Em 1943, na operação de limpeza após o fechamento do Gueto de Varsóvia, o hotel foi usado pelos alemães como isca para judeus escondidos em Varsóvia. Lá, os agentes alemães, e colaboradores judeus, fingiam que os judeus podiam adquirir clandestinamente passaportes estrangeiros e outros documentos para, então, como cidadãosestrangeiros, deixar os territórios ocupados pela Alemanha nazista.
No final de 1941, duas organizações judaicas da Suíça e diplomatas poloneses, trabalhando com cônsules honorários de alguns paísessul-americanos, começaram a enviar documentos para o Gueto de Varsóvia, na esperança de permitir que os judeus dos guetosemigrassem (visto que os alemães eram mais tolerantes com indivíduos que podiam provar que eram cidadãos de países neutros).[4] No entanto, em muitos casos, os titulares dessas declarações e passaportes já estavam mortos quando esses documentos chegavam à Polônia ocupada.[4] Um grande volume destes documentos foram interceptados pela Gestapo, ou acabaram nas mãos de colaboradores judeus da Gestapo da rede Żagiew, operada pela Gestapo (mais especificadamente, Leon Skosowski e Adam Żurawin).[4][5][6]
O Gueto de Varsóvia foi fechado em maio de 1943, mas milhares de judeus sobreviveram em Varsóvia, escondidos fora do gueto. Os alemães, e seus colaboradores judeus, desenvolveram um plano para atraí-los.[4][7] O envolvimento de Skosowski no plano foi significativo, e ele foi citado como co-organizador do ardil no Hotel Polski.[8] Outra colaboradora judia da Gestapo envolvida no caso do Hotel Polski foi a cantoraWiera Gran.[5]
Colaboradores espalharam o boato de que judeus portadores de passaportes estrangeiros de países neutros foram autorizados a deixar o Governo Geral, e que documentos de países como Paraguai, Honduras, El Salvador, Peru e Chile, em nomes de judeus que já estavam mortos, eram vendidos (a preços altos, estimados, em alguns casos, em mais de um milhão de dólares), no Hotel Royal, na rua Chmielna, 31, e posteriormente no Hotel Polski.[4][5][7][6][9] Desconhecidos para os compradores, muitos desses documentos foram preparados ou falsificados de forma grosseira.[10]
O Hotel Polski se tornou um ponto de refúgio para os judeus que buscavam deixar a Europa ocupada pelos nazistas, já que os rumores também diziam que o hotel era um lugar seguro.[5] Cerca de 2.500 judeus (algumas estimativas falam em 3.500), abandonaram seus esconderijos e se mudaram para o Hotel Polski. A resistência polonesa alertou os judeus de que o hotel era, provavelmente, uma armadilha, mas muitos ignoraram os avisos.[5]
Em setembro de 1943, os alemães revelaram que a maioria dos documentos dos indivíduos nos campos de trânsito eram falsificados, e os governos sul-americanos se recusaram a reconhecer a maioria dos passaportes.[4][10] Desta forma, em vez de serem transferidos para a América do Sul, os judeus foram enviados para o Campo de Concentração de Auschwitz, entre maio e outubro de 1943.[10]
Algumas centenas de judeus que possuíam documentos palestinos sobreviveram, tendo sido trocados por alemães presos na Palestina.[10] De acordo com o Instituto Histórico Judaico, o número de sobreviventes foi de 260 pessoas;[4] Haska estima o número de sobreviventes em cerca de 300, observando que, devido à documentação incompleta, não é possível estimar com precisão o número de vítimas ou sobreviventes.[7] Os sobreviventes palestinos foram ajudados por Daniel Guzik, anteriormente associado ao American Jewish Joint Distribution Committee.[4]
As vítimas do Hotel Polski incluem o poeta Itzhak Katzenelson, o romancistaiídiche Yehoshua Perle, o líder da resistência judaica Menachem Kirszenbaum[4], e, provavelmente, a dançarina polonesa Franceska Mann.
↑Paulsson, Gunnar S. (1998). «The Rescue of Jews by Non-Jews in Nazi-Occupied Poland». The Journal of Holocaust Education (em inglês). 7 (1–2): 19–44. ISSN1359-1371. doi:10.1080/17504902.1998.11087056
Shulman, Abraham (1982). The Case of Hotel Polski. An Account of One of the Most Enigmatic Episodes of World War II. New York: Schocken. ISBN978-0896040342.
Agnieszka Haska, Jestem Żydem, chcę wejść. Hotel Polski w Warszawie, 1943, Instytut Filozofii i Socjologii PAN, 2006, ISBN83-7388-096-8. (em polonês/polaco).
Światło na aferę "Hotel Polski". In: Tadeusz Kur: Sprawiedliwość pobłażliwa. Proces kata Warszawy Ludwiga Hahna w Hamburgu. Warszawa: wydawnictwo MON, 1975, p. 399-430. OCLC 6648513. (em polonês/polaco).