José Vaz Pereira Pinto Guedes (Vila Real, Casa do Arco, 19 de março de 1764 - 31 de dezembro de 1834), 1.º visconde de Vila Garcia, foi um político e militar português, partidário de D. Miguel I.
Biografia
Foi Fidalgo da Casa Real, por sucessão,[1] e por seu casamento senhor da Casa da Igreja (hoje conhecida como solar dos Vaz Guedes) em Vila Garcia,[2] comendador da Ordem de Cristo, provedor de Guimarães, vice-presidente do governo interino de Trás-os-Montes, etc.[1]
Apoiante do infante D. Miguel I, aderiu à revolta anti-liberal, chefiada pelo seu primo segundo, o 1.º Marquês de Chaves e 2.º Conde de Amarante, que teve lugar em Vila Real, em 23 de fevereiro de 1823.[3] Na sequência, participou - juntamente com seu filho primogénito, Miguel Vaz Pereira Pinto Guedes, capitão do regimento de Cavalaria n.º 6 e condecorado com a medalha n.º 3 da guerra peninsular[4] - na chamada ação de Santa Bárbara, em 13 de março do mesmo ano, na qual as tropas dirigidas por Manuel da Silveira Pinto da Fonseca, o referido conde de Amarante, derrotaram as forças do general Pamplona. O seu filho Miguel, que era ajudante de campo de Amarante, faleceu nessa batalha.[5][4]
Amarante, porém, não aproveitou a vitória para prosseguir em direção ao Porto, com vista a ocupar a cidade e acabaria por ser derrotado a 27 de março, na batalha da ponte de Amarante, pelo general Luís Rego, pelo que as forças absolutistas - entre mil a dois mil homens - tiveram que se retirar para Espanha.[6] Mas a reviravolta da situação política em Lisboa em sentido favorável ao infante D. Miguel, com a ocorrência da Vilafrancada, acabaria por legitimar, retroativamente, a revolta de Trás-os-Montes, dirigida pelo conde de Amarante.
O ambiente político gerado pela Vilafrancada permitiu a premiação de diversos membros da nobreza, na sua maioria, mas não todos, aderentes à facção absolutista, nos quais se incluiu José Vaz Pereira Pinto Guedes, agraciado a 3 de julho de 1823 com o título (concedido em duas vidas) de Visconde de Vila Garcia. Na mesma data, seu irmão Luís Vaz Pereira Pinto Guedes, também partidário da causa absolutista, recebeu o titulo de 2.º visconde de Montalegre.[7]
Obra
Escreveu a publicou o seguinte livro: Análise e Refutação da Fala de Mr. Canning, Pronunciada na Câmara dos Comuns, em 12 de Dezembro de 1826, LIsboa, Imprensa da Rua dos Fanqueiros, 1829 [8]
Nele faz a sua crítica à decisão do governo britânico, expressa pelo seu secretário dos Negócios Estrangeiros, George Canning, de enviar a Lisboa uma divisão de 5 mil homens, em dezembro de 1826, em resposta a um apelo do então marquês, depois duque de Palmela, com vista a contrariar o apoio espanhol aos partidários de D. Miguel I em Portugal.
Família
Era filho segundogénito de Miguel António Vaz Guedes Pereira Pinto, 5.º Morgado do Arco, em Vila Real, e senhor dos morgados de São Miguel e de Montebelo, no Fundão,[9] e de sua mulher e prima, D. Francisca Margarida Leocádia Pereira Pinto de Magalhães.[1]
Sendo assim tio do 7.º morgado do Arco, D. Miguel Vaz Guedes de Ataíde Azevedo e Brito, e cunhado e primo de Bento de Queiroz Pereira Pinto Serpe e Melo, morgado de Favaios e de Alcongosta, ambos militares participantes na guerra peninsular.[1]
Casou em Vila Real, em 1784, com D. Ana Josefa Benedita da Fonseca Pinto da Silva e Vasconcelos, depois senhora da Casa-solar da Igreja, em Vila Garcia - e filha herdeira de Manuel da Fonseca Pinto Ribeiro e Vasconcelos, 7.º senhor da referida casa (hoje conhecida como solar dos Vaz Guedes),[2][10] 5.º senhor do morgado da Torre de S. Veríssimo, em São Miguel de Lobrigos , etc, com D. Ana Bernarda da Silva Pinheiro, senhora das Casas de Senães e de Curveira, no termo de Guimarães.
Do casamento houve descendência, tendo um bisneto, Luís Vaz Guedes Pereira Pinto Bacelar Teles de Meneses e Melo de Morais Pimentel, sucedido no título, por decreto de 23.11.1876 (D. Luís I) como 2.º visconde de Vila Garcia, além de representante dos títulos de visconde de Montalegre e visconde de Mirandela. Casou na Casa de Valmelhorado, a 03.07.1878, com D. Maria da Conceição de Sousa Pereira de Castro Caldas de Magalhães e Menezes; com geração.[5]
Referências
- ↑ a b c d Torres, João Carlos Feo Cardoso de Castello Branco e; Mesquita, Manuel de Castro Pereira de (1838). Resenha das familias titulares do Reino de Portugal acompanhada das noticias biographicas de alguns individuos das mesmas familias. Lisboa: Imp. nacional. pp. 292 – 295
- ↑ a b «Monumentos. Solar de Vila Garcia / Solar de Igreja. Arquitectura residencial, quinhentista. Casa solarenga dos Vaz Guedes». www.monumentos.gov.pt (em inglês). Consultado em 29 de março de 2024
- ↑ Ramos, Rui; Sousa, Bernardo Vasconcelos e; Monteiro, Nuno Gonçalo (29 de julho de 2014). História de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros. p. 606.
A 23 de fevereiro de 1823 ... em Trás-os-Montes, onde eram muito influentes, António da Silveira e seus parentes - entre os quais o sobrinho Manuel da Silveira, futuro segundo conde de Amarante e primeiro marquês de Chaves - protagonizaram um primeiro movimento militar a favor da 'restauração' do poder do rei
- ↑ a b Silveira Pinto, Albano Anthero da; Sanches de Baena, Augusto Romano Sanches de Baena e Farinha (1883). Resenha das familias titulares e grandes de Portugal. Gerstein - University of Toronto. Lisboa: F.A. da Silva. p. 740
- ↑ a b Zúquete, Afonso Eduardo Martins (1961). Nobreza de Portugal e do Brasil. Volume III. Lisboa - Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia. pp. 500 – 501
- ↑ «Revolta do Conde de Amarante». maltez.info. Consultado em 29 de março de 2024
- ↑ Valente, Vasco Pulido (1 de junho de 2018). O Fundo da Gaveta. Lisboa: D. Quixote. p. 22.
[entre] os primeiros títulos dados em recompensa de serviços políticos e militares, mas sobretudo militares, [em 1823] José Pinto Guedes, visconde de Vila Garcia...
- ↑ Villa-Garcia, José Vaz Pereira Pinto Guedes (2011). Analyse E Refutação Da Falla De Mr. Canning: Pronunciada Na Camara Dos Communs En 12 De Dezembro De 1826. Lisboa (na edição original): Nabu Press. 38 páginas. ISBN 978-1179859316
- ↑ Autarquia. «Igreja da Misericórdia do Fundão e Capela de São Miguel, Fundão». Portal da Freguesia V3 - Website. Consultado em 29 de março de 2024
- ↑ Fernandes, Mário Jorge Gonçalves (2014). «O Solar de Vila Garcia : redescoberta da sua fábrica». Consultado em 8 de abril de 2024