Jericó

 Nota: Para outros significados, veja Jericó (desambiguação).
Jericó
Jericó, a cidade mais antiga do mundo, situa-se na Cisjordânia
Árabe أريحا
Fundada em 9 000 a.C.
Governo Cidade (desde 1994)
População 20 400 (2006)
Website www.jericho-city.ps
Mapa

Jericó (em árabe: أريحا, transl. Ārīḥā; em hebraico: יְרִיחוֹ, transl. Yeriḥo) é uma cidade situada na Cisjordânia, a poucos quilômetros do rio Jordão, a 8 quilômetros da ponta norte do Mar Morto e aproximadamente a 27 km de Jerusalém. É considerada a cidade mais antiga ainda existente, habitada há 11 000 anos (desde antes de 9 000 a.C.).[1][2] Situada a cerca de 270 metros abaixo do nível do mar, é também a cidade mais baixa do planeta.

Buscas arqueológicas identificaram na cidade restos de mais de vinte civilizações que teriam residido no local, incluídas a mais antiga muralha e a mais antiga torre já encontradas na Terra, além de uma das mais antigas estátuas com representação de um rosto humano.[2]

É mencionada já na Bíblia como uma importante cidade no vale do rio Jordão. Descrita no Antigo Testamento como a "Cidade das Palmeiras", abundantes campos ao redor de Jericó têm feito dela uma localidade atrativa para habitação humana por milhares de anos.[3] Ela é conhecida na tradição judaico-cristã como a primeira cidade na Terra Prometida encontrada pelos israelitas após cruzarem o rio Jordão, depois de peregrinarem quarenta anos pelo deserto após escaparem da escravidão no Egito.

A Bíblia menciona as antigas muralhas protetivas da cidade, que teriam sido derrubadas pelos israelitas liderados por Josué, ajudante e sucessor de Moisés. Na cidade encontra-se também o Monte das Tentações, onde, segundo o Novo Testamento, Jesus teria sido tentado pelo Diabo.

Etimologia

Há mais de uma teoria para a origem do nome de Jericó. O nome Jericó é conhecido pelos seus habitantes locais como Ārīḥā (em árabe: أريحا), o qual significa "perfumado" e deriva da palavra cananeia (assim como o árabe e o hebraico) Reah, de mesmo significado.[4][5][6] Jericó também é pronunciado Yəriḥo (יְרִיחוֹ) em hebraico, e uma teoria alternativa fortalece que ela é derivada da palavra "lua" (Yareah) em cananeu e hebraico, sendo que a cidade foi um antigo centro de adoração a deuses lunares.[7]

História

Cabeça de estátua de aproximadamente 9000 anos atrás, encontrada em Jericó. Pode tratar-se da mais antiga representação existente de um rosto humano. Atualmente, a estátua encontra-se em museu em Jerusalém.

Tempos antigos

Acredita-se que Jericó seja uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo, com evidência de assentamentos datados de antes de 9 000 a.C., provendo informações importantes sobre antigas habitações humanas no Oriente Próximo.[8] Por volta de 8000 a.C., havia se transformado em uma pequena cidade murada, com casas em forma de colmeia, fundações de pedra e pisos rebocados, muitas das quais possuíam pátios privados e fornos.[9]

O primeiro assentamento permanente foi construído próximo a Ein as-Sultan, entre 8 000 e 7 000 a.C. por um povo desconhecido, e consistiu de um certo número de muros, um santuário e uma torre de sete metros de altura com uma escadaria interna.[10] Após alguns séculos, foi abandonado para um segundo assentamento, estabelecido em 6 800 a.C., talvez pela invasão de um povo que absorveu os habitantes originais para dentro de sua cultura dominante. Artefatos datados desse período incluem dez crânios, engessados e pintados como para reconstituir as feituras individuais.[10] Isso representa o primeiro exemplo de retrato na arte histórica, estes crânios foram preservados em casas populares enquanto os corpos ficaram apodrecendo.[11] Este foi seguido por uma sucessão de assentamentos de 4 500 a.C. adiante, o maior destes foi construído em 2 600 a.C..[10]

Evidências arqueológicas indicam que na metade final do Bronze Médio (c.e 1 700 a.C.), a cidade desfrutou alguma prosperidade, seus muros tinham sido reforçados e expandidos.[12] A cidade canaanita (Jericho City IV) foi destruída c.e 1 550 a.C.,[13][14] e o sítio remanescente ficou desabitado até que a cidade fosse refundada no século IX a.C..

