Ingilena

Ingilena (em latim: Ingilena; em grego: Ἰγγηληνή; romaniz.: Ingēlēnḗ; em armênio: Անգեղտուն; romaniz.: Angełtun; em siríaco: Aggelāyē) Ingila (em grego: Ἰγγιλα) ou Corião Endielão (Χωριων Ενδιηλων, Khōriōn Endiēlōn)[1] foi um distrito (gavar) de Sofena, no Reino da Armênia, centrado na cidade e fortaleza de Anglo (Անգղ, Angł), que deu seu nome ao distrito. Anglo é frequentemente identificado com a cidade moderna de Eğil na Turquia, e pode ter sido também o sítio de Carcatiocerta, capital do Reino de Sofena, e o assentamento Ingalaua mencionado em registros hititas.[2][3][4] Ingilena fazia fronteira a oeste com Anzitena, possivelmente nas montes Tauro, e a leste com Sofanena, possivelmente no Tigre Ocidental,[5] e compreendia uma área de 2 800 quilômetros quadrados.[6] Em 298, pelos termos da Paz de Nísibis, Ingilena foi incorporada como um território vassalo do Império Romano, mas continuou a participar nos assuntos da Armênia.[7]

Ingilena, e a vizinha Anzitena, eram governadas pela mesma família principesca, cujas origens remontam ao ramo da dinastia orôntida que governou o Reino de Sofena.[8][9] Moisés de Corene, ao tratar sobre essa família, alegou que descendiam de certo Torque, que foi investido com seu principado pelo mítico Valarsaces I.[10] Esse príncipe deteve a posição de azarapates (grão-senescal) por algumas gerações, antes do ofício ser transferido aos Genúnios.[11][12] É possível, por sua vez, que o príncipe local foi investido com o ofício de vitaxa (vice-rei) da Marca Síria (Sofena), haja vista sua proeminência regional. Com a eventual anexação romana, seus príncipes deixaram de ser investidos como vitaxas, pois não poderiam cumprir com as obrigações do ofício enquanto vassalos do imperador.[13]

A Lista Militar (Զորնամակ, Zōrnamak), o documento que indica a quantidade de cavaleiros que cada uma das famílias nobres devia ceder ao exército real em caso de convocação, afirma que os príncipes de Ingilena deviam arregimentar 3 400 cavaleiros.[14] Embora o distrito de Ingilena fosse governado por sua própria família principesca, as fontes armênias descrevem a fortaleza de Anglo como uma fortaleza real dos reis da Armênia onde os tesouros reais eram guardados. O grão-camareiro da Armênia (mardepetes) era responsável por administrar a fortaleza e a riqueza dentro dela.[15] De acordo com Cyril Toumanoff, Anglo era provavelmente a fortaleza central de um dos quatro vitaxas do Reino da Armênia, que eram nobres de alto escalão encarregados de defender as regiões fronteiriças do reino.[16] Em 451, um bispo de Ingilena participou do Concílio da Calcedônia de 451.[17]

Referências

  1. Hewsen 1992, p. 161; 419.
  2. Hewsen 1992, p. 161.
  3. Marciak 2017, p. 37.
  4. Toumanoff 1963, p. 131; 137, nota 240; 167; 297.
  5. Marciak 2017, p. 44.
  6. Toumanoff 1963, p. 137, nota 240.
  7. Toumanoff 1963, p. 170-171; 304, nota 114.
  8. Toumanoff 1963, p. 131; 160, nota 37; 167; 172, nota 97; 303.
  9. Hewsen 1992, p. 154.
  10. Moisés de Corene 1978, p. 141-142.
  11. Toumanoff 1963, p. 171, nota 88.
  12. Marciak 2017, p. 60.
  13. Toumanoff 1963, p. 176.
  14. Toumanoff 1963, p. 236.
  15. Toumanoff 1963, p. 167-168.
  16. Toumanoff 1963, p. 167.
  17. Hewsen 1992, p. 155.

Bibliografia

  • Hewsen, Robert H. (1992). The Geography of Ananias of Širak. The Long and Short Recensions. Introduction, Translation and Commentary. Wiesbaden: Dr. Ludwig Reichert Verlag 
  • Marciak, Michał (2017). Sophene, Gordyene, and Adiabene: Three Regna Minora of Northern Mesopotamia Between East and West. Leida: BRILL. ISBN 9789004350724 
  • Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press 
  • Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press