João Pereira Corte-Real
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Nascimento
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1580
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Morte
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1642
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Ocupação
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marinheiro
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João Pereira Corte-Real (1580-1642) [1][2]foi um distinguido militar e marinheiro português, governador de Cabo Verde de 1628 a 1632, e que ascendeu ao posto de Almirante da Armada Portuguesa durante o tempo da Monarquia Dual, tendo, após a Restauração da Independência, feito parte integrante do primeiro elenco do Conselho de Guerra de D. João IV. Especialista em matéria de construção naval e navegação, escreveu um manifesto propondo a reestruturação das naus que faziam a Carreira das Índias, assim como os salários dos marinheiros.
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Biografia
Começou a sua carreira como marinheiro em 1609 numa expedição a Coulão, na Costa do Malabar. Como recompensa dos seus préstimos é nomeado capitão da fortaleza de Coulão, onde permanece até 1612, quando regressa a Portugal. Nesta primeira passagem pela Índia trava conhecimento com Diogo do Couto, historiador e guarda-mor do tombo de Goa. Regressará à Índia mais duas vezes, em 1615 e 1617[5]. Durante a primeira viagem, teve de enfrentar motins, enquanto capitão da galeão "Santo António", onde teve de executar sumariamente vários líderes de motins. Ajuntando a isto as epidemias e a motivação á vida quotidiana dos marinheiros contratados para as naus da Carreira da Índia, leva-o a propôr alterações à construção das naus que deviam passar a três cobertas ao invés de quatro. Para evitar a corrupção e a ganância dos marinheiros propõe que estes aufiram de um salário fixo. Propostas que são levadas ao conselho de guerra de Espanha em Madrid em 1622, e dadas à estampa mais tarde, sob o nome Discursos sobre la navegácion de las naos de la India de Portugal , reimpresso em 1635 com o nome de Discursos y Advertencias[6].
Estas são rejeitadas em virtude da falta de liquidez do Tesouro Real, o que não impediu que fosse nomeado em 1621 para o cargo de Almirante da Armada encarregue de patrulhar as águas portuguesas (na altura, Almirante era o posto imediatamente abaixo ao de General da Armada), por um período de dois anos e mais tarde coronel do Terço da Armada.
Em 1628, é nomeado para governador de Cabo Verde, onde se impõe com distinção, detendo a invasão holandesa.
Em 1636 é general de uma frota de Socorro que estava planeada que se planeava como tendo destino o Brasil, mas que não passou além de Cádis, por razões desconhecidas.
Após a Restauração da Independência, faz parte do primeiro elenco de membros do conselho de guerra de Portugal, nomeados pelo novo rei D. João IV, mas não chega a ter papel relevante, falecendo pouco tempo depois.
Genealogia
Apesar do apelido Corte-Real, não se conhece a sua origem concreta, não figurando o seu nome em nenhum nobiliário ou registo genealógico que pudesse aferir do seu parentesco para com os Corte-Real. Apenas se sabe que os pais são Matias do Carvalhal[7] e Isabel Parada.
Referências
- ↑
Murteira, André. «Antropónimos seta CORTE REAL, João Pereira (c. 1580-c.1642)»
- ↑
Baxter, Cap. R.C. (1940). «ADMIRAL JOAO PEREIRA CORTE-REAL AND THE CONSTRUCTION OF PORTU-GUESE EAST-INDIAMEN IN THE EARLY SEVENTEENTH CENTURY». Actas do Congresso do Mundo Português
- ↑ «ASCENSÃO E DECLÍNIO DA CARREIRA DA ÍNDIA». nautarch.tamu.edu. Consultado em 2 de agosto de 2018
- ↑ Sousa, José Alexandre (2002). «Navegações Portuguesas». webcache.googleusercontent.com. Instituto Camões. Consultado em 2 de agosto de 2018
- ↑ Sousa, Manuel Faria y (1675). Asia Portuguesa (em espanhol). [S.l.]: Bernardo da Costa Carvalho
- ↑ Boxer, C. R. (15 de maio de 2017). The Tragic History of the Sea, 1589-1622: Narratives of the shipwrecks of the Portuguese East Indiamen São Thomé (1589), Santo Alberto (1593), São João Baptista (1622) and the journeys of the survivors in South East Africa (em inglês). [S.l.]: Taylor & Francis. ISBN 9781317013747
- ↑ Vasconcelos, Frazão de (1921). João Pereira Corte Real. Conselheiro de Guerra d`El-Rei D. João IV e as Naus da Carreira da Índia. Lisboa: [s.n.]