No alçado lateral esquerdo, na antiga porta de entrada dos homens, encontra-se gravada numa pedra, em letra gótica, a inscrição: "Na era 210 Pedro Leão obrou-a". Entretanto, falta a letra que devia designar o milhar, ou por estar apagada, ou por omissão (o que era frequente naquele tempo). Esta era que é de César (e que permanece até 1428, reinado de João I de Portugal), equivale ao ano de 1172 da nossa era. Esta inscrição alude, certamente, a uma ampliação do templo, talvez pelo fato de, nesta data, S. Martinho de Candoso ser uma paróquia em desenvolvimento.
Características
Arquitectura religiosa, românica e neoclássica. Igreja paroquial românica de nave única com grandes remodelações posteriores, sobretudo em estilo neoclássico. Da primitiva construção conserva restos da cachorrada com modilhões lavrados e o arco triunfal. Retábulos colaterais de finais do séc. 17 e restante decoração essencialmente neoclássica[1].
As suas formas são baixas e, nas paredes espessas rasgam-se seteiras.
Na cornija, podem contemplar-se restos de cachorrada com figuração de animais e de seres humanos.
A igreja possui uma entrada para os homens e outra para as mulheres, interessante testemunho da cultura à época, quando no interior do templo os homens postavam-se à frente e as mulheres atrás, separados durante os atos de culto.
No seu interior encontramos traços dos estilos paleocristão, visigótico, românico e barroco. Destacam-se, imediatamente após a entrada principal, à esquerda, a pia batismal de estilo visigótico. O fato dela se encontrar no "atrium", zona que antecede o espaço reservado à assembleia, simboliza que somente após o batismo se ingressa na comunidade dos fieis.
No centro da nave, do lado direito, o púlpito encontra-se colocado sobre o confessionário. Dois altares laterais de talha dourada precedem o arco cruzeiro que dá acesso ao altar-mor. São datados do século XVII e em estilo barroco. O da direita, apresenta meninos músicos, que fazem parte da composição da talha; o da esquerda contém uma pintura primitiva sobre madeira com São Sebastião e um santo bispo, dando a comunhão a uma figura ajoelhada.
O arco cruzeiro, que separa o espaço da assembleia do altar sacrificial, é fiel ao estilo ortodoxo do templo, sendo esculpido e gravado com elementos geométricos de tradição paleocristã.
A cobertura apresenta pinturas simples das virtudes, e os pequenos altares laterais, dão a ideia do triunfalismo individual e de uma piedade subjectiva que já não é a expressão colectiva da alma de um povo, como acontecia na Idade Média.
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É uma igreja cuja idade de construção corresponde à de um tempo áureo, quer do ponto de vista religioso quer do ponto de vista artístico.