A primeira onda de migração judaica moderna para a Palestina sob controle otomano começou em 1881 e ficou conhecida como a Primeira Aliá. Os judeus fugiam dos pogroms na Europa Oriental.[2] Embora o movimento sionista já existisse na prática, o jornalista austro-húngaroTheodor Herzl é considerado o fundador do sionismo político,[3] um movimento que buscou estabelecer um Estado judeu na Terra de Israel, oferecendo assim uma solução para a chamada questão judaica dos estados europeus, de forma similar aos demais projetos nacionais da época. [4]
No Primeiro Congresso, foi elaborado um rascunho para o objetivo do movimento sionista moderno, que dizia: "O sionismo busca estabelecer um lar para o povo judeu na Palestina, garantido por lei". Um dos delegados tentou substituir "por lei" por "pelo direito internacional",[7] o que foi contestado pelos demais. Foi adotada uma fórmula de compromisso, que ficou conhecida como Programa de Basileia, que dizia:
O sionismo procura estabelecer um lar na Palestina para o povo judeu, garantido pelo direito público.
A Segunda Aliá (1904–1914) começou após o pogrom de Kishinev; cerca de 40.000 judeus se estabeleceram na Palestina, embora quase metade deles tenha deixado a região posteriormente. Tanto a primeira como a segunda onda de migrantes eram formadas principalmente por judeus ortodoxos, [8] embora a Segunda Aliá incluísse também alguns grupos socialistas, que estabeleceram o movimento kibutz.[9] Embora os imigrantes da Segunda Aliá buscassem, em grande parte, criar assentamentos agrícolas comunitários, o período viu o estabelecimento de Tel Aviv como a primeira cidade judaica planejada em 1909. Este período também viu o surgimento de duas milícias armadas judaicas: a Bar-Giora, fundada em 1907, e o Hashomer, fundado em 1909 para substituir a primeira.
Pelo Acordo Sykes-Picot de 16 de maio de 1916, Inglaterra e França concordaram em transferir a região da Palestina para uma "administração internacional" sob controle britânico.[10] Um dos primeiros usos oficiais da frase "lar nacional para o povo judeu" foi visto na Declaração Balfour.[11] A expressão foi usada intencionalmente em vez de "estado" por causa da oposição ao programa sionista que havia dentro do Gabinete Britânico. O rascunho inicial da declaração referia-se ao princípio de que “a Palestina deveria ser reconstituída como o Lar Nacional do povo judeu”.[12]
Com a Declaração Balfour de 1917, o Reino Unido se tornou a primeira potência mundial a endossar o estabelecimento na Palestina de um "lar nacional para o povo judeu".
Em 1919, o secretário-geral (e futuro presidente) da Organização Sionista, Nahum Sokolow, publicou o livro História do Sionismo (1600-1918), em que explicou:
"... Foi dito, e ainda é obstinadamente repetido pelos antissionistas, uma e outra vez, que o sionismo visa a criação de um "Estado Judeu" independente. Mas isso é totalmente falacioso. O "Estado Judeu" nunca fez parte do programa sionista. "O Estado Judeu" era o título do primeiro panfleto de Herzl, que teve o mérito supremo de forçar as pessoas a pensar. Depois deste panfleto foi realizado o primeiro Congresso Sionista, que aceitou o Programa de Basileia — o único programa existente." [13]
Na conferência de San Remo de 19 a 26 de abril de 1920, as principais potências aliadas e associadas ordenaram a criação de um lar nacional judaico. A Grã-Bretanha se comprometeu oficialmente com o objetivo estabelecido na Declaração Balfour, insistindo em que ela formasse a base do Mandato para a Palestina, o que foi formalmente aprovado pela Liga das Nações em junho de 1922. O preâmbulo do Mandato declarou:
Considerando que as principais potências aliadas também concordaram que o Mandatário deveria ser responsável por pôr em prática a declaração originalmente feita em 2 de novembro de 1917, pelo Governo de Sua Majestade Britânica, e adotada pelas referidas potências, em favor do estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu, sendo claramente entendido que nada deveria ser feito que pudesse prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não judaicas existentes na Palestina, ou os direitos e o status político desfrutados pelos judeus em qualquer outro país.... [14]
Em 3 de junho de 1922, o Departamento Colonial emitiu uma declaração sobre a "Política Britânica na Palestina", dando uma interpretação restritiva à Declaração de Balfour. A declaração excluiu "o desaparecimento ou a subordinação da população, língua ou costumes árabes na Palestina" ou "a imposição da nacionalidade judaica aos habitantes da Palestina como um todo", e deixou claro que, aos olhos do Poder Mandatário, o Lar Nacional Judaico deveria ser fundado na Palestina e não que a Palestina como um todo deveria ser convertida em um Lar Nacional Judaico.
Em 1942, o Programa Biltmore foi adotado como plataforma da Organização Sionista, com um apelo explícito "para que a Palestina fosse estabelecida como uma Comunidade Judaica". Em 1946, o Comitê Anglo-Americano de Inquérito, também conhecido como Comitê Grady-Morrison, observou que a demanda por um Estado judeu ia além das obrigações da Declaração Balfour ou do Mandato e havia sido expressamente rejeitada pelo presidente da Agência Judaica em 1932.
O conceito de lar nacional para o povo judeu no Mandato Britânico da Palestina foi formalizado na política nacional israelense e refletiu em muitas de suas instituições públicas e nacionais. O conceito foi expresso na Declaração de Independência do Estado de Israel em 14 de maio de 1948 e concretizado na Lei do Retorno, aprovada pelo Knesset em 5 de julho de 1950, que declarou: "Todo judeu tem o direito de vir a este país como um oleh."[16]
↑Jubilee Publication (1947). The Jubilee of the first Zionist Congress, 1897–1947. Jerusalem: Executive of the Zionist Organization. pp. 108 pages, 2 leaves of plates Published simultaneously in Hebrew, French, Spanish and Yiddish.
↑Stein 2003, p. 88. "As with the First Aliyah, most Second Aliyah migrants were non-Zionist orthodox Jews ..."
↑The Council of the League of Nations (2008). «The Palestine Mandate». The Avalon Project. New Haven, Connecticut: Lillian Goldman Law Library. Consultado em 24 de outubro de 2023
Herzl, Theodor (1946). The Jewish state. [S.l.]: American Zionist Emergency Council. ISBN978-0-486-25849-2
Kornberg, Jacques (1993). Theodor Herzl: from assimilation to Zionism. Col: Jewish literature and culture. Bloomington, IN: Indiana University Press. ISBN978-0-253-33203-5
Stein, Leslie (2003). The hope fulfilled: the rise of modern Israel. Col: Praeger series on Jewish and Israeli studies. Westport, Conn: Praeger. ISBN978-0-275-97141-0
Leitura adicional
Shatz, Adam, "We Are Conquerors" (resenha de Tom Segev, Um Estado a Qualquer Custo: A Vida de David Ben-Gurion, Head of Zeus, 2019, 804 pp.,ISBN978 1 78954 462 6 ), London Review of Books, vol. 41, n.º 20 (24 de outubro de 2019), pp. 37–38, 40–42. "A biografia de Segev... mostra quão centrais eram o nacionalismo excludente, a guerra e o racismo na visão de Ben-Gurion sobre a pátria judaica na Palestina, e quão desdenhoso ele era não apenas dos árabes, mas da vida judaica fora de Sião. [Os judeus liberais] podem olhar para o estado que Ben-Gurion construiu e se perguntar se o custo valeu a pena." (p. 42 da análise de Shatz.)