Jogos da série The Legend of Zelda para CD-i


Na década de 1990, a Philips Interactive Media publicou três jogos eletrônicos de ação e aventura baseados na franquia The Legend of Zelda da Nintendo para seu console Compact Disc-Interactive (CD-i). Os dois primeiros, Link: The Faces of Evil e Zelda: The Wand of Gamelon, foram desenvolvidos pela Animation Magic e lançados simultaneamente em 10 de outubro de 1993,[1][2][3] enquanto Zelda's Adventure foi desenvolvido pela Viridis e lançado em 5 de junho de 1994.[4] Os dois últimos foram os primeiros a incluir a Princesa Zelda como protagonista ao invés de Link. Faces of Evil e Wand of Gamelon usam a jogabilidade de rolagem lateral utilizada em Zelda II: The Adventure of Link (1987), enquanto Zelda's Adventure utiliza uma visão aérea semelhante à perspectiva do jogo original de 1986.[1][5] Nenhum dos três é canônico na linha do tempo da série The Legend of Zelda.[6]

Faces of Evil, Wand of Gamelon e Zelda's Adventure foram criados depois que a Philips obteve os direitos para utilizar personagens da Nintendo em jogos para CD-i. Eles receberam pouco financiamento e tempo de desenvolvimento, com a Nintendo fornecendo apenas opiniões superficiais. Todos os três foram prejudicados pelas limitações técnicas do CD-i, graças a ele não ter sido projetado como um console de jogos eletrônicos. Os jogos destacavam as capacidades do CD-i, incluindo cinemáticas em full motion video (FMV). As FMV de Faces of Evil e Wand of Gamelon eram animadas, enquanto Zelda's Adventure incluía FMVs em live-action.[1][5]

Assim como o próprio CD-i, os três jogos foram fracassos comerciais. Faces of Evil e Wand of Gamelon receberam críticas mistas em seu lançamento,[7] enquanto a recepção a Zelda's Adventure foi majoritariamente negativa. Críticas contemporâneas, entretanto, criticaram os três por seus níveis pouco intuitivos e esquemas de controle confusos. As FMVs de Faces of Evil e Wand of Gamelon também foram criticadas por sua baixa qualidade de animação depois de serem disponibilizadas em páginas de compartilhamento de vídeos como o YouTube. A Edge notou que, para jogadores veteranos da franquia The Legend of Zelda, os jogos são considerados "equivalentes a blasfêmia".[8]

História

Linha do tempo de anos de lançamento
1986The Legend of Zelda (NES)
1987Zelda II: The Adventure of Link (NES)
1988
1989
1990
1991A Link to the Past (SNES)
1992
1993Link's Awakening (GB, GBC)
Link: The Faces of Evil e
Zelda: The Wand of Gamelon
*
1994Zelda's Adventure*
1995
1996
1997
1998Ocarina of Time (N64)

Em 1989, a Nintendo assinou um acordo com a Sony para desenvolver um sistema baseado em CD-ROM conhecido como SNES-CD (ou "Nintendo PlayStation"), um periférico para o Super Nintendo Entertainment System que permitiria full motion video (FMV) e jogos maiores.[9][10] Entretanto, a Nintendo quebrou o acordo e ao invés disso assinou com a Philips para produzir o periférico, acontecimento que causou com que a Sony transformasse o produto em seu próprio console, o PlayStation.[9][10] Notando o fracasso crítico e comercial do Sega Mega-CD, a Nintendo descartou definitivamente a ideia de criar um periférico.[9][11] Como parte da dissolução do acordo com a Philips, a Nintendo deu à empresa a licença para usar diversos de seus personagens, incluindo Link, Princesa Zelda e Ganon, em jogos para o console Philips CD-i.[4][5]

Contratando estúdios independentes, a Philips usou os personagens para criar três jogos para o CD-i sem qualquer participação da Nintendo em seu desenvolvimento além de consultoria sobre a aparência dos mesmos.[12] Estas foram baseadas em desenhos advindos dos dois primeiros títulos da série, em especial aqueles contidos nos manuais de instruções.[13] A Philips insistiu que as desenvolvedoras utilizassem todos as capacidades do CD-i, incluindo FMVs, gráficos em alta resolução e música com qualidade de CD.[13][14] Graças ao sistema não ter sido desenvolvido com a finalidade de ser um console de jogos eletrônicos dedicado, havia diversas limitações técnicas, como controles lentos e diversos problemas de áudio, memória e gráficos.[13][14]

Os primeiros dois jogos foram revelados no Consumer Electronics Show de 1993, surpreendendo a audiência por seu nível de animação.[15] Todos os jogos da série The Legend of Zelda para CD-i foram lançados depois de Link's Awakening mas antes de Ocarina of Time, como ilustrado na linha do tempo, com os jogos relevantes marcados com asteriscos.

