Jardim América (bairro de São Paulo)

Jardim América
Bairro de São Paulo
Aspecto de uma via do bairro.
Área 1.091 km²[1]
Fundação 1913
Distrito Jardim Paulista
Subprefeitura Pinheiros
Região Administrativa Oeste
Mapa

O Jardim América é um bairro nobre da zona oeste da cidade de São Paulo, Brasil. Forma parte da região da cidade conhecida como Jardins, de predomínio da classe-alta. O bairro faz parte do distrito do Jardim Paulista, administrado pela subprefeitura de Pinheiros. É delimitado pela Rua Groenlândia, Avenida Nove de Julho, Rua Estados Unidos e Avenida Rebouças, sendo cortado ao meio pela Avenida Brasil. Limita-se com os bairros: Jardim Paulista, Jardim Europa e Pinheiros.[2] Sendo o primeiro bairro-jardim paulistano.[3]

História

Loteamento Jardim América, City of S. Paulo Improvements & Freehold Land Co. Limited (1933).

Projetado pelos ingleses Barry Parker e Raymond Unwin, o bairro foi o primeiro projeto imobiliário brasileiro baseado no modo cidade-jardim. O projeto foi encomendado pela City of São Paulo Improvements and Freehold Company Limited, também sediada na Inglaterra, que fez um loteamento voltado para o público de alto poder aquisitivo.[4] Horacio Belfort Sabino,[5] consogro de Cesário Cecílio de Assis Coimbra e sócio da Cia. City em vários empreendimentos, foi proprietário de extensas áreas nessa região, inclusive as que formam, atualmente, o bairro de Cerqueira César, parte delas legadas por seu sogro Afonso Augusto Milliet e parte adquirida de terceiros.[2] Essa experiência de urbanização tinha como preocupação oferecer uma alta qualidade de vida aos moradores, por meio de residências instaladas em grandes terrenos ajardinados, dispostos em ruas arborizadas de traçado curvilíneo.[6][2]

Inicialmente, tratava-se de uma propriedade dos coronéis Joaquim e Martim Ferreira da Rosa, com uma área de 1 091 118 m².[2][7] O projeto inicial do bairro previa uma grande praça central com quatro ruas em diagonais, jardins internos privativos (que integrariam os terrenos) e uma avenida principal de acesso aos mesmos. Tal ideia, contudo, enfrentou objeções na sociedade da época.[4] Foram necessárias adaptações, fazendo com que alguns jardins passassem a ter um uso semi-público, com acessos através de vielas.[8]

As obras se iniciaram em 1913, terminando quase duas décadas depois, em 1929.[2] Os loteamentos eram regidos por diversas restrições de uso do solo, criadas pela Companhia City: limites para o gabarito, afastamentos laterais e recuos de fundo e de frente.[4] O objetivo era garantir a qualidade ambiental, sanitária e visual dos imóveis que ali seriam erigidos.[2] Esses procedimentos eram inovadores para a época.[8] Além disso, O decreto municipal nº 3227, datado de 1929, estabelecia a proibição de construção de prédios não residenciais, o que conferiu-lhe um padrão diferenciado e garantiu sua alta valorização.[8]

Intensa arborização de suas vias.

Houve longas negociações entre a empresa loteadora e a prefeitura do município, pleiteando melhorias como iluminação pública e serviços de transporte coletivo. A City colaborou com a doação dos terrenos onde se instalaram o Club Athletico Paulistano e a Sociedade Harmonia de Tênis, com o objetivo de estimular a prática de esportes e a saúde dos moradores do bairro.[2] Foi ainda cedido um terreno para a construção da Igreja Nossa Senhora do Brasil.[4] O Club Athletico Paulistano tinha como sede o Estádio Jardim América, onde eram realizados os jogos do Campeonato Paulista de Futebol.[9] O estádio foi demolido na década de 1950.

Em virtude de seu inestimável valor paisagístico em decorrência da sua localização, o bairro e a região dos Jardins foram tombados pelo CONDEPHAAT no ano de 1986.[10]

Atualidade

Exemplo de mansão do bairro.

