A Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe é uma igreja católica localizada na cidade brasileira de Olinda, no estado de Pernambuco. Está inserida no Polígono de Tombamento do Sítio Histórico de Olinda.[1]
Foi fundada em 1626 ou 1627[2] pela Irmandade de Nossa Senhora de Guadalupe dos Homens Pardos. A escolha da padroeira, eleita por muitas irmandades de pardos na América, deve-se a um desejo de afirmação da identidade mestiça da irmandade,[3][4] mas foi a única igreja brasileira dedicada à Senhora de Guadalupe durante o período colonial.[2] Segundo Pereira da Costa, os pardos teriam sido inspirados pela existência de uma irmandade de negros na cidade, sediada na Igreja do Rosário.[5]
Na sua crônica Santuário Mariano (1722) o frei Agostinho de Santa Maria diz que a imagem da padroeira era de barro, estofada de ouro, com três palmos de altura, e era tida por milagrosa. "Todos os anos a festejam com grande solenidade em um domingo depois da Páscoa. [...] Tem obrado a Senhora de Guadalupe muitos milagres e maravilhas nos seus Irmãos Pardos: que parece lhes quis mostrar com os seus favores o muito que se pagava da sua devoção com que a serviam. O mesmo experimentam os mais moradores, e sempre a acham propícia em todos os seus trabalhos e tribulações em que estão, testemunham os muitos sinais e memórias das suas mercês e favores, como se veem pender das paredes daquele seu santuário".[6]
Desde o século XVIII a igreja também é sede de uma tradicional devoção a São Gonçalo Garcia, outro santo associado aos negros e pardos, tendo uma estátua sua em tamanho natural. A primeira cavalhada dedicada ao santo foi realizada em 1745 e patrocinada pela Irmandade de Guadalupe, contando com a presença do governador e de cavaleiros de toda a capitania.[7] Para a celebração da suntuosa festa do santo, a irmandade de Olinda se associava à Irmandade de Nossa Senhora do Livramento de Recife. Segundo Andrea Dias, "tal solidariedade entre as Irmandades de pardos [...] se fez necessária pela grandiosidade do projeto dos pardos de Pernambuco: externar, e amplamente divulgar o culto a um santo de cor mestiça, e ao mesmo tempo buscar a afirmação e o prestígio social".[8]
O edifício possui uma fachada simples, com uma única torre sineira, sendo composto por três portas que dão acesso à nave principal e mais duas que dão acesso à sacristia. Na parte superior, estão cinco janelas com varandas. Possui um interior simples, seu altar-mor é em madeira trabalhada, e no centro tem um quadro de Nossa Senhora de Guadalupe.
↑Dias, Andrea Simone Barreto. Os incômodos da cor parda no Pernambuco colonial: olhares sobre a festa de homenagem a São Gonçalo Garcia. Mestrado. Universidade Federal de Campina Grande, 2010, p. 38