A família de Henrique era proveniente da França. Seu avô era um ourives de Bordeaux que tinha uma filha chamada Eufrásia Françoise Honorée,[2] que se casou com François Dumont. O sogro convenceu o genro, François, a vir para o Brasil à procura de pedras preciosas que alimentariam sua indústria. Mas após a descoberta de diamantes na África do Sul, os preços caíram e François adoeceu, vindo a falecer em 1842.[1] No Brasil o casal teve três filhos, sendo que o segundo foi Henrique Dumont.[5]
Quando a ferrovia foi concluída, Henrique Dumont decidiu dedicar-se ao cultivo do café. Sai de Minas Gerais e vai para o município de Valença, no Rio de Janeiro; nessa região, seu filho Santos Dumont, foi batizado em 1877 na Paróquia de Santa Tereza, atual município de Rio das Flores.[5][6]
Buscando terras mais apropriadas ao cultivo do café, muda-se para Ribeirão Preto, em São Paulo, e instala-se na Fazenda Arindeuva,[8] possuindo então pouco mais de 300 contos e réis e 80 escravos,[9] com 150 sendo alugados. Porém, devido a um aparente medo das revoltas, ele passou a adotar a mão de obra de colonos antes mesmo da abolição da escravidão.[10] A sua nova fazenda progrediu muito, pois aí aplicou seus conhecimentos de engenharia e estimulou a produção com uma série de inovações. Chegou a ser a mais moderna da América do Sul, com cinco milhões de pés de café, 96 quilômetros de ferrovias e sete locomotivas.[11]
Em em 1883 foi inaugurado um ramal da Estrada de Ferro Mogiana até Ribeirão Preto, obtido por reivindicação de Henrique Dumont; esse ramal foi fundamental para o escoamento da produção e para o desenvolvimento da região, trazendo centenas de imigrantes, principalmente italianos, que logo substituíram a mão-de-obraescrava.[5][12] Em 1857 Henrique formou a maior fazenda cafeeira no Brasil, com 5,7 milhões de plantas e em 10 de outubro de 1888 Henrique assinou um contrato para conectar sua fazenda com a estrada de ferro, construindo 100 km de trilhos.[6]
Francisca de Paula Santos é mãe de Alberto Santos Dumont.[14] De ascendência portuguesa,[15] Francisca nasceu em 1 de outubro de 1835 em Ouro Preto, Minas Gerais, filha do industrial e Comendador Francisco de Paula Santos.[16]
O acidente
Em dezembro de 1890, caiu da charrete numa de suas fazendas, quebrando seu braço e batendo a cabeça, deixando-o hemiplégico.[6] Posteriormente, em 1891, em consequência do tratamento, vendeu suas fazendas por 12 milhões de réis e partiu para a Europa com sua família.[17][18] Na França ele buscou o melhor tratamento médico, mas voltou ao Brasil dia 21 de novembro de 1891 com um Peugeot de 2,5 HP, o primeiro carro a gasolina no Brasil.[6]
Morte
Pouco antes de morrer, em 1891, Henrique emancipou os seus filhos menores e entregou a cada um sua parte na herança. Ao seu filho Alberto Santos Dumont, em 12 de fevereiro de 1892, disse "Não gostaria que se tornasse um doutor; o futuro do mundo está na mecânica".[3][19][6] Tentou retornar à França devido ao seu estado de saúde deteriorado, mas faleceu em 30 de agosto de 1892, aos 60 anos, na cidade do Rio de Janeiro.[6]
Demartini Jr, Zeferino; Gatto, Luana A. Maranha; Lages, Roberto Oliver; Koppe, Gelson Luis (2019). «Henrique Dumont: how a traumatic brain injury contributed to the development of the airplane». FapUNIFESP (SciELO). Arquivos de Neuro-Psiquiatria. 77 (1): 60–62. ISSN1678-4227. PMID30758444. doi:10.1590/0004-282x20180149
Cavalcanti, Lauro (2006). Moderno e brasileiro: Uma história de uma nova linguagem na arquitetura (1930-60). [S.l.]: Jorge Zahar Editor Ltda. ISBN9788537803929
Hoffman, Paul (2010). Asas da Loucura: A extraordinária vida de Santos-Dumont. Traduzido por Marisa Motta. Rio de Janeiro: Ponto de Leitura. ISBN9788539000098