Greve dos professores de Oklahoma em 2018

Greve dos professores de Oklahoma em 2018
Parte de Greves dos trabalhadores da educação nos Estados Unidos em 2018–2019
Período 2 de abril de 2018 (2018-04-02) – 12 de abril de 2018 (2018-04-12)
Local Oklahoma, Estados Unidos
Causas * Cortes contínuos na educação
Objetivos * Aumento salarial de 10 000 dólares para professores
  • Aumento salarial de 1 250 dólares para equipe de apoio
Características * Ocupação
Resultado
  • Aumento salarial de 6 000 dólares para professores
  • Aumento salarial de 1 250 dólares para equipe de apoio
  • Maior financiamento para escolas públicas através de impostos sobre tabaco e outros produtos
Participantes do conflito
Associação de Educação de Oklahoma Governo de Oklahoma
Líderes
Alicia Priest Mary Fallin

A paralisação dos professores de Oklahoma de 2018 começou em 2 de abril de 2018, com professores de todo o estado protestando contra os baixos salários, salas de aula superlotadas [en] e cortes de impostos que resultaram em menos gastos com educação em todo o estado.[1][2][3] Foi a primeira ação desse tipo em Oklahoma desde o ano de 1990.[4] A Associação de Educação de Oklahoma (OEA) declarou o fim da paralisação em 12 de abril, depois que se chegou a um acordo para aumentar os salários e o financiamento do estado para a educação. A convocação para o fim da paralisação enfrentou algumas objeções de professores e pais que não acreditavam que os legisladores tivessem feito concessões suficientes.[5]

Ao contrário do que ocorreu na Virgínia Ocidental, a paralisação não foi considerada uma greve não autorizada, já que recebeu o apoio oficial da liderança sindical, embora isso só tenha acontecido após pressão dos professores.[6] O protesto aconteceu simultaneamente a manifestações semelhantes no Arizona, Kentucky, Carolina do Norte e Colorado.[7]

Contexto

Situação da educação pública em Oklahoma

Desde 2008, os gastos com educação por aluno em Oklahoma caíram em 28%.[8] Devido à redução do financiamento, 20% das escolas funcionam em semanas de quatro dias, e muitas eliminaram as aulas de arte e idiomas e encerraram os programas esportivos.[9] Os ganhos da última greve de professores em Oklahoma, ocorrida em 1990, resultou em um acordo para reduzir o tamanho das turmas [en], expandir os programas de jardim de infância e aumentar os salários dos professores, foram revertidos posteriormente devido a cortes no orçamento.[9] A redução do financiamento e o subsequente declínio na qualidade da educação pública resultaram na expansão das escolas autônomas no estado.[9]

Planejamento para uma greve

No ano de 2016, a Consulta Pública de número 779 foi colocada na cédula de votação, mas não obteve votos suficientes.[10] A Consulta 779 propôs um aumento de um centavo no imposto sobre vendas e estimava-se que traria 615 milhões de dólares para o financiamento da educação (incluindo aumentos salariais de educadores) em seu primeiro ano. O fracasso da Consulta 779 deixou muitos educadores frustrados. O apoio a uma greve começou a se formar no início de março de 2018, depois que outra proposta (apelidada de plano “Step Up”) não conseguiu passar o limite exigido de 75% para aumentos de impostos. O plano “Step Up” teria aumentado certos impostos e aumentado o salário dos professores em 5 000 dólares.[4] Tanto os democratas quanto os republicanos votaram a favor e contra o projeto de lei. Alguns democratas que votaram “não” acreditavam que o plano não ia longe o suficiente para restaurar o financiamento.[4]

Planos para uma greve começando em 2 de abril foram inicialmente discutidos em março.[4] No dia 2 de abril, escolas em todo o estado de Oklahoma estavam programadas para aplicar testes padronizados; impedir a realização desses testes poderia potencialmente comprometer milhões de dólares em fundos federais destinados a Oklahoma.[4] Depois que a legislatura de Oklahoma aprovou um aumento de impostos para financiar aumentos salariais para professores com os 75% necessários em cada câmara na sexta-feira, 30 de março, foi anunciada uma paralisação a partir do dia 2. Assim, mesmo antes do início do protesto, os professores já haviam conquistado maior financiamento escolar e aumentos salariais, financiados em parte por aumentos nos impostos sobre cigarros, combustíveis e na produção bruta de petróleo.[11]

Greve

A greve durou dez dias, de 2 a 12 de abril de 2018.[12][13] Os líderes da greve haviam solicitado a introdução de um imposto sobre ganhos de capital para evitar um imposto regressivo, mas os termos foram aceitos.[14] A legislatura não aprovou nenhum outro aumento de impostos após o início da greve.

