'rīkh escrito em 873 uma lista de reis de "Mossul e Nínive" compreendendo quatro reis assírios identificáveis: Palo/Tiglate-Pileser II(r. 965–936 a.C.), Nino/Tuculti-Ninurta II(r. 890–884 a.C.), Lauasnacir/Assurnasirpal II(r. 883–859 a.C.) e Xamirã/Semíramis (r. 810–806 a.C.).[8]
Fontes cuneiformes
Há três versões de listas reais existentes que provém das tabuletas cuneiformes, e dois fragmentos.[9] Elas datam do começo do milênio I a.C. - a mais antiga, Lista A (século VIII a.C.) terminando em Tiglate-Pileser IIr.–967 a.C. e a mais recente, Lista C, em Salmanaser V(r. 727–722 a.C.). Assiriólogos acreditam que a lista foi originalmente compilada para ligar Samsiadade I (fl.c. 1 700 a.C. (curta), um amorreu que conquistou Assur, aos governantes da terra de Assur. Escribas então copiaram a lista e o acrescentaram ao longo do tempo.[10]
Lista de reis assírios
Os seguintes reis são listados das tabuletas cuneiformes assírias.
Danos em todas as tabuletas existentes com listas reais antes de Enlilnasir II(r. 1420–1415 a.C.) (curta) impede o cálculo do comprimento dos reinados de Erisum I a este ponto. Além disso, três reis atestados em outros lugares deste período não estão inclusos na lista real padrão. O restante da lista real então tem uma cadeia ininterrupta de tabuletas de Enlilnasir II em diante. Disparidades entre as diferentes versões da lista real para os reinados de Assurnadinapli(r. 1196–1194 a.C.) (curta) e Ninurtapalecur(r. 1182–1180 a.C.) (curta) contribuem para o debate sobre a cronologia do antigo Oriente Próximo.[10][17]Georges Roux e A. Leo Oppenheim fornecem datas nas listas reais deles, mas estas estão abertas para debate.[16][18]
"filho de Ilacabicabu (governante amorreu local), foi para Cardunias[e] no tempo de Naram-Sim. No epônimo de Ibniadade, Samsiadade subiu de Cardunias. Tomou Ecalatum, onde ficou três anos. No epônimo de Atamar-Istar, Samsiadade subiu de Ecalatum. Ele depôs Erisum II, filho de Naram-Sim, do trono e apossou-se dele. Formou o Primeiro Império Assírio.";
Vassalo de Hamurabi da Babilônia, filho de Ismedagã I, casou-se com uma rainha hurrita; não incluso na lista real padrão, mas atestado em outros lugares.[20]
Incluso na fragmentada lista real alternativa, com a última parte de seu nome perdida; não está incluso na lista real padrão e, segundo Georges Roux, pode ser identificado com Rimus.[20] Foi um vassalo de Hamurabi
neto de Samsiadade I, foi expulso pelo vice-regente Puzursim porque foi um amorreu; não incluso na lista real padrão, mas atestado na inscrição de Puzursim.[20]
Sete usurpadores que reinaram em rápida sucessão entre c. 1 731−1 726 a.C. após a expulsão dos babilônios e amorreus da Assíria:
As datas até Ninurtapalecur(r. 1182–1180 a.C.) estão sujeitas a debate, uma vez que o tamanho de alguns reinados variam em cada versão das listas reais. As datas dadas abaixo são baseadas nas listas reais assírias B e C, que dão apenas três anos para Assurnadinapli, e o mesmo para Ninurtapalecur. (A lista real assíria A dá quatro anos para Assurnadinapli e 13 anos para Ninurtapalecur).[21] Este prazo é também assunto de debate geral sobre a cronologia do antigo Oriente Próximo; a cronologia curta (ou baixa) é usado aqui. Datas de 1179 à 912 a.C., embora menos seguras que as datas de 911 a.C. em diante, não estão sujeitas a debate cronológico.[14]
Dada a variabilidade cronológico, para os comprimentos dos reinados entre Assurubalite I e Ninurtapalecur emprega-se as cronologias média e curta, sendo o primeiro par de datas relativo à primeira cronologia e o segundo, à segunda cronologia.[25]
Sincronismos entre as listas limu e datas absolutas conhecidas da cronologia babilônica fornecem boas datas absolutas para os anos entre 911 a.C. e 649 a.C.[carece de fontes?] As datas para o fim do período assírio são incertas devido a falta de listas limu após 649 a.C.. Alguns fontes listam a morte de Assurbanípal em 631 a.C., ao invés de 627 a.C.; Assuretililani então reinou de 631 a 627, e Sinsariscum reinou até 612 a.C., quando ele é conhecido por ter morrido no saque de Nínive.[14]
Império Assírio colapsou durante seu reinado; queda de Nínive
Em 612 a.C., Nínive, a capital assíria, caiu para os medos, babilônios e citas; apoiado pelos egípcios, um general assírio continuou a reinar por mais alguns anos em Harã
↑Felix Jacoby cf. FGrH 688 T 11, T 13, T 19, mostra autoridades antigas que consideram a lista real como sensacional, semi-ficcional ou irrealista ao mesmo tempo.
↑A lista real assíria no Excerpta Latina Barbari alega que Belo reinou 1 430 anos antes da primeira Olimpíada (776 a.C.), assim datando-o para 2 206 a.C.
↑ abCardunias ou Carduniaxe (Karduniaš) é a designação cassita do reino da dinastia cassita com capital em Babilônia. Em épocas mais tardias também foi usado para designar aquela cidade.
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