Grêmio Recreativo Escola de Samba Império da Praça Seca foi uma escola de samba da cidade do Rio de Janeiro, fundada a 28 de junho de 2009. A escola ficava sediada atrás do IPASE da Praça Seca, um condomínio que fica em frente à comunidade da Chacrinha, na Rua Cândido Benício no prédio onde anteriormente havia funcionado o antigo Clube dos Veteranos, prédio este que foi demolido para dar lugar à nova quadra da escola.[3][4]
Por sua localização a escola quase se chamou "Império do Mato Alto" devido à proximidade com o bairro não-oficial supracitado. Algumas camisas sob essa denominação chegaram a ser confeccionadas, mas pouco antes da data de fundação oficial o nome foi mudado como forma de homenagear o bairro da Praça Seca.[5]
História
Os preparativos para a criação da escola de samba começaram em abril de 2009, por ideia de Lúcia Costa, Antônio, Ivonete, Bira, Branco, Jucélio, Clayton, entre outros moradores das comunidades do IPASE e Fazenda Mato Alto, em sua maioria frequentadores da escola de samba Renascer de Jacarepaguá, que tinham a ideia de criar um bloco carnavalesco. Muitos consideram como sua data de fundação o dia 23 de abril de 2009, quando foi realizada a Festa de São Jorge com o carro de som trazido pelo grupo, e foi lançada a semente do bloco Império do Mato Alto. Criado o bloco, posteriormente, surgiu a ideia de que virasse uma escola de samba. Através da ideia de conseguir patrocínio de empresas da área central da Praça Seca e de unificar todas as comunidades próximas (Chacrinha, IPASE e Mato Alto), o nome foi alterado quando da oficialização da fundação.[5] Inicialmente a agremiação desfilaria somente no grupo de avaliação, portanto sem concorrer ao título. Após a fundação oficial, devido à Sacramento ter desistido de desfilar no carnaval carioca, a Praça Seca entrou em sua vaga, da mesma forma que a Unidos do Sacramento havia entrado no lugar da extinta Foliões de Botafogo.[5] Assumiu o cargo de diretor de carnaval o então mestre-sala Sandro Avelar,[2] que numa comissão de carnaval provisória ajudou a desenvolver o enredo A vinda da corte cultural africana para o país do samba. Posteriormente foi contratado o carnavalesco Marco Antônio para o desenvolvimento do carnaval da escola.
Em 25 de outubro de 2009 houve a escolha da rainha de bateria, após a realização de um concurso entre garotas da comunidade, onde Marcele foi escolhida a rainha de bateria. Na mesma noite, houve também a primeira apresentação de sambas concorrentes para o Carnaval 2010. Foram inscritas dez composições.[5] Em 6 de dezembro, houve a escolha do primeiro samba da história da escola, quando a parceria de Luisinho Oliveira[5] (samba 5) derrotou os sambas de nº 1 (Leandro Rocha, Raíssa Oliveira, Sérgio e Cláudio) e nº 8 (Marcus Cruz, Mayka e Bruno Alemão). Em 16 de fevereiro de 2010 a escola fez sua estreia oficial no carnaval carioca, tendo sido a quarta agremiação a entrar na avenida, em desfile válido pelo Grupo RJ-4 na Estrada Intendente Magalhães. Na estreia, sagrou-se vice-campeã, ao perder por apenas um décimo para a Leão de Nova Iguaçu.[5] Pouco após o carnaval, a presidente Lúcia Costa renunciou, e Sandro Avelar assumiu o cargo em seu lugar,[6][7] sendo o presidente mais jovem do carnaval carioca, com apenas 23 anos.[8] Para o cargo de diretor de carnaval e Harmonia, assumiu Serginho Harmonia.[7]
Georgia Moreno foi coroada rainha de bateria,[9] porém por ser passista do Salgueiro, que desfilava no mesmo dia, acabou tendo que deixar o posto semanas antes do desfile.
