Horto é um livro de poesias escrito pela poetisa Auta de Souza e publicado pela primeira vez em 20 de Junho de 1900.
O político e escritor Henrique Castriciano, irmão de Auta de Souza, insistiu para que o manuscrito, então com o nome de Dhálias, fosse entregue a seu amigo Olavo Bilac, para que este fizesse o prefácio. Seu outro irmão, o também político Elói de Sousa, levou então o livro para o famoso poeta parnasiano, que lhe fez o prefácio com o título de um dos poemas da obra, O Horto. Finalmente, ao ser publicado, o livro ganhou seu título definitivo.
Edições
Horto teve, oficialmente, cinco edições:
Primeira edição
Foi publicada em Natal, em 1900, pela Tipografia d’A República/Biblioteca do Grêmio Polimático. Continha 114 poemas e 232 páginas e teve prefácio de Olavo Bilac, o poeta mais célebre da época. Sua primeira tiragem, de mil exemplares, esgotou-se em dois meses.[1]
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(...) o labor pertinaz de um artista, transformando as suas idéias, as suas torturas, as suas esperanças, os seus desenganos em pequeninas jóias.
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Segunda edição
Foi publicada em Paris, em 1910, pela Tipografia Aillaud, Alves e Cia. Continha ilustrações de D. O. Widhopff[2] e breve biografia da autora, escrita pelo seu irmão Henrique Castriciano, que aproveitou uma viagem à França para tratamento de saúde para publicá-lo naquele país, adicionando outros 17 poemas que integravam o manuscrito Dhálias e ainda não haviam sido publicados nas primeiras edições de Horto.
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A tormenta se desfizera ao pé do túmulo; e do naufrágio em que abismou esta singular existência, resta o Horto, livro de uma Santa.
Foi publicada em Natal, em 1964, pela Fundação José Augusto. Continha outros poemas inéditos, além das poesias publicadas nas edições anteriores.
Quinta edição
Em 2000, foi publicado em Taguatinga (DF), pela Sociedade de Divulgação Espírita Auta de Souza/ Editora Auta de Souza, o que seria a quinta edição do livro, em homenagem ao seu centenário, mas não tendo sido registrada nos órgãos competentes, não foi assim considerada.
Os poemas publicados em Horto foram escritos entre 1893 e 1899, quando predominava na poesia o Parnasianismo, estilo do qual Olavo Bilac era representante. Auta de Sousa apreciava o estilo, mas não era parnasiana. Em seus poemas, existem vários paradigmas do Romantismo, que havia se esgotado na Europa em meados do século XIX, mas continuou no Brasil por mais tempo. O individualismo e subjetivismo, a abertura às emoções, a contemplação, a religiosidade, a ideia da natureza como abrigo e ideal e o tema da morte são elementos que podem caracterizá-los (e a própria autora) como neo-românticos.
Afinal, em alguns poemas do livro está fortemente presente o misticismo e o vocabulário litúrgico que são típicos do Simbolismo, como em O Horto, poema que dá nome ao livro, repleto de metáforas na correspondência entre o horto interior e o horto bíblico.
Os manuscritos Dhálias e Horto estão hoje cuidadosamente guardados na biblioteca da Escola Doméstica de Natal, fundada por Henrique Castriciano, junto como um exemplar de cada edição do livro.