Embora pouco tenha restado de seus escritos e pensamentos, tornou-se reconhecida por romper com a vida de nobreza e com o papel doméstico destinado às mulheres em seu tempo, sendo uma das raras mulheres que em sua época dedicou-se à filosofia, justamente como adepta do cinismo cujos preceitos estavam assentados num estilo de vida "canino": desprovido de pudores morais e bens materiais. A obra de Michèle Le DœuffL’Étude et le Rouet. Des femmes, de la philosophie, etc de 2008 faz menção já no título a episódio onde Hipárquia refuta a um ataque de Teodoro, o Ateu, que dizia ser o trabalho da mulher o tear (le Rouet). [2]
Biografia
Nasceu em Maroneia, cidade situada na Trácia, e seu nome significa "aquela que domina o cavalo", de hipo (cavalo) e -arquia (comando, governo), uma referência às amazonas. Mudou-se para Atenas com o irmão Crates, quando este foi estudar na Escola peripatética do sucessor de Aristóteles, Teofrasto. Ali, durante uma aula, Crates teria deixado escapar uma flatulência e, envergonhado, decidira tirar a própria vida deixando de se alimentar, até que recebe a visita de Crates, discípulo de Diógenes, e este comete em sua presença o mesmo "erro" que o envergonhara tanto, demonstrando-lhe na prática que nada de errado havia em expelir os gases - algo natural e que não poderia ser expresso em palavras. Isto fez com que ele se convertesse ao cinismo, e teria sido dali que Hipárquia veio a se apaixonar por Crates e mais tarde com ele se casando e tendo, ao menos, uma filha e um filho.[2]
Referências
↑«Hipárquia». VIAF (em inglês). Consultado em 10 de maio de 2020