O Jardim América é um dos mais valorizados da capital paulista,[4] sendo o bairro mais caro da cidade para se residir em casa térrea e o segundo que mais consome água.[11] Também é residência de diversos moradores da elite paulistana.[12] É classificado pelo CRECI como "Zona de Valor A", tal como outros bairros nobres da cidade, exemplo de: Higienópolis, Cidade Jardim e Ibirapuera.[13]

Foi retratado em diversos livros de arquitetura e história nacional, tais como: "A cidade e os Jardins: Jardim América, de projeto urbano a monumento patrimonial (1915-1986)" da historiadora Zuleide Casagrande de Paula[14] e “Jardim América: o Primeiro Bairro-jardim de São Paulo e sua Arquitetura" de Sílvia Ferreira Santos.[15][4]

No bairro localizam-se o Clube Atlético Paulistano[16], e a Sociedade Harmonia de Tênis,[17] clube de esportes tombado pelo CONDEPHAAT na década de 1980, por sua arquitetura inovadora.[18] Abriga também a Igreja Nossa Senhora do Brasil, na Praça Nossa Senhora do Brasil, muito procurada para casamentos da elite paulistana. Projetada em estilo colonial-barroco na década de 1940 pelo arquiteto Bruno Simões Magro, possui também um acabamento em azulejos de cerâmica, madeira de lei trabalhada e zimbórios de pastilhas de porcelana.[19]

Em seu território encontram-se os consulados chinês, espanhol, peruano, português, russo e uruguaio.[20][21]

Moradores e ex-moradores

Bibliografia

  • MARQUES, Eduardo (2014). Jardim América: a relação entre urbanismo e segregação socioespacial Revista de Estudos Urbanos e Regionais, v. 5, n. 1 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 98–112 
  • CALDEIRA, Teresa Pires do Rio (2013). A elite paulistana e os bairros dos Jardins: luxo e exclusividade no Jardim América Cadernos Metrópole, v. 15, n. 3 ed. São Paulo: PUC-SP. pp. 67–81 
  • SOMEKH, Nádia (2010). Patrimônio e modernidade no Jardim América: preservação e transformações arquitetônicas Anais do Museu Paulista, v. 18, n. 2 ed. São Paulo: Museu Paulista. pp. 123–140 
  • CORRÊA, Roberto Lobato (2007). Os bairros de elite de São Paulo: Jardim América e a conformação do espaço urbano Revista GEOUSP, v. 11, n. 1 ed. São Paulo: USP. pp. 45–58 
  • LEME, Maria Cristina da Silva (2002). A cidade-jardim e os Jardins de São Paulo: o urbanismo de Barry Parker Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 4, n. 2 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 9–25 
  • Villaça, Flávio (1998). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel. pp. 107–108 
  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230 

Referências

  1. Jd América
  2. a b c d e f g A história do Jardim América - Estadão
  3. Memória: Jardim América, o primeiro bairro-jardim de São Paulo
  4. a b c d e f Sete curiosidades do Jardim América
  5. O visionário que ajudou a urbanizar SP
  6. A natureza projetada em um bairro paulistano: a história do Jardim América
  7. Jardins: antes das mansões havia o brejo
  8. a b c Jardim América: a arquitetura do primeiro bairro-jardim de São Paulo
  9. Tempos do Futebol
  10. Para ter acesso à Resolução de Tombamento, conforme publicada no Diário Oficial
  11. «Consumo excessivo de água no Lago Sul». Consultado em 15 de setembro de 2010. Arquivado do original em 31 de maio de 2013 
  12. Os endereços milionários
  13. «Pesquisa CRECI» (PDF). 11 de julho de 2009. Consultado em 2 de agosto de 2009. Arquivado do original (PDF) em 6 de julho de 2011 
  14. A natureza projetada em um bairro paulistano: a história do Jardim América[ligação inativa]
  15. Dicas de Leitura: Arquitetura e Urbanismo
  16. «Clube Paulistano». Consultado em 28 de abril de 2010. Arquivado do original em 11 de outubro de 2010 
  17. «Começa nesta quarta o Master da Junior's Cup 2009». Consultado em 28 de abril de 2010. Arquivado do original em 29 de agosto de 2010 
  18. Resolução de Tombamento, do clube conforme publicada no Diário Oficial.
  19. Arquitetura[ligação inativa]
  20. «Consulados». Consultado em 7 de julho de 2010. Arquivado do original em 31 de maio de 2009 
  21. «Consulados Internacionais». Consultado em 7 de julho de 2010. Arquivado do original em 25 de outubro de 2011 
  22. Doria é cobrado por supostas dívidas com aluguel e vinhos
  23. Dilma visita a casa de Abilio Diniz nesta tarde[ligação inativa]
  24. Jardim América
  25. Aliança é selada em mansão do deputado, sem rancor do passado
  26. O último playboy? Empresas, fazendas, cervejarias: saiba de onde vem a fortuna de Chiquinho Scarpa