Latif al-Ani (Arabic:لطيف العاني) foi um fotógrafo iraquiano. Nasceu em 1932 em Carbala, Iraque, e faleceu no dia 18 de novembro de 2021, em Bagdade, Iraque.[1]
Biografia
Latif al-Ani nasceu e viveu no Iraque, permanecendo em Bagdade durante o conflito Irão-Iraque, que durou cerca de 8 anos (1980-1988). Latif casou-se e teve dois filhos.[2] Faleceu no dia 18 de novembro de 2021, em Baghdad Medical City, 4 meses após ter sido diagnosticado com cancro na medula óssea.[2]
Desenvolveu cedo um interesse pela fotografia, ao observar um fotógrafo local, Nissan, que trabalhava próximo da loja do seu irmão. Vendo o seu interesse, o irmão ofereceu a Latif a sua primeira máquina fotográfica, uma Kodak. Foi com ela que Latif deu os primeiros passos na fotografia ao lado de Nissan, que lhe ensinou os princípios básicos da profissão.[3] Durante aproximadamente três décadas, dedicou-se a fotografar diversos aspetos e facetas do Iraque e da sociedade Iraquiana. Em 1963, Latif al-Ani viajou pelos Estados Unidos, onde mostrou 105 fotografias que retratam a história e a natureza do Iraque.
Sendo o Iraque a sua principal fonte de inspiração, o fotógrafo mostrou uma grande admiração pelo seu país. A escritora Mariam al-Dabbagh confirmou a admiração do fotógrafo por Bagdade, a capital do Iraque, quando, numa conversa entre o fotógrafo e um artista europeu, Latif al-Ani disse: “Baghdad mako mithilha” (Bagdade é uma cidade única).[1]
Carreira
A carreira fotográfica de Latif iniciou-se em 1953 quando este foi contratado pela revista da “ Iraq Petroleum Company” ou IPC e se tornou próximo do editor da revista, à época, Jack Percival. Em 1960, Latif al-Ani começou a trabalhar para o que se viria a tornar o Ministério da Cultura, onde criou o Departamento de Fotografia. O seu departamento publicou a revista “New Iraq” (novo Iraque) em 5 línguas diferentes, que era distribuída a comunidades diplomáticas e organizações internacionais que operavam na altura no Iraque.[4] Na época de 1970 foi nomeado Diretor de Fotografia da “Iraqi News Agency”, uma oportunidade que lhe atribuiu uma maior possibilidade de capturar a sociedade e cultura iraquianas através da sua lente.
Com a subida de Saddam Hussein ao poder, em 1979, a fotografia pública foi banida condenando a carreira de Latif al-Ani a um fim.[5] O seu trabalho não teve grande reconhecimento até uma exposição do seu trabalho na Bienal de Veneza, em 2015,[6] onde os espectadores ficaram fascinados com as fotografias captadas por Al-Ani. Desde então, as suas obras foram ganhando cada vez mais divulgação e reconhecimento por parte do público e seus pares, que o fotógrafo pôde testemunhar antes da sua morte.
Fotografias
As fotografias de Latif al-Ani são caracterizadas pelo seu efeito Chiaroscuro , uma técnica usada na pintura renascentista que apresenta um forte contraste entre luz e sombra na representação de um objeto. O glamour da maior parte das suas fotografias transmite nostalgia. No entanto, Latif aborda também o aspeto antigo e arqueológico nas suas fotografias. As suas fotografias em locais arqueológicos como Babilónia e Ctesifonte foram das primeiras fotografias aérias capturadas a estes locais.[3]
Latif captou inúmeras fotografias entre as décadas de 1950 e 1970, um período de grande desenvolvimento e prosperidade no Iraque.[7] Durante este período, Latif al-Ani documentou o quotidiano da vida iraquiana: agricultores, trabalhadores de fábricas, militares mas também cidadãos comuns na sua vida do dia-a-dia, capturando nas suas fotografias a essência da sociedade na altura, na sua vertente cultural e social.
Latif al-Ani ficou também conhecido por fotografar lugares arqueológicos no seu país, através de vistas aéreas. Muitos dos locais que fotografou estão agora destruídos e degradados e o estilo de via e cultura da população iraquiana alterado radicalmente. Estas diferenças profundas no que toca a locais, cultura, estilo de vida da mesma população em alturas diferentes conferem às suas fotografias uma importância histórica sem paralelo.