João Clodoaldo Monteiro Lopes (Recife, c. 1850 — Recife, 28 de outubro de 1908) foi um advogado e político brasileiro.[1]
Biografia
Filho do casal negro e livre (ou liberto) formada pelo operário Jeronymo da Motta Monteiro Lopes e por Maria Francisca Egiphicíaca de Paula Lopes, João Clodoaldo nasceu livre em dezembro de 1867, em pleno Brasil Império, onde a escravidão ainda estava em vigor.[1][2]
Ele tinha mais três irmãos, dois que também se formaram pela Faculdade de Direito do Recife (Manoel e José Elias) e duas irmãs (Taciana e Maria Júlia) que se tornaram professoras e que se casaram com homens de formação superior. De acordo com o historiador Juarez Silva Junior, a análise das trajetórias dessa família apontariam para uma aparente estratégia familiar voltada para a obtenção da mobilidade social por meio da educação.[1]
Ele era o irmão mais velho de Manoel Monteiro Lopes, um dos primeiros deputados federais negros do Brasil.[1][3]
Em 1879, ele se tornou bacharel em direito pela Faculdade de Direito do Recife. Em 1881, após defender uma tese perante essa instituição, João Clodoaldo obteve o grau de doutor em ciências jurídicas e sociais.[3]
Na condição de político durante o Brasil Império, ele exerceu os mandatos de vereador da Câmara Municipal de Recife, em nível municipal, e de deputado provincial em Pernambuco durante a 27ª legislatura[4]. Nesta atividade parlamentar, chegou a alcançar a presidência da Assembleia Legislativa Provincial de Pernambuco, sendo o primeiro presidente negro de um parlamento brasileiro.[3]
Após a proclamação da República em 15 de novembro de 1889, ele abandonou a vida pública e se dedicou exclusivamente à advocacia.[3]
Família Monteiro Lopes
João Clodoaldo era o irmão mais velho de Manoel Monteiro Lopes, deputado federal entre 1909 e 1910, que veio a óbito no Rio de Janeiro. Os descendentes de João Clodoaldo formam o ramo pernambucano da família Monteiro Lopes.[5]
Ramo Amazônico
O chamado ramo "pernambucano" da família Monteiro Lopes seria formado em torno da figura de outro irmão de Manoel, o advogado José Elias Monteiro Lopes, também bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, que se radicou no estado do Pará durante a década de 1890. Será neste estado que José Elias exerceu os cargos de juiz substituto em Porto de Moz, em 1900, algum tempo depois veio a se mudar para as comarcas de Bayão, de Cametá, de Marabá (onde se tornou o primeiro juiz da localidade, sendo homenageado ao emprestar seu nome ao fórum local). Por fim, em 1922, ele se tornou juiz em Melgaço, onde veio a falecer.[5]
Entre os descendentes de José Elias estão:
- Agnano de Moura Monteiro Lopes (1910-1994): magistrado do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, onde veio a se tornar desembargador de justiça e presidente do TJ-PA.[5]
- Eduardo Monteiro Lopes: almirante da Marinha do Brasil. Foi Chefe do Estado-Maior da Armada e representante permanente do Brasil na Organização Marítima Internacional (IMO), com sede em Londres.[5]
- Eduardo Monteiro Lopes Filho: diplomata brasileiro, doutor em sociologia e vice-cônsul do Brasil em Londres.[5]
Referências
Ligações externas