Após o lançamento, Libra estreou em 4º lugar na Billboard 200 e na 2ª posição na Top R&B/Hip-Hop Albums, vendendo 114 mil cópias em sua primeira semana. Com vendas estáveis, o álbum foi certificado com ouro pela RIAA, pelas mais de 441 mil cópias vendidas nos Estados Unidos.[1] Contudo, os singles "Please" e "Trippin'" não emplacaram nas paradas musicais de pop ou R&B, enquanto "The Time of Our Lives" (gravado em dueto com o grupo crossoverIl Divo e tema da Copa do Mundo FIFA de 2006), acarretou o relançamento do álbum no mercado europeu.[2]
Em 1992, Braxton assinou contrato com a LaFace Records, uma associação dos produtores L.A. Reid e Babyface com a gravadora Arista Records.[3] Nos anos seguintes, Braxton lançou outros dois álbuns: Toni Braxton (1993) e Secrets (1996), que atingiram grande sucesso comercial e aclamação crítica. Os dois álbuns venderam mais de 21 milhões de cópias, arrecadando mais de 170 milhões de dólares em vendas mundiais.[3] No fim de 1996, Braxton ainda reivindicava o recebimento de sua parte financeira pelas vendas dos álbuns.[4] Em dezembro de 1997, após descobrir uma dívida milionária, Braxton moveu uma ação judicial contra a LaFace, buscando ser liberada de seu contrato com a gravadora após sete anos de serviços. Em contrapartida, a gravadora processou a cantora por quebra de contrato, levando-a a declarar falência em 1998.[5] No ano seguinte, Braxton e a LaFace concluíram as questões processuais.[6] Em 2000, ainda na LaFace, Toni lançou seu terceiro álbum de estúdio, The Heat, que vendeu mais de 4 milhões de cópias em todo o mundo.[7]
Em setembro de 2002, durante as preliminares do lançamento do álbum More Than a Woman, Braxton descobriu estar grávida de seu segundo filho, tendo de cancelar diversas performances.[8] Apesar da cantora sugerir um adiamento, a gravadora decidiu lançar o álbum na data prevista anteriormente.[8] Lançado em novembro de 2002, More Than A Woman não teve bons resultados comerciais.[9] Decepcionada pela performance comercial, que Toni atribuiu à baixa promoção do álbum, Braxton passou a buscar uma forma de encerrar seu contrato com a gravadora.[10] Em março de 2003, Braxton anunciou publicamente seu desligamento da Arista Records e a subsequente transferência para a Blackground Records, um selo da Universal Music Group.[11]
Gravação
Afastando-se de seu método usual de reunir uma gama de produtores, Braxton iniciou a gravação do álbum com seu marido Keri Lewis; o casal estava junto desde 2001.[12] Ex-integrante do grupo Mint Condition, Lewis havia colaborado em vários projetos de Braxton nos anos anteriores, além de ter co-produzido o álbum More Than a Woman juntamente com L.A. Reid.[12] O casal trabalhou em diversas faixas de Libra, sendo responsável por sete ou oito canções enviadas para a gravadora na fase inicial do projeto.[12] Entretanto, a Universal Records - distribuidora da Blackground Records em território norte-americano - estaria insatisfeita com o material e recusou considerar a produção de um álbum.[12] De igual modo, os parceiros internacionais questionaram o potencial comercial das canções produzidas pelo casal até então. Apesar de Braxton insistir em manter Lewis como único produtor do álbum, a Blackground conseguiu uma colaboração dos produtores Scott Storch, Rich Harrison e Harvey Mason, Jr., já conceituados em produções de hip hop.[12][13]
Comentando o processo de modificação do álbum, Braxton expressou incerteza sobre sua música seguir modismos.[14] Devido a gravadora tentar tornar o álbum mais comercialmente viável, Braxton sentia-se pressionada a buscar uma sonoridade mais ritmada e voltada ao hip hop.[14] Em entrevista ao The Baltimore Sun, a cantora admitiu que foi "forçada a pôr sua arte em segundo plano para tornar-se mais comercial", acrescentando que "tentamos ser sábios e incorporar novas sonoridades à minha música habitual. Foi difícil à princípio. Enfim, estou satisfeita".[14] Durante a fase promocional, Braxton descreveu em tom crítico como sua equipe influenciou o gênero do álbum: "Estou tentando incorporar meu estilo e fazê-lo atual, o que é realmente muito difícil com tantas coisas sendo tão hip hop... Quando você é uma artista afro-americana, você é R&B e hip hop, e esta é a categoria em que eles lhe encaixam primeiramente por sua cor de pele."[13][14]
Singles
A primeira faixa e single principal do álbum, "Please", é produzido por Scott Storch e consiste numa balada ritmada narrando os momentos gloriosos de sua juventude. A segunda faixa "Trippin' (That's the Way Love Works)" é entoada em forma de rap, sendo pronunciada nas seções em que a melodia não se perde e harmonizada nos momentos precisos. "What's Good", a terceira faixa, é decididamente uma balada romântica tradicional e inclui um sample de "In My Wildest Dreams", de Kenny Chesney. A agressiva e dançante "Take This Ting", a quarta faixa do álbum, foi escrita e produzida por Rich Harrison, narrando os pensamentos de uma mulher decidida. A canção foi comparada à "1 Thing", de Amerie.[15]
"Suddenly", incluída somente na versão europeia do álbum, possui uma roupagem mais voltada para o jazz e inclui a participação de Chris Botti; sendo frequentemente comparada à "How Could an Angel Break My Heart", da mesma artista. A dupla de produtores Babyface e Daryl Simmons compôs "I Wanna Be (Your Baby)", a sexta faixa do álbum. A autocrítica canção "Stupid" foi comparada ao universo discográfico de Anita Baker, enquanto a letra de "Finally" traça referências com o sucesso "Breathe Again", de 1993.