No século VIII a.C., os assírios invadiram pelo norte, seguidos pelos babilônios, e Jericó ficou despovoada entre 586 e 538 a.C., o período do exílio babilônico. O Ciro II refundou a cidade, a um quilômetro e meio, a sudeste do seu sítio histórico, o monte de Tel Sultão, e retornando os judeus exilados após a conquista da Babilônia em 539 a.C..[10]

Antiguidade Clássica

Remanescentes do palácio de Herodes

Jericó foi desde o início um centro administrativo sob domínio persa, serviu como um estado particular de Alexandre o Grande entre 336 e 323 a.C. após a conquista da região. Em meados do século II a.C., Jericó ficou sob domínio helenista, o general sírio Báquides construiu alguns fortes para fortalecer as defesas da área ao redor de Jericó contra a invasão dos macabeus (1 Mac 9:50). Um dos seus fortes, construído na entrada do Uádi Quelte, foi posteriormente refortificado por Herodes, o Grande, que o nomeou de Cipro, em homenagem a sua mãe.[15]

Herodes inicialmente arrendou Jericó de Cleópatra depois de Marco Antônio tê-la dado a ela como um presente. Após seu suicídio coletivo em 30 a.C., Otaviano assumiu o controle do império romano e deixou Herodes reinando sobre Jericó. Herodes supervisionou a construção do hipódromo-teatro (Tel es-Samrat) para divertir seus convidados e novos aquedutos para irrigação da área abaixo dos precipícios e próximo do seu palácio de inverno construído no sítio de Tulul al-Alaiq.[15]

O assassinato dramático de Aristóbulo III em uma piscina de Jericó, como dito pelo historiador Josefo, durante um banquete organizado por Herodes. A cidade, desde a construção de seus palácios, não funcionou apenas como um centro agrícola e nem como um cruzamento, mas como uma estação de inverno à aristocracia de Jerusalém.[16]

Herodes foi sucedido pelo seu filho, Arquelau, o qual construiu uma vila adjacente a Jericó em seu nome, Arquelau (Archelais), casa de operários da sua plantação (Khirbet al-Beiyudat). No século I Jericó é descrita na Geografia de Estrabão:

"Jericó é como uma planície cercada por um tipo de zona montanhosa, a qual em um caminho, encontra-se como um teatro. Aqui está a Fenícia, a qual é diferenciada também com todos os tipos de cultivos e árvores frutíferas, ainda que compõe-se sobre tudo de palmeiras. Tem cem estádios de comprimento e é em toda parte abastecida com riachos. Aqui também estão o Palácio e o Parque do Bálsamo".[15]

As tumbas cortadas na rocha de um cemitério da era herodiana e hasmoneia jazem na parte baixa do penhasco entre Nuseib al-Aweishireh e Jebel Quruntul em Jericó e foram usados entre 100 a.C. e 68 d.C..[15]

A Bíblia declara que Jesus passou por Jericó, curou dois cegos e a conversão de um coletor de impostos local de nome Zaqueu. Após a queda de Jerusalém pelo exército de Vespasiano em 70 d.C., Jericó declinou rapidamente, e pelo ano 100 a cidade foi uma pequena guarnição romana.[17] Pouco tempo depois disso, construíram sobre a área da cidade que foi abandonada, e uma Jericó bizantina, Ericha, foi construída a um quilômetro e meio à leste, ao redor da qual a cidade moderna está centrada.[17] O cristianismo chegou na cidade durante a era bizantina e a área foi grandemente populosa. Um número de monastérios e igrejas foram construídos, incluindo São Jorge de Koziba em 340 e uma cúpula de igreja foi dedicada para Eliseu.[16] Umas duas sinagogas foram construídas no século VI.[15] Os monastérios foram abandonados após a invasão persa de 614.[10]

Período do Califado árabe

Mosaico árabe conhecido como "A Árvore da Vida", encontrado no Palácio de Hixame, em Jericó. A cena é hoje o símbolo de Jericó, o selo municipal da cidade e é reproduzida em artesanato produzidos em diferentes localidades na Palestina e na Jordânia.

