A Área de Proteção Ambiental Algodoal/Maiandeua foi a primeira Unidade de Conservação (UC) criada no litoral do estado do Pará, e é formada por quatro vilas: Camboinha, Fortalezinha, Mocooca e Algodoal.[1]
A ilha é popularmente chamada de Algodoal - nome da maior das quatro vilas que formam a Área de Proteção Ambiental -[1] em virtude da abundância da planta nativa chamada algodão de seda na região, cujas sementes, com filetes brancos, são dispersas ao vento lembrando o algodão. Apelido dado por pescadores, que lá chegaram na década de 1920.[1]
História
De acordo com a pesquisadora universitária Helena Dóris Quaresma, as primeiras ocupações em Maiandeua foram registradas por volta da década de 1920, com a criação de ranchos de pesca para a pesca artesanal e coleta de mariscos.[1]
Geografia
A ilha é formada por quatro vilas, além de Algodoal, as outras são: Fortalezinha, Camboinha e Mocooca. Separadas entre si por porções de manguezais e seccionadas em alguns pontos por canais de maré.[1]
Os 19 km² da Ilha de Algodoal são marcados pela tranquilidade e natureza bucólica. A comunidade da ilha é formada por pessoas simples, que vivem basicamente da pesca, da agricultura de subsistência e, do turismo.[1]
Infraestrutura
A energia elétrica somente foi introduzida na ilha em janeiro de 2005 e o abastecimento de água é realizado por meio de poços artesianos que fornecem água de excelente qualidade.[1]
Os meios de transporte existentes são a bicicleta, o barco (a motor ou a remo) e a carroça puxada por cavalo. Veículos terrestres motorizados não podem entrar na ilha.[1]
A vila de Algodoal é a principal por ser a maior, a que possui a melhor infraestrutura para acomodação de turistas. Um dos bairros, o Kamambá, recebeu esse nome para homenagear um dos primeiros habitantes da ilha e filho de escravos, o Srº João, mais conhecido como Kamambá.
Área de Proteção Ambiental
A lei estadual 5.621 de 27 de novembro de 1990 criou a Área de Proteção Ambiental Algodoal/Maiandeua com a área de 2.378 hectares.[1]
Algumas atividades são proibidas no local:
A implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras;
A realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais;
Atividades que possam provocar erosão das terras ou assoreamento das condições hídricas;
Atividades que ameacem extinguir as espécies da biota regional, como caça e pesca;
O uso de biocidas (pesticida, herbicida, etc) quando indiscriminado ou em desacordo com as normas ou recomendações técnicas oficiais.
Segundo o Art. 15, da Lei n° 9.985/2000,[2] que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Turismo
Algodoal ainda é um local rústico, devido ser uma vila de pescadores e área de proteção ambiental. Onde o turismo é alto na época de veraneio e feriados prologados, procurada por turista que valorizam o contato com a natureza, praias de água salgada, dunas e, sensação de liberdade.
Na vila a principal forma de hospedagem e o campismo e redário. Existe também a opção de pousadas, que apresentam preços bem diferenciados entre si, pois algumas tem piscina e café da manhã tipo buffet.
O transporte é preferencialmente a pé, mas também existem opções de charretes, canoas e pequenos barcos.
Os preços são um pouco elevados, devido não existir supermercados na ilha. Tudo é transportado via fluvial dos municípios próximos em pequenos barcos. Refeições em geral são basicamente o formato "prato feito". Os bares e restaurantes servem o básico: Cerveja, drinks, pratiqueira frita e petiscos.
As manhãs são quietas, os pescadores anunciam peixe fresco a partir das seis horas.
No final da tarde o local mais procurado é a praia da Princesa devido aos locais com música ao vivo (em maioria rock e reggae), onde existe um lago de água doce e preta, chamado lago da Princesa. O movimento vai até cerca das 23 horas, devido a ter poucas opções de hospedagem.
Durante a madrugada o movimento de turistas é maior na orla da vila, próximo das hospedagens, com presença de muitos bares com música ao vivo até ao amanhecer.
Para voltar é necessário atravessar um pequeno braço de rio, e a noite a maré sobe e as canoas acabam. Então antes disso a maioria das pessoas retorna à vila.
Para chegar ao lago da Princesa (local de natureza intocada), após o último bar da praia da Princesa anda-se a pé ou de charrete nos aproximadamente 5 km na praia deserta, e em seguida mais 1 km de trilha até ao local. No local tem apenas uma cabana que vende salgadinhos simples, cerveja e refrigerante.
Kaufmann, Götz. 2014. “Seeking Environmental Injustice with Help of Q Methodology on APA Algodoal-Maiandeua.” Environmental Justice 7(3).
Kaufmann, Götz. 2003. “Wandel Durch Annäherung. Die Monetäre Strukturrevolution Im Zeitalter Der Globalisierung Am Beispiel von Ilha de Algodoal / Maiandeua.” 1st ed. Freie Universität Berlin. para download de graça: http://edocs.fu-berlin.de/docs/receive/FUDOCS_document_000000012784 ou https://books.google.de/books?id=tA6MZ-NhDDEC&lpg=PP1&hl=de&pg=PP1#v=onepage&q&f=true.
Kaufmann, Götz. 2012. “Environmental Inequality Patterns on the Island of Algodoal-Maiandeua. A Q Methodological Case Study.” In Geographies of Inequality in Latin America, eds. Geographischen Institut der Universität Kiel, Rainer Wehrhahn, and Verena Sandner Le Gall. Kiel, 263–96.
Kaufmann, Götz. 2013. Environmental Justice and Sustainable Development. With a Case Study in Brazil’s Amazon Using Q Methodology. 3rd ed. Saarbrücken: Südwestdeutscher Verlag für Hochschulschriften.