Maria da Glória Bomfim dos Santos, ou simplesmente Glória Bomfim (Areal, 3 de novembro de 1957) é uma cantora e ialorixá brasileira.[1][2] Sua música é ligada à espiritualidade afro-brasileira, com a grande maioria das letras das canções de seus discos fazendo referência aos orixás, entre sambas de capoeira, sambas de roda e cantigas de santo[3]. Gravou em seus discos diversas canções inéditas do compositor Paulo César Pinheiro.
Biografia
Infância
Glória Bomfim nasceu em um pequeno povoado interior da Bahia em uma família de nove irmãos, filha de Domingas e Miguel. Quando pequena era muito requisitada para cantar nas festas locais, batizados, casamentos e aniversários. [4] Desde a infância fez parte do candomblé, sendo ensinada por seus avós e seu tio. Quando tinha 8 anos, seus pais se separaram e sua mãe lhe entregou para um homem que a levou para Salvador supostamente para pagar seus estudos,[5] porém na verdade foi explorada e obrigada a trabalhar.[2]
Quando criança, Glória conhecera na rádio a música A Viagem, de Paulo César Pinheiro e João de Aquino. Vivia cantando a canção por aí, ao ponto que em sua terra natal era conhecida como "a menina da viagem". Tinha enorme desejo de conhecer o compositor Pinheiro, de modo que aos 14 anos foi para o Rio de Janeiro,[5] onde ficou por muitos anos trabalhando como empregada doméstica. Por falta de conhecimento e contatos no meio musical da cidade, não conseguiu encontrar Pinheiro.[6][7]
No Rio de Janeiro
Segundo a cantora, a primeira vez que pegou num microfone para cantar em público foi na roda de samba da Velha Guarda da Portela, que frequentava todo sábado. Com a ajuda de um amigo, cantou em dueto a música Um Dia de Domingo, de Gal Costa e Tim Maia, encantando os membros do grupo que a acolheram - segundo ela, sua porta de entrada para o samba.[7][8]
Eventualmente, por um acaso inacreditável, acabou indo trabalhar como manicure na casa da instrumentista Luciana Rabello, esposa de Paulo César Pinheiro - porém durante cinco anos lá, nunca soube que seu patrão era o compositor que havia sonhado a vida toda em conhecer. Um dia, Luciana a ouviu cantarolando A Viagem e revelou que a música era de seu marido. Glória se afastou, sem saber lidar com a situação, tamanha a força do acaso. Depois de um tempo Luciana a encontrou e aos poucos o casal a convenceu e a ajudou a se lançar como cantora.[6][7]
Carreira
Em 2007, lançou o disco Santo e Orixá, com 14 músicas inéditas de Pinheiro em repertório centrado no cancioneiro de vertente afro-brasileira da obra do compositor. Em 2011, o disco foi reeditado sob o nome Anel de Aço e lançado por Maria Bethânia, dando-lhe mais visibilidade. Em dezembro de 2018, com financiamento coletivo, gravou um novo disco chamado Chão de Terreiro, com mais 13 canções de Pinheiro.[6]
Discografia
- 2007 - Santo e Orixá
- 2011 - Anel de Aço
- 2018 - Chão de Terreiro
Referências