Por volta de 661, Jericó estava sobre o domínio do Califado Omíada. O décimo califa da dinastia, Hixame ibne Abedal Maleque, construiu um complexo palacial conhecido como Khirbet al-Mafjar cerca de um quilômetro e meio a norte do Tel Sultão em 743, duas mesquitas, um pátio, mosaicos, e outros items que podem ser vistos hoje in situ, apesar de terem sido parcialmente destruídos no terremoto de 747.

O domínio omíada terminou em 750 e foi seguido pelo Califado Abássida e então pelo Califado Fatímida. A agricultura irrigada foi desenvolvida sobre o domínio islâmico, reafirmando Jericó a reputação de uma fértil "Cidade das Palmeiras".[18] Mocadaci, o geógrafo árabe, escreveu em 985 que, "a água de Jericó é considerada a maior e melhor em todo o Islã. Bananas são abundantes, também flores de fragrância aromática".[19]

A cidade prosperou desde 1071 até a invasão dos turcos seljúcidas, seguido pelo transtorno dos cruzados. Em 1179, os cruzados reconstruíram o Mosteiro de São Jorge de Koziba, no lugar original, a nove quilômetros do centro da cidade. Eles também construíram outras duas igrejas e um monastério dedicado a João Batista e são reconhecidos como introdutores da produção de cana-de-açúcar na cidade.[20] Em 1187, os cruzados foram expulsos pelas forças aiúbidas de Saladino após sua vitória na Batalha de Hatim, e a cidade lentamente foi ao declínio.[10]

Em 1226, o geógrafo árabe Iacute de Hama falou de Jericó: "muitas palmeiras, também cana-de-açúcar em quantidade, e bananas. O melhor de todo o açúcar na terra de Ghaur é feito aqui." No século XIV, Abulféda escreveu que em Jericó estão minas de enxofre, "a única na Palestina".[21]

Período Otomano (1517-1918)

Antigo cartão postal de Jericó no final do século XIX ou início do XX

Nos primeiros anos do domínio Otomano, Jericó fez parte do waqf e do emirado de Jerusalém. Os aldeões transformaram índigo em uma fonte de renda, usando uma caldeirão especial para esse propósito, que foi emprestado pelas autoridades otomanas em Jerusalém.[22] Durante a maior parte do período Otomano, Jericó foi uma pequena vila de agricultores suscetíveis a ataques de beduínos. No século XIX, estudiosos europeus, arqueólogos e missionários visitaram-na frequentemente. A primeira escavação arqueológica no Tel Sultão foi realizada em 1867, e os monastérios de São Jorge de Koziba e João Batista foram refundados e concluídos em 1901 e 1904, respectivamente.[10]

Referências bíblicas

Os muros de Jericó caem quando o sacerdote israelita toca a sua trombeta, nesta ilustração do século XIV

Jericó é mencionada mais de 70 vezes na Bíblia Hebraica. Antes da morte de Moisés, Deus é descrito como mostrando-lhe a Terra Prometida no quinto livro da Torá, Deuteronômio Jericó é um ponto de referência: «Então, subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cimo de Pisga, que está defronte de Jericó; e o Senhor lhe mostrou toda a terra de Gileade até Dã.» (Deuteronômio 34:1).

