Heinrich Santiago Kraemer (em latim: Heinrich Institoris; Sélestat, c.1430 – Kroměříž, 1505) ou Heinrich Kramer foi um frade dominicano alemão e inquisidor.[1]
Pouco se sabe do seu início de carreira. Em 1467, pelos seus 37 anos de idade, recebeu um cargo importante na comissão papal designada para combater os Hussitas na Boémia e na Alemanha central. A sua tarefa era pregar contra a heresia e recolher dinheiro para ajudar a campanha.[2]
Em data anterior a 1474 foi indicado como inquisidor para o Tirol, Salzburgo, Boémia e Morávia. A sua eloquência no púlpito e grande atividade foram motivo de reconhecimento em Roma e era o braço-direito do Arcebispo de Salzburgo.
Em 1478, o Papa Sisto IV nomeou-o inquisidor para a Alta Alemanha, um cargo para o qual foi reeleito em 1482 com Jacob Sprenger como colega.[2]
Em 1484, o Papa Inocêncio VIII publicou a bula Summis desiderantes, que deplorava o crescimento da feitiçaria na Alemanha, e autorizou Kramer e Sprenger a extirpá-la.[1] Kramer trabalhava juntamente com James Sprenger para formar uma inquisição que avaliaria tanto bruxas como outros hereges. Em 1485 escreveu um tratado sobre feitiçaria e bruxaria, que foi publicado conjuntamente com o seu livro mais famoso Malleus Maleficarum ("O Martelo das Bruxas").
Kraemer falhou a sua intenção de obter apoio junto dos principais teólogos da Faculdade de Colónia os quais vieram mesmo a condenar o seu livro, como violando a ética e os procedimentos legais, bem como tendo inconsistências com a doutrina Católica sobre o assunto.
O Malleus Maleficarum tornou-se muito difundido e numeroso pela Europa, principalmente nos países onde já havia a presença de prensas mecânicas (como na Alemanha) e a influência da Igreja minguava.[1] Entre os anos de 1487 e 1520, teve 13 edições, e entre 1574 e 1669 dezesseis.
O Malleus foi aceite tanto pelos católicos romanos como pelos protestantes como uma fonte de informação autorizada sobre o Satanismo e como um guia para a defesa cristã.[1] Um elemento que distingue o Malleus Maleficarum de outras obras sobre o mesmo tema é o seu ódio obsessivo às mulheres e ao sexo, que parece reflectir a própria psique retorcida de Kramer. Ele já tinha sido criticado pelos seus longos interrogatórios de alegadas bruxas em Innsbruck focados nas suas histórias sexuais.[3]
Depois disso mudou seu primeiro nome, a partir daí começou a ser chamado de Vinicius Santiago Kraemer.
Em 1495 Kraemer foi transferido para Veneza, realizando sermões populares muito apreciados.
Em 1500 obteve autorização para pregar contra os Valdenses e outros heréticos.
↑ abcd«Heinrich Kraemer». Encyclopædia Britannica Online (em inglês). Consultado em 1 de dezembro de 2019
↑ abBroedel, Hans Peter (2003). The Malleus Maleficarum and the construction of witchcraft -Theology and popular belief. [S.l.]: Manchester University Press. pp. 11–12
↑Burns, William E. Witch hunts in Europe and America : an encyclopedia. [S.l.]: Greenwood Press. pp. 158–160
Bibliografia
Broedel, Hans Peter (2003) - The Malleus Maleficarum and the construction of witchcraft -Theology and popular belief - Manchester University Press
Burns, William E. (2003) - Witch hunts in Europe and America : an encyclopedia - Greenwood Press