Demanda salarial

Os salários dos professores das escolas públicas de Oklahoma antes da greve eram os terceiros mais baixos dos Estados Unidos (atrás apenas de Dakota do Sul e Mississippi), o que fez com que alguns professores e funcionários tivessem um segundo ou terceiro emprego.[6][9][15] Uma oferta inicial de aumento salarial de 6 000 dólares, ratificada pelo governador, foi rejeitada, pois as exigências iniciais eram de um aumento de 10 000 dólares para os professores e de 1 250 dólares para os outros trabalhadores das escolas.[16]

Reações oficiais

A governadora republicana Mary Fallin comparou as reivindicações dos professores a “adolescentes querendo um carro melhor”.[17][18][19] A citação foi apropriada pelos professores e usada em cânticos durante os protestos no Capitólio Estadual de Oklahoma.[17][20]

O representante estadual Kevin McDugle [en], um republicano, indicou que não aprovaria nenhum projeto de lei ou medida para aumentar os gastos com educação devido aos protestos realizados pelos professores.[21]

Resultados

Uma pesquisa realizada em 2019 constatou que o aumento salarial obtido pela greve elevou a classificação dos salários dos professores do estado para o 34º lugar no país, acima de uma série de estados vizinhos como o Novo México, Kansas, Missouri e Arkansas, mas ainda abaixo do Colorado ou do Texas.[20]

Dez representantes republicanos que se opunham ao aumento de impostos para aumentar os salários dos professores concorreram à reeleição em 2018. Dois deles, Scott McEachin [en] e Chuck Strohm [en], foram eliminados por outros candidatos republicanos durante a primária inicial, enquanto outros sete não obtiveram votos suficientes para vencer suas primárias sem contestação.[22] Esses sete enfrentaram eleições de segundo turno em agosto de 2018, e seis perderam.

Referências

  1. Imprensa (11 de abril de 2018). «Professores estadunidenses realizam greve contra desmonte da educação pública». Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso. Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 14 de dezembro de 2024 
  2. «Milhares de professores dos EUA protestam por melhorias na educação pública». G1. 2 de abril de 2018. Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2022 
  3. «Cresce greve dos professores nos EUA contra cortes na Educação». Hora do Povo. 6 de abril de 2018. Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 8 de maio de 2022 
  4. a b c d e Cohen, Rachel M. (6 de março de 2018). «Teacher Unrest Spreads to Oklahoma, Where Educators Are "Desperate for a Solution"». The Intercept (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 1 de outubro de 2024 
  5. «Arizona teachers vote for first-ever statewide strike». Al Jazeera (em inglês). 20 de abril de 2018. Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 29 de novembro de 2024 
  6. a b «Teacher Strikes Are Spreading Across America With No End in Sight». Bloomberg.com (em inglês). 2 de abril de 2018. Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 6 de dezembro de 2024 
  7. Pearce, Matt (3 de abril de 2018). «Red-state revolt continues: Teachers strike in Oklahoma and protest in Kentucky». Los Angeles Times (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 3 de dezembro de 2023 
  8. DenHoed, Andrea (4 de abril de 2018). «Striking Oklahoma Teachers Win Historic School-Funding Increase and Keep On Marching». The New Yorker (em inglês). ISSN 0028-792X. Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 11 de dezembro de 2024 
  9. a b c d Blanc, Eric. «It's Oklahoma's Turn to Strike». Jacobin (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 13 de novembro de 2024 
  10. Perry, Gene (12 de setembro de 2016). «State Question 779: Sales Tax for Education - Oklahoma Policy Institute». Oklahoma Policy Institute (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 15 de junho de 2024 
  11. «Tulsa World editorial: Your state taxes go up on Sunday, and that's good». Tulsa World (em inglês). 1 de julho de 2018. Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 15 de dezembro de 2024 
  12. Blanc, Eric. «Red Oklahoma». Jacobin (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 15 de dezembro de 2024 
  13. Dias, Elizabeth; Goldstein, Dana (13 de abril de 2018). «Oklahoma Teachers End Walkout After Winning Raises and Additional Funding (Published 2018)». The New York Times (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 9 de dezembro de 2024 
  14. Chang, Clio (13 de abril de 2018). «Teachers Win Again in Oklahoma as Strike Ends». Splinter (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 15 de dezembro de 2024 
  15. Greenberg, Jon (6 de março de 2018). «Are Oklahoma teachers the lowest paid? Nearly». Politifact (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 4 de março de 2020 
  16. Osberg, Molly (2 de abril de 2018). «Oklahoma Is the Latest Red State Where Teachers Are Rising Up». Splinter (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 22 de novembro de 2024 
  17. a b Gstalter, Morgan (5 de abril de 2018). «Oklahoma teachers jingle keys, chant 'Where's my car?' at governor». The Hill (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 6 de outubro de 2022 
  18. Sanchez, Ray (4 de abril de 2018). «Oklahoma governor compares teachers to 'a teenage kid that wants a better car'». CNN (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 2 de março de 2024 
  19. Adams, Susan (4 de abril de 2018). «Oklahoma Governor Compares Striking Teachers To 'A Teenage Kid That Wants A Better Car'». Forbes (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 14 de julho de 2024 
  20. a b Eger, Andrea (29 de abril de 2019). «Teacher pay raise boosts Oklahoma to 34th in nation, new rankings find». Tulsa World (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 12 de dezembro de 2024 
  21. Resnick, Gideon (4 de abril de 2018). «Republican Bashed Teachers. So a Teacher Runs Against Him.». The Daily Beast (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 11 de maio de 2024 
  22. Jilani, Zaid (29 de agosto de 2018). «In Oklahoma and Arizona, Primary Voters Rewarded Candidates Who Stood With Teachers». The Intercept (em inglês). Consultado em 15 de dezembro de 2024. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2023