O Livro de Josué narra a famosa batalha de Jericó, afirmando que ela foi rodeada por sete vezes pelos Filhos de Israel até que as paredes vieram abaixo,[23] após a qual Josué amaldiçoa a cidade: «Naquele tempo, Josué fez o povo jurar e dizer: Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito lhe porá os fundamentos e, à custa do mais novo, as portas". "Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas. Tendo ouvido o povo o sonido da trombeta e levantado grande grito, ruíram as muralhas, e o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si, e a tomaram. Tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio de espada, tanto homens como mulheres, tanto meninos como velhos, também bois, ovelhas e jumentos» (Josué 6:26). «. -- Josué 6:20-21" Segundo o Primeiro Livro dos Reis Jericó, séculos depois, um homem chamado Hiel de Betel reconstruiu Jericó e assim como Josué havia predito, ele perdeu seus filhos como resultado. (I Reis 16:34)» (Josué 6:26).

O Livro de Jeremias descreve o fim do rei da Judeia, Zedequias, quando ele é capturado na região de Jericó:"Mas o exército dos caldeus os perseguiu e alcançou a Zedequias nas campinas de Jericó; eles o prenderam e o fizeram subir a Ribla, na terra de Hamate, a Nabucodonosor, rei da Babilônia, que lhe pronunciou a sentença". (Jeremias 39:5-7).

Jericó também é mencionada várias vezes no Novo Testamento, nos livros de Mateus, Marcos, Lucas e Hebreus. De acordo com (Mateus 20:29-30), Jesus curou dois cegos, quando ele e seus discípulos estavam saindo de Jericó. Em (Marcos 10:46-52), Marcos conta a mesma história, só que ele só menciona um homem, Bartimeu. Assim como Marcos, Lucas menciona apenas um homem, mas ele difere em seu relato, dizendo que Jesus e seus apóstolos estavam se aproximando de Jericó. Algumas versões conciliariam esta traduzindo-a como "quase". Na Epístola aos Hebreus, o autor menciona a história do Antigo Testamento da destruição de Jericó, como uma exposição externa da fé. (Hebreus 11:30) Na Parábola do Bom Samaritano, Jesus menciona que um certo homem estava a caminho de Jericó.

Geografia

Saiba mais em Vale do Jordão.

Uma vista aérea de Jericó, mostrando as ruínas de Tel Sultão

Jericó está localizada a 258 m abaixo do nível do mar, em um oásis em Uádi Quelte, no Vale do Jordão.[10][24]

Este vale compreende uma região situada na parte oriental de Israel e na Cisjordânia, tratando-se, também, de uma considerável parte do chamado "Grande Vale do Rift", uma falha tectônica que se estende desde o norte da África até a Turquia.[25] Ainda em termos de extensão, a área estende-se desde o Mar da Galileia, ao norte, até o Mar Morto, ao sul, cobrindo cerca de 2.400 quilômetros quadrados.[26]É uma área de baixios, com altitudes que variam de cerca de 400 metros abaixo do nível do mar no ponto mais baixo, até aproximadamente 600 metros acima do nível do mar em áreas adjacentes.[25]Em termos da geomorfologia estrutural, a região é caracterizada por uma depressão geológica, com áreas que chegam a estar abaixo do nível do mar, especialmente próximo ao Mar Morto.[26]

Mapa em Inglês do rio Jordão, que corre ao longo da fronteira entre a Jordânia, a Cisjordânia, Israel e o sudoeste da Síria.

O clima do Vale do Jordão é árido e semiárido, com temperaturas que podem variar significativamente entre o dia e a noite, com verões quentes e secos e invernos moderadamente frios.[25] A precipitação anual é de 160 mm, concentrada entre novembro e fevereiro. A temperatura média é de 15 °C em janeiro e 31 °C em agosto. A luz do sol é constante, o rico solo de aluvião, e a água em abundância da primavera sempre fizeram de Jericó um lugar atraente para o povoamento.[24]

A fonte próxima de Ein es-Sultan produz 1 000 galões de água por minuto (3,8 m³/min), irrigando uns 2 500 Acres (10 km²) através de múltiplos canais que se alimentam no rio Jordão, a 10 km de distância.[10][24]