Libra recebeu críticas mistas dos especialistas, que elogiaram a performance vocal e o retorno de Braxton às canções em estilo balada romântica, mas criticaram o excesso de canções ritmadas. Em sua crítica para o jornal USA Today, Steve Jones destaca que Libra aproxima-se de "sua perspectiva enquanto cresce gradativamente (...) Ainda assim, a mais madura Braxton não está esperando por alguém que venha refazer seu coração".[20] A Sputnikmusic teve impressões positivas sobre o álbum, considerando-o "rico em melodias serenas" ao mesmo tempo em que declara-o "um álbum merecedor de destaque na coleção de R&B".[21] Segundo a revista People, Braxton lançou "um suntuoso quinto álbum de estúdio", elogiando as variações entre R&B contemporâneo e a musicalidade original da artista.[18] Margeaux Watson, escrevendo para a VIBE Vixen, comparou Libra ao aclamado The Emancipation of Mimi, álbum de Mariah Carey lançado no mesmo ano, e resumiu sua crítica descrevendo o álbum como "um bem-vindo retorno à forma".[22]
Andy Kellman, editor do site Allmusic, afirmou que "Libra não traz nenhuma surpresa. É esguio e equilibrado, assim como todos os demais álbuns de Braxton, apesar de que muitas faixas são mornas e meramente funcionais para o fundo auditivo, então acaba distanciando-se dos gostos do álbum de estreia e de Secrets."[15] Com uma crítica similar, a Billboard comentou que o álbum traz "a cantora fazendo o que ela faz de melhor: apostando em seu inconfundível estilo R&B. Braxton ainda é uma especialista no que tange à batidas lentas."[16] A revista Slant publicou a crítica de Sal Cinquemani, que considerou "enquanto Braxton mesclou de forma impecável com seus parceiros de hip hop em More Than a Woman, sua colaboração com Rich Harrison soa forçada, até mesmo desesperada.[19] E com o hit "I Wanna Be (Your Baby)", de Babyface e Daryl Simmons, a equipe novamente lança diversos clássicos do R&B em uma única gravação."[19]
Performance Comercial
Libra estreou em 4º lugar na Billboard 200, vendendo mais de 114 mil cópias na tiragem inicial.[23] O quarto trabalho de Braxton a emplacar entre as cinco primeiras posições, o álbum marcou uma superação significativa para a cantora, cujo lançamento anterior havia estreado em 13º lugar e alcançou somente 98 mil cópias vendidas na primeira semana.[23] Além disto, Libra estreou em 1º lugar na Top R&B/Hip-Hop Albums.[23] O álbum alcançou 355 mil cópias em cinco meses de lançamento e totalizou mais de 441 mil cópias no território norte-americano.[24] Em novembro de 2005, o álbum foi certificado em ouro pela RIAA pelas mais de 500 mil cópias vendidas.[24]
O álbum permaneceria como o único lançamento de Braxton através da Blackground Records. Em janeiro de 2007, a cantora processou Barry Hankerson, dirigente da gravadora, reivindicando uma indenização de 10 milhões de dólares por supostamente manipular sua saída da Arista Records anos antes.[25] Hankerson teria influenciado Braxton a assinar um contrato de múltiplos álbuns com a Blackground, apenas para privar a cantora de seus direitos sob o acordo de gravação ao não enviar suas declarações contábeis e mentir sobre negócios que ele havia feito.[25] O processo foi arquivado um mês depois após a cantora concordar em restituir 375 mil dólares e ceder parte do rendimento de seu próximo trabalho ao produtor.[26] Em 2012, durante entrevista para a ABC News, Braxton revelou seu desgosto com os álbuns lançados neste período: "Aqueles álbuns - é aquela questão de uma noite sobre a qual você não quer falar".[9]