Isabelle Gatti foi a segunda de quatro filhas de Giovanni Gatti, um artista italiano, e da escritora feministaZoé de Gamond, de Bruxelas. Nascida em Paris, sua família mudou-se para Bruxelas quando ela tinha cinco anos, quando a família perdeu sua fortuna em um falanstério fracassado – uma comunidade utópica inspirada nas escritas do socialista utópicoCharles Fourier – em Cîteaux.
Sua mãe, inspetora de escolas para meninas, morreu em 1854, e a distinta pobreza da família forçou Isabelle a procurar um emprego. Ela descobriu um na Polônia, onde trabalhou como governanta com uma família polonesa nobre. Foi nessa época que ela se tornou autodidata, aprendendo grego antigo, latim e filosofia sozinha.
Ela retornou a Bruxelas em 1861 e continuou seus estudos através de cursos públicos organizados pelo governo da cidade. Suas idéias sobre educação já estavam formadas, e em 1862 ela publicou o jornal L'Education de la Femme (Educação Feminina), que defendia a causa da escolarização para meninas.
Em 1864, com o apoio financeiro da Câmara Municipal, lançou os primeiros cursos sistemáticos de educação secundária para mulheres (Cours d'Éducation pour jeunes filles). De maneira excepcional para a Bélgica da época, esse empreendimento era totalmente independente da Igreja Católica Romana e proporcionou a primeira educação secular organizada para mulheres na Bélgica.
A imprensa católica se opôs ao seu trabalho, mas a escola foi um sucesso. Entre as professoras estavam Marie Popelin, Henriette Dachsbeck e Anna-Augustine Amoré, mãe de Marie Janson. O prefeito de Bruxelas, Charles Buls, foi um defensor ferrenho e ajudou na criação de uma seção pré-universitária avançada em 1891.
Gatti se aposentou da área educacional em 1899 e se juntou à política como ativista do Partido Socialista. Seu apoio ao sufrágio universal adulto não encontrou o apoio da liderança do partido, que acreditava que as mulheres votariam no Partido Católico.
Legado
Em pesquisas realizadas pelas emissoras de TV belgas em 2005 para encontrar os melhores belgas, ela foi eleita 55ª no De Grootste Belg, a série em língua holandesa, e 88ª no Le plus grand Belge, o programa em língua francesa.
Ela está enterrada em Uccle, onde a rua onde morava leva seu nome.
Referências
Gubin, E.; Piette, V. GATTI de GAMOND Isabelle, Laure (1839–1905). In: E. Gubin; C. Jacques; V. Piette; J. Puissant (eds.). Dictionnaire des femmes belges: XIXe et XXe siècles. Bruxelas: Éditions Racine, 2006. ISBN2-87386-434-6 (em francês)