A região onde está situada a cidade de Jericó possui áreas agrícolas cultivadas, principalmente com cultivo de frutas e vegetais, sendo a Agricultura o principal motor econômico da Região[27]. A área tem terras férteis, principalmente nas proximidades do Rio Jordão, que são amplamente utilizadas para a agricultura irrigada. Culturas como frutas cítricas, bananas, vegetais e cereais são produzidas na região. A produção agrícola no vale é vital, mas depende intensamente da gestão de água para irrigação, dadas as condições climáticas áridas.[27] A irrigação, portanto, é essencial devido ao clima seco e à baixa precipitação. O Rio Jordão é visto, dessa forma, como um recurso hídrico crucial para a região, fornecendo água para consumo humano e para a agricultura. Ainda relativo a esse importante recurso hídrico, este forma, nos tratados internacionais, a fronteira natural entre a Jordânia e a Cisjordânia, este último um território reivindicado pela Palestina.[25][26] É possível afirmar que o Vale do Jordão, onde se situa a cidade de Jericó, cobre aproximadamente 30% do território da Cisjordânia.[28]

Vista aérea de um trecho do Vale do Jordão, com o Rio Jordão fluindo, ao centro, com seus meandros.

Em termos demográficos, a região do Vale é habitada tanto por palestinos quanto por colonos israelenses. No entanto, a maior parte do território está sob controle militar de Israel, com uma presença significativa de assentamentos israelenses. Cerca de 65 mil palestinos vivem na área, além de aproximadamente 11 mil colonos israelenses.[26]

A região tem sido alvo de preocupações ambientais e de conservação devido ao impacto da atividade humana e às questões de gestão dos recursos hídricos.[25] O uso intensivo da água para irrigação, combinado com a expansão dos assentamentos israelenses e a ocupação militar, cria vários desafios ambientais, incluindo o risco de desertificação e o declínio da qualidade da água no Rio Jordão.[26] Outro desafio ambiental está relacionado à diminuição do nível do Mar Morto devido justamente ao uso excessivo da água para irrigação.[28]

Em termos geoestratégicos, o Vale do Jordão se mostra uma área de importância política. Como exemplo, é possível citar o fato de Israel ter anunciado planos para construir uma barreira de segurança na região, evidenciando as disputas entre israelenses e palestinos sobre a soberania e controle da região.[29] Israel, sob o governo de Benjamin Netanyahu, propôs planos de anexação do Vale do Jordão, o que aumentou as tensões com a Palestina e a comunidade internacional. Para os palestinos, a anexação do vale comprometeria qualquer possibilidade de um Estado palestino independente, pois a área seria essencial para a sua economia e segurança.[28] O controle sobre essa área é uma questão central nas negociações de paz entre Israel e a Palestina, enquanto Israel vê o vale como uma barreira natural de defesa contra as ameaças vindas do leste.[26][28]

A imagem panorâmica retrata o Vale do Jordão, com uma vasta planície agrícola cercada por colinas. Há grandes áreas cultivadas com campos retangulares e pequenos lagos, sugerindo irrigação. As colinas ao fundo apresentam uma vegetação árida e esparsa.

Arqueologia

Tempos pré-históricos

Desde os tempos pré-históricos se distinguem três assentamentos distintos acerca da localização atual, que possuem mais de 11 000 anos, em uma posição noroeste a respeito do Mar Morto.

Tel Sultão

Fundações de uma residência desenterrada no Tel Sultão em Jericó

O primeiro assentamento foi localizado no atual Tel Sultão, a poucos quilômetros da cidade atual. No idioma hebraico e em árabe, tel significa ‘monte’ de estratos consecutivos que se acumularam pela habitação humana, igual aos estabelecimentos antigos no Oriente Médio e Anatólia. Jericó é um tipo de sítio classificado como Neolítico Pré-Cerâmico A (PPN A) e Neolítico Pré-Cerâmico B (PPN B). A habitação humana está classificada em várias fases:

Idade da Pedra

Epipaleolítico: se caracteriza por instalações e construções de estruturas de pedra da cultura Natufiense, que começa antes de 9 000 a.C., o real início do período holoceno na história geológica.

