Projetado pelos inglesesBarry Parker e Raymond Unwin, o bairro foi o primeiro projeto imobiliário brasileiro baseado no modo cidade-jardim. O projeto foi encomendado pela City of São Paulo Improvements and Freehold Company Limited, também sediada na Inglaterra, que fez um loteamento voltado para o público de alto poder aquisitivo.[4] Horacio Belfort Sabino,[5] consogro de Cesário Cecílio de Assis Coimbra e sócio da Cia. City em vários empreendimentos, foi proprietário de extensas áreas nessa região, inclusive as que formam, atualmente, o bairro de Cerqueira César, parte delas legadas por seu sogro Afonso Augusto Milliet e parte adquirida de terceiros.[2] Essa experiência de urbanização tinha como preocupação oferecer uma alta qualidade de vida aos moradores, por meio de residências instaladas em grandes terrenos ajardinados, dispostos em ruas arborizadas de traçado curvilíneo.[6][2]
Inicialmente, tratava-se de uma propriedade dos coronéis Joaquim e Martim Ferreira da Rosa, com uma área de 1 091 118 m².[2][7] O projeto inicial do bairro previa uma grande praça central com quatro ruas em diagonais, jardins internos privativos (que integrariam os terrenos) e uma avenida principal de acesso aos mesmos. Tal ideia, contudo, enfrentou objeções na sociedade da época.[4] Foram necessárias adaptações, fazendo com que alguns jardins passassem a ter um uso semi-público, com acessos através de vielas.[8]
As obras se iniciaram em 1913, terminando quase duas décadas depois, em 1929.[2] Os loteamentos eram regidos por diversas restrições de uso do solo, criadas pela Companhia City: limites para o gabarito, afastamentos laterais e recuos de fundo e de frente.[4] O objetivo era garantir a qualidade ambiental, sanitária e visual dos imóveis que ali seriam erigidos.[2] Esses procedimentos eram inovadores para a época.[8] Além disso, O decreto municipal nº 3227, datado de 1929, estabelecia a proibição de construção de prédios não residenciais, o que conferiu-lhe um padrão diferenciado e garantiu sua alta valorização.[8]
Em virtude de seu inestimável valor paisagístico em decorrência da sua localização, o bairro e a região dos Jardins foram tombados pelo CONDEPHAAT no ano de 1986.[10]
O Jardim América é um dos mais valorizados da capital paulista,[4] sendo o bairro mais caro da cidade para se residir em casa térrea e o segundo que mais consome água.[11] Também é residência de diversos moradores da elite paulistana.[12] É classificado pelo CRECI como "Zona de Valor A", tal como outros bairros nobres da cidade, exemplo de: Higienópolis, Cidade Jardim e Ibirapuera.[13]
Foi retratado em diversos livros de arquitetura e história nacional, tais como: "A cidade e os Jardins: Jardim América, de projeto urbano a monumento patrimonial (1915-1986)" da historiadora Zuleide Casagrande de Paula[14]
e “Jardim América: o Primeiro Bairro-jardim de São Paulo e sua Arquitetura" de Sílvia Ferreira Santos.[15][4]
MARQUES, Eduardo (2014). Jardim América: a relação entre urbanismo e segregação socioespacial Revista de Estudos Urbanos e Regionais, v. 5, n. 1 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 98–112
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio (2013). A elite paulistana e os bairros dos Jardins: luxo e exclusividade no Jardim América Cadernos Metrópole, v. 15, n. 3 ed. São Paulo: PUC-SP. pp. 67–81
SOMEKH, Nádia (2010). Patrimônio e modernidade no Jardim América: preservação e transformações arquitetônicas Anais do Museu Paulista, v. 18, n. 2 ed. São Paulo: Museu Paulista. pp. 123–140
CORRÊA, Roberto Lobato (2007). Os bairros de elite de São Paulo: Jardim América e a conformação do espaço urbano Revista GEOUSP, v. 11, n. 1 ed. São Paulo: USP. pp. 45–58
LEME, Maria Cristina da Silva (2002). A cidade-jardim e os Jardins de São Paulo: o urbanismo de Barry Parker Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 4, n. 2 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 9–25
Villaça, Flávio (1998). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel. pp. 107–108
Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN8573592230