Elenco

A maioria dos atores escolhidos para a série viviam em Newburyport, Massachusetts. Jeffrey Rath e Bonnie Jean Wilbur foram escolhidos como Link e Zelda, respectivamente, enquanto Mark Berry interpretou o papel de Ganon. Paul Wann, marido de Wilbur, também interpretou diversos personagens. As sessões de gravação foram realizadas em Boston e Cambridge, Massachusetts.[16] Rath mais tarde reconheceu em uma entrevista que não viu o produto final até muitos anos depois.[17]

Jogos

Link: The Faces of Evil

Lançado simultaneamente com Zelda: The Wand of Gamelon, Link: The Faces of Evil representa o primeiro jogo da série The Legend of Zelda a ser lançado pela Philips para o CD-i. Seguindo o enredo tradicional da série onde Link salva Zelda, Faces of Evil foi criado com base no segundo jogo da franquia da Nintendo, Zelda II: The Adventure of Link. O jogo foi inovador na indústria de jogos eletrônicos por contratar um estúdio externo russo para criar a animação de todas as cinemáticas,[13] e foi recebido com críticas mistas em seu lançamento.[7][18] Críticas modernas são quase universais quanto a sua negatividade em relação ao jogo, particularmente com as cinemáticas animadas como alvos de depreciação.[1][12][19]

Zelda: The Wand of Gamelon

Revertendo o enredo tradicional da série, Wand of Gamelon tem Zelda como protagonista em uma aventura para resgatar Link e seu pai, que não retornaram de uma jornada. Assim como Faces of Evil, o jogo foi baseado majoritariamente em Zelda II: The Adventure of Link, e também conta com animações externas do mesmo estúdio.[13] Apesar das críticas mistas na época,[7] bem como Faces of Evil, críticos modernos quase unanimamente criticam o jogo por sua jogabilidade e animações.[1][14][19]

Zelda's Adventure

Ver artigo principal: Zelda's Adventure

Lançado quase 8 meses depois dos dois primeiros jogos da série The Legend of Zelda para CD-i, Zelda's Adventure foi criado por uma desenvolvedora diferente, a Viridis Corporation.[20] Assim como Wand of Gamelon, o jogo inclui um enredo onde Zelda deve salvar Link, mas com um motor de jogo diferente. Desta vez, a jogabilidade foi baseada no primeiro jogo da série, com uma visão aérea sobre o cenário e personagens.[5] Suas cinemáticas também são diferentes, substituindo sequências animadas por sequências em live-action.[9] O jogo foi recebido negativamente tanto em seu lançamento quanto por críticos modernos.[1][13][21][22]

Referências

  1. a b c d e f Cowan, Danny (25 de abril de 2006). «CDi: The Ugly Duckling». 1UP.com (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022. Arquivado do original em 20 de julho de 2012 
  2. «Link: The Faces of Evil». IGN (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022 
  3. «Zelda: The Wand of Gamelon». IGN (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022 
  4. a b Wilson, Mark (5 de junho de 2007). «This Day in Gaming, June 5th». Kotaku. Consultado em 22 de setembro de 2022. Arquivado do original em 8 de junho de 2008 
  5. a b c d Hilliard, Kyle. «Meet The Man Who Put Mario And Zelda On The Philips CD-i». Game Informer (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022 
  6. «Surprise! Aonuma Doesn't Consider The CD-i Zelda Games To Be Canon, Either». Nintendo Life (em inglês). 20 de setembro de 2013. Consultado em 22 de setembro de 2022 
  7. a b c Olivier, Baron Cyrille Leveneur Christian Scamps (maio de 1993). CDi Philips — Link: The Faces of Evil / Zelda: The Wand of Gamelon (em francês). 38. [S.l.]: Hachette Disney presse. p. 43-44. ISSN 0994-4559. OCLC 1029601578 
  8. «Development Hell». Future plc. Edge (120): 81. Fevereiro de 2003. ISSN 1350-1593 
  9. a b c d «CDi Series». Zelda Elements. 1 de janeiro de 2008. Consultado em 22 de setembro de 2022. Arquivado do original em 6 de março de 2008 
  10. a b Pinheiro, Jessica (28 de novembro de 2019). «Nintendo PlayStation: a parceria promissora que deu muito errado - e muito certo». The Enemy. Consultado em 22 de setembro de 2022 
  11. Redação (15 de novembro de 2016). «A estranha história da Nintendo PlayStation». Cubo Geek. Consultado em 22 de setembro de 2022 
  12. a b «Overview — Link: The Faces of Evil». Zelda Elements. Consultado em 22 de setembro de 2022. Arquivado do original em 14 de março de 2009 
  13. a b c d e f Szczepaniak, John (agosto de 2006). «The Making of... Zelda: 'Wand of Gamelon' & 'Link: Faces of Evil'». Imagine Publishing. Retro Gamer (em inglês) (27): 52-57. ISSN 1742-3155. Consultado em 22 de setembro de 2022 
  14. a b c «Overview — Zelda: The Wand of Gamelon». Zelda Elements. Consultado em 22 de setembro de 2022. Arquivado do original em 20 de fevereiro de 2008 
  15. «Zelda Ataca CDi». Nova Cultural. GamePower (16): 45. Outubro de 1993. Consultado em 22 de setembro de 2022 
  16. Clemens, Samuel (11 de julho de 2022). «The Legend of Zelda: The Voice Behind the Character». GamesReviews.com (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022 
  17. «The Gaming Liberty November 11th 2010». Zelda Dungeon Wiki (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022 
  18. Olivier, Baron Cyrille Leveneur Christian Scamps (dezembro de 1993). CD Tests — Link: The Faces of Evil. 44. [S.l.]: Hachette Disney presse. p. 192. OCLC 1029601578 
  19. a b Drucker, Michael S. (30 de setembro de 2005). «The Legend of Zelda: The Complete Animated Series». IGN (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022 
  20. Petrovich, Erik (23 de maio de 2021). «Every Legend Of Zelda Spin-Off Game, Ranked». Game Rant (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022 
  21. Team, USgamer (4 de junho de 2019). «Best Zelda Games Ranked Worst to Best». USgamer (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022 
  22. Schneider, Peer (26 de janeiro de 2002). «Hyrule Times Vol. 13: Zelda's Adventure». IGN (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2022