PPN A

Neolítico Pré-Cerâmico A: (8 350 a 7 370 a.C.), também chamado Sultaniense. Neste período se inicia a construção de um assentamento de 40.000 metros quadrados, rodeado por um muro de pedra, com uma torre de pedra no centro desse muro. Em seu interior há casas redondas de tijolos de barro ou adobe.[30] A identidade e número de habitantes (algumas fontes dizem de 2 000 a 3 000 moradores) de Jericó durante o período do PPN ainda está em debate, embora seja conhecido que eles tenham domesticado farro, cevada e feijão, e caçado animais selvagens.

PPN B

Neolítico Pré-Cerâmico B: (7 220 a 5 850 a.C.). Ampla gama de plantas domesticadas. Possível domesticação de ovelha. Aparente culto religioso envolvendo a preservação de crânios humanos, e reconstrução facial com gesso e os olhos cobertos com cascas de frutas em alguns casos.

Após a fase de assentamento do PPN A, há uma pausa nos assentamentos por vários séculos, após isso inicia-se o assentamento do PPN B, sendo fundado sobre a superfície erodida do tel. Nesta nova etapa a arquitetura consiste em edifícios retilíneos feitos de tijolos em fundações de pedra. Os tijolos foram feitos com profundas impressões do polegar para facilitar sua manipulação. Nenhum edifício tem sido escavado em sua totalidade. Normalmente, várias salas formavam uma aglomeração ao redor de um pátio central. Há um sítio de grande dimensões (6,5 x 4 m e 7 x 3 m) com divisões internas, o resto são pequenos, utilizado provavelmente para o armazenamento. Os quartos têm cores vermelhas ou róseas e os pisos foram feitos de cal, formando o que se conhece como terrazzo. Algumas impressões de esteiras feitas de canas. Os pátios têm pisos de gesso.

Kathleen Kenyon, uma das mais destacadas investigadoras dos assentamentos de Jericó, interpreta que uma das construções foi algo assim como uma capela, e que em uma das paredes tem um altar. Um pilar de pedra vulcânica foi encontrado perto desse lugar. Seus habitantes enterravam seus mortos de baixo dos pisos ou em um aterro de escombros de edifícios abandonados. Há vários enterros coletivos, há um em que todos os esqueletos se articulam totalmente, o que pode assinalar um período de exposição antes do enterro propriamente dito. Uma sepultura de A continha sete crânios. Os maxilares foram separados, a cara coberta com gesso, caracóis marinhos foram utilizados para os olhos. Nos outros sítios, se encontraram dez crânios. Os crânio modelados foram encontrados dentro de Tel Ramade e Beisamum.

Demografia

A demografia tem variado muito dependendo do grupo étnico e governo dominante na região nos últimos três mil anos. Em um levantamento populacional feito em 1945 por Sami Hadawi, 3 010 habitantes moravam em Jericó, dos quais 94% (2 840) eram árabes e 6% (170) eram judeus.[31]

No primeiro censo realizado pelo Escritório Central de Estatísticas Palestinas (PCBS), em 1997, a população de Jericó era de 14 674. Refugiados palestinos constituíam 43,6% de residentes ou 6 393 pessoas.[32] O género sexual da cidade era de 51% de homens e 49% de mulheres. Jericó tinha uma população jovem, com quase metade (49,2%) de seus habitantes estando abaixo de 20 anos. Pessoas entre 20 e 44 anos compunham 36,2% da população, 10,7% entre 45 e 64 anos, e 3,6% estavam acima de 64 anos de idade.[33]

Baseado nas projeções da PCBS, Jericó atualmente possui uma população árabe palestina acima de 20 000 pessoas.[34] O prefeito atual é Hassan Saleh, um ex-advogado.

Panorama de Jericó

Relações internacionais

Cidades-irmãs

Jericó está irmanada com:

Referências

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  • Scheller, William (1994). Amazing Archaeologists and Their Finds. [S.l.]: The Oliver Press, Inc. 
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  • le Strange, Guy (1890). Palestine Under the Moslems. [S.l.]: Alexander P. Watt for the Committee of the Palestine Exploration Fund 

Ligações externas

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