Na madrugada do dia 12 de dezembro, a escola escolheu seu samba para o carnaval de 2011, quando após um concurso com treze obras, a parceria de Humberto Carlos[5] (samba 2) derrotou as parcerias de Alexandre Araújo, Armando Daltro, Marcelo Fagundes, Rodrigo Becker e Rafaela Araújo (samba 1); e Luisinho Oliveira, Élio Sabino, Sandra, Alexandre e Luiz China (samba 6). O veterano Nêgo Martins,[10] que defendia o samba campeão na disputa, foi então escolhido para o posto de intérprete oficial, que estava vago desde que Leandro Santos havia se tornado cantor oficial da Estácio.[5] Após estar em segundo ou terceiro lugar durante boa parte da apuração, a Praça Seca superou a Mocidade Unida de Jacarepaguá no último quesito, samba-enredo, sagrando-se campeã, e ascendendo ao Grupo C para 2012.[5] A escola, pouco tempo após o Carnaval, definiu o tema para o ano seguinte: falaria sobre os grandes impérios da história da humanidade.[11] Também após o Carnaval a escola decidiu abandonar a obra da quadra nova, que estava embargada, e decidiu demolir o prédio da então quadra provisória, que fica em frente, agora já definitivamente adquirido, para instalar ali sua quadra definitiva. Isso, porém, obrigou a que ensaios passassem a ter que ser realizados na rua por pelo menos um ano. Em abril de 2011, foram presos dois dirigentes da escola, acusados de suposta ligação com a milícia.[12]
Na escolha de samba, após uma disputa com seis sambas concorrentes inscritos, por fim foi escolhido o samba de Igor Leal[13] (samba 4), que derrotou os sambas de Humberto Carlos e parceria (samba 2), e de Raíssa de Oliveira e parceria.[14] A escola apresentou alguns problemas e sofreu algumas penalizações em seu desfile, obtendo somente a quarta colocação, o que não lhe garantiria ascensão pela primeira vez. No entanto, após o Carnaval, onde foi anunciada a fusão entre os grupos A e B, fazendo com que a escola até então na quarta divisão passe a estar na terceira divisão. Ainda em 2012, o então presidente Sandro Avelar liderou juntamente com os presidentes da Unidos do Anil e Em Cima da Hora, um processo judicial que culminou com a realização de novas eleições na Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro, e posterior eleição sua para o cargo de vice-presidente da AESCRJ.[15][16] Desta forma, foi substituído na presidência do Império da Praça Seca por Gustavo Barros, que dois anos antes havia ocupado o cargo de diretor de carnaval. Ao mesmo tempo, Sandro assumiu a presidência de honra da escola.[17]
O enredo escolhido para 2013 foi uma homenagem a São Jorge e suas diversas visões na cultura popular, tais como lendas mediterrâneas e a identificação com Ogum. A parceria de Leandro Santos, ex-intérprete da escola, foi a vencedora de uma disputa interna que contou com oito sambas inscritos.[5] Pouco antes da final do corte de samba, o patrono da escola, e ex-presidente de honra, que havia sido detido em junho,[18] foi libertado.[19]
Terceira escola a desfilar em 2013, obteve a terceira colocação[20] permanecendo no mesmo grupo para 2014. Após o Carnaval, a escola passou a enfrentar problemas com o avanço das facções criminosas ADA e Comando Vermelho, vindas de favelas pacificadas, sobre sua comunidade, que estavam há aproximadamente dez anos sob o controle de milícias,[21] mas pouco a pouco foram sendo ocupadas por traficantes.[21]
No Carnaval, o tradicional Carnaval da Praça Seca não foi realizado, e as únicas comunidades ainda sem traficantes eram justamente a Fazenda Mato Alto (também conhecida como Batô Muche), onde a escola estava sediada, e a Chacrinha, onde moram a maioria dos integrantes. Em abril o Mato Alto foi invadido[21] e a feijoada de São Jorge que a escola promoveria foi cancelada. A agremiação chegou a divulgar enredo sobre Lamartine Babo, porém em junho, devido às dificuldades em continuar seus trabalhos junto à comunidade, por causa da ocupação dos traficantes, seu direito de desfile foi transferido a uma nova escola de samba, chamada Império Rubro-Negro, que ocupou sua vaga no Grupo B da AESCRJ.[22]
Assim, a Praça Seca ficou fora dos desfiles oficiais no ano de 2014. No entanto, com diversos problemas burocráticos e dificuldade em formar de fato a nova agremiação, seus fundadores devolveram a vaga à Praça Seca. Com o rebaixamento do Império Rubro-Negro, a Praça Seca retorna ao carnaval um grupo abaixo de onde estava em seu último desfile. Para sua volta, o enredo anunciado é uma homenagem ao seu bairro, a Praça Seca.[5]
Após uma eliminatória em que foram inscritos seis sambas, a Praça Seca realizou sua eliminatória no dia 1º de novembro de 2014, quando houve também a reinauguração de sua quadra, após um longo período de obras.[4] Depois do carnaval 2015, a agremiação escolheu Marcelo Varanda como novo presidente,[23] no entanto, posteriormente essa assembleia foi anulada por "forças ocultas", e foi anunciado nos bastidores uma nova "venda de CNPJ", desta vez para a recem-criada União de Maricá. O procedimento foi concluído em 27 de novembro de 2015 quando uma assembleia de fachada foi feita para transferir a vaga em definitivo para a escola da Região dos Lagos.[24]
↑Carnavalesco.com.br (28 de junho de 2013). «Império da Praça Seca pode se transformar em Império Rubro Negro». Consultado em 30 de junho de 2013. Arquivado do original em 8 de julho de 2013 Nota:Apesar de o título da fonte referir-se como uma mudança de nome, é evidente tratar-se de uma nova escola. A informação dada pelo ex-presidente, e atual vice-presidente da AESCRJ de que houve apenas mudança não pode ser automaticamente validade por ser ele uma fonte primária e não independente.