Jacinto Figueira Júnior (São Paulo, 4 de dezembro de 1927 — São Paulo, 27 de dezembro de 2005) foi um apresentador de televisão brasileiro conhecido como "O Homem do Sapato Branco",[1] pioneiro do jornalismo policial na televisão brasileira,[2] além de difundir programas populares de auditórios sobre dramas pessoais de cidadãos comuns.[3][4]
Biografia
Nos anos 50[5], fez sucesso no meio musical com sua banda country "Junior e seus Cowboys", chegando a cantar no Copacabana Palace[5] no Rio de Janeiro, porém só ingressou na TV em 1963[5], com o programa Fato em Foco, transmitido pela TV Cultura e um ano depois com Câmera Indiscreta, na mesma emissora.[5]
Ainda passou pela Rádio Nacional de São Paulo (se tornou depois a antiga Rádio Globo São Paulo) nos anos 1960 e 1970. Nessa época gravou a música "O Charreteiro", que fez sucesso graças ao programa de rádio de Silvio Santos, que a tocava diariamente e que chegou a lhe conceder uma medalha de ouro no quadro "Sobe e Desce", no qual os ouvintes opinavam se a música deveria continuar a ser tocada (sobe) ou devia ser substituída por outro sucesso (desce). Esse sucesso como cantor o fez até participar de uma telenovela e de uma fotonovela, publicada numa revista para o público feminino nos anos 60.[6]
No seu próprio programa de rádio na Rádio Nacional (depois Rádio Globo), havia um quadro com dramatizações radiofônicas.[7]
Mas o que levou a se tornar conhecido nacionalmente e considerado um precursor foi seu programa O Homem do Sapato Branco, que criou em 1966 pela TV Globo, que passou para a Televisão e logo foi interrompido devido a problemas com a ditadura militar.[7] Depois retornaria já nos anos 80, passando por Record, SBT e Bandeirantes.
Costumava entrevistar seus convidados usando um sapato branco, que sempre era focalizado pelas câmeras. A ideia de usar os sapatos brancos surgiu porque era a cor dos sapatos que os médicos e os psiquiatras usavam, e Jacinto pretendia ser uma espécie de "médico" do povo em seus programas.[5]
Em entrevista a Antonio Abujamra, Jacinto Figueira Júnior falou sobre a ideia que se faz no Brasil, de ter sido o introdutor do estilo "mundo cão" na televisão brasileira.[1].Ele trazia para o palco casais com problemas e que chegavam a brigar na frente das câmeras.[1] Dando detalhes de sua vida, falou sobre a sua eleição para deputado e a sua posterior cassação pelo regime militar. Nessa oportunidade, denunciou perseguição do ex- Ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva. Na oportunidade, também afirmou que era maçom, ligado à Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.[1]
Com efeito, ele se elegeu, em novembro de 1966, deputado estadual paulista pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com 28.052 votos, o quinto mais votado do partido. Foi membro das Comissões de Esportes e de Assistência Social. Distribuía, em seu gabinete, de brinquedos e geladeiras a cadeiras de rodas e muletas.[6]
A Assembleia Paulista foi fechada, pelo Ato Institucional nº 5, de 13/12/68, de 7/2/69 a 31/5/70. Jacintho teve o mandato cassado em 13 de março de 1969.[6]
A transmissão de programas de apelo popular, foi depois adotado ainda nos anos 80 e continua até os dias atuais. Em 2001, Jacinto chegou a declarar em entrevista à Folha de S.Paulo que os apresentadores, Ratinho, João Kléber e Márcia Goldschmidt são copiadores de seu estilo.[8]
Figueira fez parte também do telejornal Aqui Agora, nos anos 90, no SBT.[9]. Sua última aparição na TV, foi em uma entrevista ao programa TV Fama da RedeTV.[9]
Morte
Após um derrame em 2001, Jacinto ficou com uma série de sequelas, como problemas de locomoção e de audição, vindo a falecer no hospital de Beneficência Portuguesa, no bairro Paraíso, em São Paulo, no dia 27 de dezembro de 2005, e foi sepultado no cemitério da Quarta Parada. Estava internado desde o dia 22 de novembro, devido a problemas pulmonares.[3][7][10]
Referências
Ligações externas