Desde seus três anos de idade, Jascha Heifetz tocou violino[1] e, desde os vinte e seis, apresentou em frente a plateias imensas em todo o mundo. Desde seu primeiro concerto orquestrado em São Petersburgo no dia 30 de Abril de 1911, ele expôs sua arte ao mundo através de mais de dois milhões de quilômetros de viagens ao redor do globo, inúmeras aparições em rádios e participações em produções cinematográficas.
Heifetz começou a tocar em um pequeno violino, dado a ele por seu pai, professor de violino local, quando a família ainda vivia na cidade de Vilna, na Rússia (atualmente chamada Vilnius e localizada na Lituânia), e com sete anos já fazia pequenas apresentações solo. Entrou na famosa classe de Leopold Auer em São Petersburgo com a idade de nove anos e em três anos foi considerado uma criança prodígio, com raro dom para a música.
Sabe, disse Heifetz certa vez, na minha opinião, isso de criança prodígio não passa de uma doença, geralmente fatal. Eu tive a sorte de estar entre os poucos que sobreviveram a isso. Mas havia a vantagem de possuir um grande professor e uma família que levava a música em alta consideração, tinha bom gosto e odiava a mediocridade.
Nos anos que se seguiram a sua estréia em São Petersburgo, Heifetz apresentou-se seguidamente na Alemanha, Áustria e Escandinávia, mas após a Revolução Russa (1917), sua família mudou-se para a América do Norte. Heifetz lá tocou pela primeira vez no Carnegie Hall, no dia 27 de outubro de 1917. Sobre esta noite, o crítico Samuel Chotzinoff reportou: O violinista de dezesseis anos parecia a pessoa menos preocupada de todo o auditório enquanto caminhava até o palco e pouco se movia durante toda a exibição de tamanho virtuosismo e musicalidade como nunca havia sido visto nesse histórico auditório.. Do dia para a noite, Heifetz se tornou um ídolo e durante aquele ano se apresentou mais trinta vezes apenas na cidade de Nova Iorque.
Rapidamente Heifetz adotou os Estados Unidos como pátria e naturalizou-se como cidadão estadunidense em 1925. Nos anos 1940, já adaptado ao american way of life, Heifetz comprou uma confortável casa em Beverly Hills, onde viveu até sua morte.
Assim que atingiu os sessenta anos, já com meio século de apresentações e concertos em todo o planeta, Heifetz começou a diminuir gradualmente suas aparições em público, até seu último recital, em 1972. Agora, ele devotaria toda sua vida ao ensino. Guiando seus alunos com firmeza e sarcasmo, Heifetz tentava incutir-lhes o respeito pela disciplina, além das formas de tocar o violino com virtuosismo e poder, ensinando-os a fazer o melhor da música ao violino. Os seus alunos eram, entre outros Erick Friedman, Yuval Yaron, Claire Hodgkins, Yukiko Kamei, Rudolf Koelman, Eugene Fodor e Paul Rosenthal.
Durante toda sua vida, Heifetz foi conhecido por sua técnica limpa, rápida, virtuosa e impecável de tocar violino. Foi também acusado por muitos de tocar mecanicamente e com estilo excessivamente formal, em parte por sua expressão sempre austera e impassível enquanto tocava. Trabalhando exaustivamente dentro de casa e no estúdio, Heifetz, aos setenta anos, possuía mais de oitenta álbuns gravados, entre versões de outros compositores, adaptações, trilhas e composições próprias. Inclusive, escreveu uma música pop chamada When You Make Love To Me (Don't Make Believe) sob o pseudônimo de Jim Hoyl. A canção foi interpretada por Margaret Whiting.
Vida pessoal
Heifetz foi casado duas vezes, sendo a primeira em 1928, com a atriz do cinema mudo Florence Vidor, a qual tinha uma filha de sete anos chamada Suzanne, que Heifetz adotou. O casal teve mais dois filhos, Josefa (1930) e Robert (1932-2004), antes de se divorciar, em 1945.
Em 1947 Heifetz tirou um longo período de férias, durante o qual casou com Frances Spigelberg, tendo um filho, Joseph. Esse segundo casamento também acabou com um divórcio, em 1962. O filho de Heifetz, Joseph, é fotógrafo e atualmente reside na Austrália. A filha, Josefa Heifetz Byrne, é lexicógrafa ("Dictionary of Unusual, Obscure and Preposterous Words" ISBN 0-246-11151-8).