A Igreja Matriz de Portimão, igualmente conhecida como Igreja de Nossa Senhora da Conceição, é um monumento religioso na cidade de Portimão, na região do Algarve, em Portugal. Está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1977.[1]
Descrição
A Igreja Matriz é o templo mais importante na cidade de Portimão.[2] Na fachada principal destaca-se o seu portal, no estilo gótico, semelhante ao do Mosteiro da Batalha,[3] e os trabalhos de massa no frontão, típicos do século XVIII.[3] O interior está organizado em três naves separadas por colunas com capitéis toscanos, cabeceira tripla, e quatro capelas laterais,[3] sendo o altar decorado com talha dourada.[2] Também são de interesse os retábulos setecentistas da capela-mor e da Capela do Santíssimo Sacramento, e as imagens de Nossa Senhora das Almas do Purgatório, de São Pedro e de São Gonçalo de Lagos, igualmente do século XVIII,[3] e as pias de água benta, em grés de Silves, que apresentam motivos decorativos Manuelinos.[4]
História
A igreja foi construída nos finais do século XV,[3] tendo sido parcialmente baseada no Mosteiro da Batalha, que era então considerado o principal monumento no país.[2] Foi muito danificada pelo Sismo de 1755, tendo sido alvo de grandes trabalhos de remodelação durante os séculos XVIII e XIX.[2] Estas obras modificaram profundamente a estrutura, tendo restado do edifício primitivo apenas o portal e as pias de água benta.[4]
Entre 2015 e 2016 foram feitos trabalhos arqueológicos na zona da Casa de Nossa Senhora da Conceição, na Rua Bispo Dom F. Coutinho, tendo sido encontrados vários vestígios do período romano, principalmente desde o reinado de Tito Flávio (79 a 81) aos princípios do século II, embora também tenham sido encontrados alguns materiais mais antigos, incluindo fragmentos de cerâmica de engobe vermelho pompeiano, e posteriores, como cerâmica de cozinha africana.[5] Desta foma, é possível que nesta zona tivesse existido um núcleo urbano, distinto de um outro que estava situado na frente ribeirinha.[5] Também foram descobertos vestígios de construções dos séculos XVI a XVII, provavelmente correspondendo a edifícios residenciais, e dos séculos XVII a XVIII, além de indícios de desaterro na zona em redor da Igreja Matriz, entre os finais do século XIX e o século XX.[5]
Em 11 de Abril de 2018, a Câmara Municipal de Portimão apresentou o programa de requalificação do Largo da Igreja Matriz, como parte dda IV Semana de Reabilitação Urbana de Portimão.[6] Este empreendimento abrangia as ruas da Igreja, Bispo Castelo Branco, Fernando Coutinho, São Gonçalo e Ernesto Cabrita, onde iriam ser alargadas as áreas de passeio e ordenado o estacionamento, sendo uma das suas principais finalidades «proceder ao reforço da identidade do centro histórico«, que então se apresentava «descaracterizado».[6] Pretendia-se igualmente autonomizar o passeio pedonal em relação ao restante pavimento frontal à igreja, o que também iria ser feito nas ruas Bispo D. Fernando Coutinho e de São Gonçalo, onde iriam ser igualmente construídas escadarias, e estavam também prevista a instalação de mobiliário urbano na área do Largo da Igreja.[6] Foi igualmente prevista a eliminação das bolsas de estacionamento na área em redor da igreja, de forma a facilitar a sua observação, e a Rua António Castelo Branco iria deixar de ter tráfego automóvel.[6] As obras iriam ser antecedidas por escavações arqueológicas, uma vez que se situavam sensivelmente na zona das antigas muralhas de Portimão, tendo-se avançado a ideia de «espelhar à superfície» o traçado da muralha.[6] O programa de requalificação da área envolvente à igreja foi uma das propostas que foram alvo de uma candidatura aos fundos europeus, por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e da autarquia de Portimão.[7]
Em Janeiro de 2024 iniciaram-se as obras de requalificação do Largo da Igreja Matriz, que incluíam intervenções nos pavimentos e nas redes de saneamento básico e abastecimento de água. Devido à forte sensibilidade histórica do local, os trabalhos foram feitos com acompanhamento arqueológico, de forma a diagnosticar e minimizar o impacto sobre os vestígios antigos.[8]
↑ abcdSHELDRAKE, Aliyson (Maio de 2021). «Things to do in Portimão». Tomorrow (em inglês) (114). Lagos: Tomorrow Algarve. p. 64. Consultado em 18 de Maio de 2021 – via Issuu