Ficou notabilizado por popularizar o lance identificado como "bicicleta" no futebol, embora não tenha sido o seu inventor: foi por muito tempo creditado erroneamente por historiadores e jornalistas esportivos brasileiros, mas ele próprio admitiu antes de morrer que já se fazia o movimento, cuja primeira execução deu-se em 1914 pelo jogador espanhol naturalizado chileno Ramón Unzaga, e que ainda hoje é conhecido em países de língua espanhola como "chilena".[6][7]
Marcou 142 gols pelo Flamengo e 144 pelo São Paulo,[9] além de 23 tentos em 36 jogos pelo Botafogo e gols por outros clubes e pelas Seleções Carioca, Paulista e Brasileira, totalizando 429 gols como profissional, desde 1929.
Em 2020, em um ranking elaborado por especialistas dos jornais O Globo e Extra, figurou na 8ª posição entre os maiores ídolos de futebol da história do Flamengo.[10]
Nascido em São Cristóvão, era filho de Manoel Nunes da Silva e Maria da Silva. Era um menino simples de São Cristóvão, bairro da zona residencial e comercial do Rio de Janeiro, onde sua mãe vivia na casa dos pais adotivos,[5] torcedor do Fluminense, encantado que ficara com o time tricampeão carioca de 1917-18-19.[11][12]
Embora tenha concluído os estudos primários e o colegial em escolas daquele bairro, Leônidas queria dedicar-se ao futebol. Ainda bem jovem, começou a praticar o esporte, então amador no Brasil, nas peladas na Ponte dos Marinheiros.[5]
Já aos 13 anos, destacava-se com juvenil do São Cristóvão. Nos idos de 1926, ele também passou a defender outros clubes do bairro, como o Havanesa, depois o Barroso e o Sul-Americano, a fim de ganhar algum dinheiro.[5] Em 1929, jogou pelo Syrio e Libanez.
Nos clubes
Em 1930, Leônidas transferiu-se para o Bonsucesso, onde se profissionalizou ao assinar seu primeiro contrato, pelo qual receberia quatrocentos mil réis por mês.[5] No Bonsucesso, Leônidas também jogou basquete, tendo conquistado campeonato desta modalidade esportiva.[carece de fontes?]
Ainda em 1934, transferiu-se para o Peñarol, onde não pôde brilhar por causa de uma contusão no joelho.[5] Retornou ao Rio de Janeiro para jogar pelo Vasco da Gama, o qual jogou uma temporada e ajudou o clube a ganhar o Campeonato Carioca de 1934.
No ano seguinte, mudou novamente de clube, indo atuar no Botafogo, onde conquistou o Carioca daquela temporada. Em 1936, transferiu-se para o Flamengo, onde atuou até 1942, sagrando-se campeão carioca em 1939, encerrando um jejum de 12 anos do time rubro-negro.[5] Essa transferência seria lembrada pelo dirigente botafoguense Carlito Rocha, mais de trinta anos depois: "O Leônidas deu uma entrevista no Rio Grande do Sul, afirmando que era Flamengo de coração. Quando voltou, confirmou-me as declarações. Mandei-o embora imediatamente e fixei o preço do passe em cinco contos [de réis], que era o quanto ele devia à tesouraria do clube. No dia seguinte, o Flávio Costa foi lá no clube e levou o Leônidas para o Flamengo. Eu não podia admitir no Botafogo um atleta que dizia, publicamente, que por baixo da camisa alvinegra, pulsava um coração rubro-negro. Não podia.[13]
O clima no Flamengo foi se deteriorando, entretanto. No início de 1941, recusou-se a participar de uma excursão à Argentina por estar lesionado, somado às constantes participações em propagandas, o que levou a problemas com os dirigentes. No meio disso, foi preso pelo Exército por utilizar um atestado de reservista falso para conseguir um emprego público, encerrando sua passagem pelo Flamengo.[14]
Em 1942, Leônidas transferiu-se para o São Paulo. Sua estreia bateu o recorde de público do Estádio do Pacaembu, com mais de 70 mil torcedores presentes.[14] Foi um dos maiores ídolos da história do clube, tendo sido campeão paulista em 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949. No ano seguinte, o Homem-Borracha[nota 2] aposentou-se do futebol, aos 37 anos.[5]
Na Seleção Brasileira
Aproveitando uma contusão do famoso atacante Nilo, Leônidas ganhou uma oportunidade na Seleção Brasileira em 4 de dezembro de 1932, que enfrentaria o Uruguai no Estádio Centenario, pela Copa Rio Branco.[5][15] O jogador foi convocado jogando pelo Bonsucesso, juntamente com o seu companheiro de ataque Gradim. O Brasil venceu com dois gols do jovem Leônidas. Em 1934, foi um dos convocados para a Copa do Mundo realizada na Itália, tendo marcado o único gol da única partida da Seleção Brasileira na competição.
