Num de seus mais famosos momentos, ao ser perguntado repetidamente por repórteres em Nova Iorque durante uma série de conferências por que motivo queria ele escalar o Monte Everest, ele replicou a um deles "Porque ele está lá", frase hoje associada para sempre a ele e ao montanhismo.
George serviu como artilheiro na Royal Garrison Artillery durante a Primeira Guerra Mundial, alcançando o posto de primeiro-tenente antes de retornar para casa em 1919, após o Armistício.
Em 9 de setembro de 1915 nasce sua primeira filha, Frances Clare. Sua segunda filha, Beridge Ruth, nasceu em 16 de setembro de 1917, e seu filho John nasceu em 21 de agosto de 1920 – meia hora antes de George retornar de uma viagem pelos Alpes.
História alpinista
Em 1904, Mallory e um amigo tentaram escalar o Monte Vélan, nos Alpes, mas retornaram pouco antes de alcançarem o topo por causa do mal de altitude. Em 1911, Mallory escalou o Monte Branco.
Por volta de 1913 ele estava no ápice de suas capacidades de alpinista em terrenos rochosos, tendo escalado o Pillar Rock, no Lake District, sem assistência, o que hoje em dia é conhecido como a "Mallory's Route" (Rota de Mallory) – agora classificada "Dura, muito severa" 5a (graduação americana 5.9). Foi a rota mais difícil de toda a Grã-Bretanha por muitos anos.
Em 1921, durante uma missão de exploração de rotas no passo norte do Everest, ele escalou diversos picos mais baixos perto do Everest, a fim de melhor conhecer a geografia da região.
Em 1922, enquanto Mallory liderava um grupo de alpinistas na descida do passo norte do Everest sob neve, uma avalanche caiu sobre o grupo, matando sete Sherpas.
Em 8 de junho de 1924, George Mallory e Andrew Irvine tentaram atingir o topo do Everest pela face norte. O companheiro de expedição Noel Odell afirma tê-los visto às 12h50 na ascensão de uma das rotas principais da crista norte, e "progredindo fortemente para o topo", mas nenhuma prova pôde demonstrar que eles atingiram o topo. Eles jamais retornaram ao acampamento avançado, tendo sucumbido em algum lugar da montanha.
Em 1995, o neto de Mallory, George Mallory II, atingiu o topo do Everest.
Perdido no Everest
Em 1 de maio de 1999,[1] uma expedição estadunidense, patrocinada em parte por Nova e pela BBC, encontrou o corpo congelado de George Mallory a 8000 metros, na face norte do Everest. No entanto, eles não localizaram nenhuma das duas câmeras que ele e Irvine tinham aparentemente carregado. Especialistas da Kodak afirmaram que se uma das câmeras fosse encontrada com seu filme, existiria uma boa probabilidade de que o filme pudesse ser revelado, devido à natureza do filme preto e branco utilizado e ao fato de ele ter sido mantido congelado por mais de 75 anos.
As fotos dessas câmeras poderiam finalmente esclarecer se eles realmente alcançaram o topo antes de morrerem. Em 2004, outra expedição foi organizada para procurar as câmeras e outras pistas, pouco importando sua importância, de que eles alcançaram o topo, mas nenhuma nova evidência foi encontrada. Uma terceira expedição de busca foi feita em 2005, também sem resultados. A questão do sucesso ou fracasso da dupla em alcançar o topo do Everest restará provavelmente sem resposta para sempre, a menos que alguma nova evidência seja encontrada na montanha. Com o passar dos anos, as chances de se encontrar alguma coisa diminuem cada vez mais.
Em 1975, um alpinista chinês chamado Wang Hongbao declarou ter visto o corpo de um "velho inglês morto" perto do topo. Tragicamente, Hongbao morreu em uma avalancha no dia seguinte, antes que a localização pudesse ser feita de maneira precisa. As informações mais recentes indicam a vários analistas que o corpo avistado por Hongbao seria o de Irvine.
Além das câmeras, dois detalhes observados quando da descoberta do corpo de Mallory são importantes, apesar de não conclusivos per se:
Primeiro, a filha de Mallory sempre afirmou que Mallory carregava uma fotografia da esposa com ele, com a intenção de deixá-la no pico quando este fosse alcançado. Essa foto não foi encontrada com o corpo quando ele foi descoberto. Dada o excelente estado de preservação do corpo e de seus apetrechos, isso aponta para a possibilidade que ele possa ter alcançado o topo e lá depositado a foto;
Segundo, os óculos de Mallory estavam em seu bolso quando o corpo foi encontrado, indicando que ele morreu à noite. Isso implica que ele e Irvine teriam feito um esforço para alcançar o pico e estariam descendo bem no final do dia. Dados a hora de partida e movimentos conhecidos, se eles não tivessem alcançado o topo, seria pouco provável que eles ainda estivessem em expedição ao cair da noite.
