O Grande Atrator é uma anomalia gravitacional no espaço intergaláctico dentro do alcance do Superaglomerado Hidra-Centauro, localizado, mais precisamente, próximo ao centro do Superaglomerado Laniakea. Tal perturbação revela a existência de uma concentração localizada de massa equivalente a dezenas de milhares de massas da Via Láctea, observável por seus efeitos no movimento das galáxias e seus aglomerados associados se estendendo por centenas de milhões de anos-luz.
Todas essas galáxias apresentam um desvio para o vermelho, em conformidade com o fluxo de Hubble, indicando que elas estão se afastando de nós e umas das outras, mas as variações em seus desvios para o vermelho são o suficiente para revelar a existência da anomalia. As variações em seus desvios para o vermelho são conhecidas como velocidades peculiares, e sendo essa variação de aproximadamente +700 km/s a −700 km/s, dependendo do desvio angular da direção em relação ao Grande Atrator.
Localização
Os primeiros indícios de uma discrepância na expansão uniforme do universo vieram à tona em 1973, e novamente em 1978. A localização do Grande Atrator foi finalmente determinada em 1986, descobriu-se que ele se situa a uma distância de 150 a 250 milhões de anos-luz (47–79 Mpc) (a última sendo a estimativa mais recente) da Via Láctea, em direção às constelações de Hidra e Centauro. Os objetos nessa direção se localizam próximos à Zona de Evitamento (a parte do céu noturno obscurecida pela Via Láctea) e são portanto difíceis de serem estudados em comprimentos de ondas de luz visível. Observações em raios X revelaram que essa região do espaço é dominada pelo Aglomerado do Esquadro (ACO 3627),[1][2] um aglomerado maciço de galáxias em que predominam galáxias antigas de grande porte, muitas das quais em rotas de colisão umas com as outras e/ou irradiando intensamente ondas de radio.
Debate acerca da massa aparente
Em 1992, grande parte do sinal aparente do Grande Atrator fora atribuída ao efeito do viés de Malmquist.[3] Em 2005, astrônomos conduziram um recenseamento em raio X de uma porção do céu, num estudo conhecido como projeto Clusters in the Zone of Avoidance (CIZA) (Aglomerados na Zona de Evitamento), e concluíram que o Grande Atrator possuía de fato apenas um décimo da massa estimada originalmente. O levantamento também confirmou as antigas teorias de que a Via Láctea vem sendo atraída em direção a um aglomerado de galáxias muito mais massivo próximo ao Superaglomerado de Shapley, que se localiza além do Grande Atrator.[4]
O fluxo escuro é uma tendência das galáxias de se mover em determinada direção, a qual se pensava ser a do Grande Atrator, mas o sentido desse movimento agora especula se localizar fora do Universo observável. Essas descobertas controversas foram publicadas em 2008.
Na ficção
O Grande Atrator foi mencionado na série "Pip and Flinx", de Alan Dean Foster, no livro Flinx's Folly. O Grande Atrator é citado como uma tentativa de uma antiga raça de alienígenas de criar algo cujo empuxo gravitacional é forte o bastante para mover a Via Láctea, assim como as outras galáxias.
O Grande Atrator é também uma das principais locações na série de livros Xeelee, de Stephen Baxter, especificamente no livro Ring no qual é descrito como uma corda cósmica, artificialmente introduzida em um loop, criando o fenômeno do Grande Atrator.
No filme Men in Black, o Grande Atrator é descrito como um ser sensível que, além de ter distorcido o arranjo das galáxias próximas, causou o Apagão em Nova Iorque de 1977 com um dispositivo agora guardado em segurança na sede dos MIB.
O Grande Atrator é mencionado pelo nome de "Azrael" em Reaper Man por Terry Pratchett (1991), como a morte final do Discworld.
Uma tira cômica de xkcd menciona o Grande Atrator.[5]