Ainda no final da década de 1930, Leônidas foi o maior destaque da Seleção Brasileira na Copa do Mundo FIFA de 1938, tendo sido o artilheiro da competição, com sete gols e distribuiu três assistências em quatro jogos. O Brasil conseguiu a sua melhor participação em Mundiais até então, ficando com a terceira colocação. Posteriormente, o Diamante Negro[nota 3] foi escolhido o melhor jogador daquela Copa.
Como não ocorreram edições da Copa do Mundo FIFA nos anos 40, o principal torneio oficial que a seleção brasileira disputou foram os sul-americanos. O Brasil não se inscreveu para participar das edições de 1939, 1941 e 1947. Devido aos problemas legais, por utilizar um atestado de reservista falso, Leônidas não pôde representar o Brasil no Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1942. Leônidas se apresentou com atraso de dois dias e foi cortado da seleção brasileira que disputou o Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1945.[16] No Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1946 teve uma distensão muscular, embora não tenha sido cortado, atuou em apenas um jogo. No Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1949 apresentou-se em "estado físico lastimável" segundo o Mundo Esportivo e foi cortado.[17] Conforme declarou Leônidas: "Tenho uma pouca sorte incrível - azar, é esse o termo - com os torneios sul-americanos".[18]
Foi artilheiro da Copa Roca de 1939 e peça importante na Copa Roca de 1945, com atuações elogiadas na crônica esportiva, e participou da jogada dos dois últimos gols do Brasil no jogo de desempate. De acordo com Mário Filho, a Copa Roca de 1945 foi uma das grandes vitórias do futebol brasileiro. [19]
Após a carreira de futebolista
Depois de abandonar os gramados, em 1951, ainda continuou ligado ao esporte. Foi técnico do São Paulo em 1951 e entre 1954 e 1955. De temperamento forte, brigou publicamente com alguns jogadores, chamando Artêmio Sarcinelli de "bonde" e Bauer de "jogador acabado".[20] Sua saída foi tratada pelo Mundo Esportivo como uma "vitória dos jogadores".[21]
Logo depois virou comentarista esportivo, sendo considerado por muitos um comentarista direto, duro e polêmico. Chegou a ganhar sete Troféus Roquette Pinto.
Sua carreira de radialista teve que ser interrompida em 1974 por conta da doença de Alzheimer. Durante dez anos ele viveu em uma casa para tratamento de idosos em São Paulo até falecer, em 24 de janeiro de 2004, por causa de complicações relacionadas à doença.[24] Foi enterrado no Cemitério da Paz, em São Paulo.
A "bicicleta"
Leônidas recebeu de historiadores e jornalistas esportivos brasileiros o crédito por ter inventado a "bicicleta". Ele mesmo se autoproclamava o inventor da plástica jogada, porém, antes de morrer, admitiu que já se fazia o movimento, cuja primeira execução deu-se em 1914 pelo jogador espanhol naturalizado chileno Ramón Unzaga, e que ainda hoje é conhecido em países de língua espanhola como "chilena".[6][7][25]
A primeira vez que Leônidas executou essa jogada foi em 24 de abril de 1932, em uma partida entre Bonsucesso e Carioca, numa goleada do Bonsucesso por 5 a 2. Já pelo Flamengo, realizou a jogada somente uma vez, em 1939 contra o Independiente, da Argentina, que ficou muito famosa na época.
Pelo São Paulo ele realizou a jogada em duas oportunidades, a primeira em 14 de junho de 1942, contra o Palestra Itália, na derrota por 2 a 1. E a mais famosa de todas, em 13 de novembro de 1948, contra o Juventus-SP, na goleada por 8 a 0.
No filme de 1951, Suzana e o Presidente, Leônidas encena algumas jogadas, inclusive a bicicleta.
Centenário
Na semana em que se completaria 100 anos de seu nascimento, Leônidas foi homenageado por duas equipes pelas quais jogou. Pela Série A o Flamengo, diante do Vitória, utilizou uma camisa com a hashtag #Leônidas100 às costas.[26]
Pela mesma competição o São Paulo, contra o Criciúma, concedeu a viúva de Leônidas uma camisa especial e bandeja de prata sobre a data.[27] Foi também lembrado durante o dia 6 de setembro com um Doodle do Google.[28]
Estatísticas
Seleção Brasileira
Ano
Jogos
Gols
1932
1
2
1934
2
3
1938
4
7
1939
2
2
1940
6
6
1945
3
1
1946
1
0
Total
19
21
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↑Leônidas jogou pela Seleção de 1934 a 1946, nos tempos em que o uniforme era branco.
↑O apelido de "Homem-Borracha", dado pelo mesmo jornalista, foi devido a sua elasticidade.[carece de fontes?]
↑O apelido de "Diamante Negro" foi dado pelo jornalista francês Raymond Thourmagem, da revista Paris Match, maravilhado pela habilidade do brasileiro. Anos mais tarde a empresa Lacta homenageou-o, criando o chocolate "Diamante Negro". A empresa só pagou dois contos de réis à época[carece de fontes?], sendo que Leônidas nunca mais cobrou nada pelo uso da marca.