No entanto, resta a incerteza de que eles alcançaram o topo, o que seria um feito extraordinário, precedendo de 29 anos a ascensão de Hillary e Norgay de 1953. Do ponto de onde é comumente aceito que eles começaram a ascensão – apesar de o fotógrafo da expedição de 1924, John Noel, manter até sua morte a versão de que ele sabia que eles tinham começado a escalada de um acampamento mais alto do que se acredita – eles teriam necessitado de cerca de onze horas. Eles tinham somente oito horas de oxigênio disponível, assim – apesar de isso depender do fluxo de oxigênio, que podia ser controlado e não foi necessariamente utilizado ao máximo – pode ter faltado oxigênio antes de eles terem atingido o topo do monte.
Vários alpinistas experientes discordam da eventualidade de que Mallory teria sido capaz de escalar o difícil e infame "Second Step" da face norte, atualmente facilitado por uma escada de alumínio instalada de maneira permanente por uma equipe chinesa em 1975, a fim de evitar o problema. No entanto, Mallory era conhecido por ter vencido um obstáculo bastante semelhante em condições alpinas no Nesthorn suíço, e seus companheiros não tinham dúvidas de sua capacidade e motivação.
Em 2007, o alpinista Conrad Anker, que encontrou o corpo de Mallory testou o equipamento de Mallory e Irvine durante as gravações do documentário "The Wildest Dream", e escalou o "Second Step" de forma livre, sem o auxilio da escada de alumínio instalada pelos Chineses em 1975, provando que é possível que Mallory e Irvine tenham conseguido também superar o obstáculo.
Comentário
Mesmo se alguma evidência seja encontrada provando que George Mallory e/ou Andrew Irvine alcançaram o pico do Everest naquele dia fatídico de 1924, muito poucos consideram que a história deveria ser reescrita para lhes atribuir a "primeira ascensão". Os alpinistas estão geralmente de acordo sobre o fato de que uma ascensão bem-sucedida implica não somente alcançar o topo, mas voltar vivo de lá. De fato, o próprio filho de George Mallory, John Mallory, que tinha somente 3 anos de idade quando o pai morreu, disse:
"To me the only way you achieve a summit is to come back alive. The job is half done if you don't get down again".
Traduçãoː Para mim a única maneira de atingir o pico é voltar vivo. O trabalho é feito pela metade se você não retorna vivo.
Deve ser notado, no entanto, que John Mallory tinha sentimentos confusos sobre a celebridade do pai depois de morto, explicando, de maneira compreensível, que ele teria preferido ter um pai a uma lenda. Uma perspectiva similar foi manifestada por Sir Edmund Hillary, que perguntou:
"If you climb a mountain for the first time and die on the descent, is it really a complete first ascent of the mountain? I am rather inclined to think personally that maybe it is quite important, the getting down, and the complete climb of a mountain is reaching the summit and getting safely to the bottom again."
Traduçãoː Se você escala uma montanha pela primeira vez e morre durante a descida, trata-se realmente de uma primeira ascensão da montanha? Eu estou inclinado a pensar que descer é deveras importante, e que uma escalada completa implica alcançar o topo e voltar de lá são e salvo.
Em conclusão, Chris Bonington, o respeitado alpinista britânico do Himalaia, resumiu o ponto de vista de muitos alpinistas de todo o mundo:
"If we accept the fact that they were above the Second Step, they would have seemed to be incredibly close to the summit of Everest and I think at that stage something takes hold of most climbers… And I think therefore taking all those circumstances in view… I think it is quite conceivable that they did go for the summit… I certainly would love to think that they actually reached the summit of Everest. I think it is a lovely thought and I think it is something, you know, gut emotion, yes I would love them to have got there. Whether they did or not, I think that is something one just cannot know."
Traduçãoː Se admitirmos o fato que eles estavam no Segundo Degrau, eles teriam estado incrivelmente próximos do topo do Everest, e penso que, neste momento, alguma coisa toma conta de todo alpinista… Assim, tendo em vista todas essas circunstâncias… acho que é bastante provável que eles tenham tentado alcançar o topo… Eu certamente adoraria imaginar que eles realmente alcançaram o topo do Everest. Acho que é uma ideia adorável, uma emoção profunda, entende, sim, eu gostaria que eles tivessem chegado lá. Se eles conseguiram ou não, acho que é algo que não se pode saber.
Lost on Everest – Em janeiro de 2000, PBS transmitiu a história da expedição Nova de 1999 Nova para localizar os corpos de George Mallory e Andrew Irvine.
Sandy Irvine website – um site em tributo de Andrew "Sandy" Irvine, o último parceiro de escalada de Mallory, que morreu com ele em 8 de junho de 1924, e uma visão geral da expedição e da tentativa de alcançar o topo do mundo.