A Galleria mellonella é uma espécie de insetoslepidópteros, comummente conhecida como traça-da-cera[1][2] ou a traça-da-colmeia[3] é uma traça pertencente à família das Pirálidas.
É o único membro do género Galleria. Pode ser encontrada na maior parte do mundo, incluindo Europa e a adjacente Eurásia, onde se presume ser sua origem nativa, e como um espécies introduzidas em outros continentes, incluindo na América do Norte e Austrália.
A Galleria mellonella L. foi referenciada por Lineu em 1758.[3]
Ciclo de vida
A grande-da-colmeia tem um ciclo de vida sobremaneira curto, pelo que, mesmo em condições ótimas, leva cerca de seis semanas a completar o ciclo.[4]
As fêmeas depositam os ovos nos favos das colmeias[5] ao passo que as larvas costumam eclodir entre três e cinco dias mais tarde[4].
Na pendência da fase larval a traça-da-cera tem sete instares e uma duração que vai dos de 21 a 43 dias, consoante a qualidade da alimentação disponível e a ocorrência de baixas temperaturas [6], independentemente das criações serem realizadas em campo ou em laboratório.[7]
O comportamento alimentar das larvas está associado à construção de galerias de seda, as quais são ulteriormente juncadas com matéria excrementícia que se vai acaudalando com o progressivo crescimento das lagartas. Quando as lagartas chegam ao estágio de pré-pupa, escavam depressões nas paredes de madeira das colmeias e nos quadros dos favos, tecem os casulos e pupam, costumando ladear-se umas às outras.[7]
Morfologia
As traças adultas tem uma envergadura de 30-41 mm. Esta traça voa de maio a outubro nas regiões temperadas, sua região de origem, como na Bélgica e Holanda.
Ovos
Os ovos das traças-da-cera afigura-se duma coloração perlar e duma textura rugosa. Na maioria dos casos, as fêmeas fazem depositam os ovos em aglomerados na ordem 50- 150 ovos por postura.[8]
À medida que se vão desenvolvendo, os ovos vão amarelecendo, perdendo assim a sua tonalidade esbranquiçada original.[8]
Geralmente, dentro dos quatro dias que antecedem a incubação, torna-se visível um anel escuro dentro do ovo, sendo que, mais, tarde, quando já só faltarem doze horas para a eclosão, as larvas completamente formadas já são observáveis através do córion do ovo.[9]
Larvas
Depois da eclosão, as larvas apresentam uma coloração alvadia, medindo entre 1 e 3 milímetros de comprimento.[10]
A larva, mal eclode, começa a comer imediatamente, alimentando-se de pólen e da cera, que encontra nos favos das abelhas melíferas dentro dos ninhos nas colmeias ou, mais infrequentemente, os favos de vespeiros [11]. Além de comer compulsivamente, também se ocupa a tecer teias, escavar galerias, disseminar fezes, sumamente inutilizando todos os favos por onde passa.[12]
A fase larval passa por sete instares, sendo que a maior parte do crescimento ocorre na pendência dos dois últimos instares.[12][9]Quando chega ao último instar a larva já mede cerca de 20 milímetros de comprimento, apresentando um corpo cinzento com um escudo castanho no protórax.[9]
Estas larvas são tidas como pragas da apicultura[8], sendo certo que, por outro lado, também são comercializadas, porquanto há quem as use como alimento para a criação de animais em cativeiro.
Pupa
Ao chegar ao último instar, as larvas começam a pupar.[12] Uma vez dentro do casulo, a pupa é inicialmente branca e vai amarelecendo passadas as primeiras 24 horas. [12]
Ao fim de 4 dias a pupa volve-se castanha clara e vai continuando a escurecer progressivamente até ao último estágio. As pupas da traça-da-cera podem medir entre 5 a 7 milímetros de diâmetro e 12 a 20 milímetros de comprimento.[9]
São sexáveis mediante observação dos genitais, com recurso a lupa.[12]
Adultos
Há dimorfismo sexual entre os espécimes da traça-da-cera, pelo que as fêmeas costumam ser maiores e mais escuras dos que os machos.[12] Dessarte, em média, os machos têm cerca de 21 milímetros de envergadura, ao passo que as fêmeas já orçam uma envergadura na casa dos 32 milímetros.[13]
Com efeito, ainda nesta toada, as fêmeas além de terem maior envergadura, também têm antenas maiores do que as dos machos, na ordem dos 10 a 20%, e o mesmo se passa com as asas dianteiras.[14]
O tamanho e cor dos adultos podem variar substancialmente, conforme a composição e abundância de alimento.[15]
Ao chegar à idade adulta, todavia, a traça-da-colmeia deixa se alimentar, mercê da suas peças bucais ser tão atrofiada, que já não lho permite fazer, em vez disso limita-se a fazer voos curtos, a reproduzir-se e a ocupar-se da ovopositura.[15]
Parasitas
A Vairimorpha ephestiae é um parasita fúngico de a traça-da-cera. O Pseudomonas aeruginosa também é um patógeno para a G. mellonella. As associações de fatores de virulência são as mesmas para as infecções de plantas e animais.
Na pesquisa
A traça-da-colmeia tem sido demonstrada como sendo uma excelente organismo modelo para experiências in vivo de toxicologia e patogenicidade, substituindo o uso de pequenos mamíferos em tais experimentos.[16]
As larvas são também modelos bem adequados para os estudos do sistema imune inato. Em genética, eles podem ser usados para estudar esterilidade herdada em insetos. NOTA: imunidade celular e humoral são parte da imunidade adquirida, que é só para vertebrados. Os insetos só tem imunidade inata.
Experiências com larvas da cera infectados suportam a hipótese que o estilbenóide bacteriana 3,5-di-hidroxi-4-isopropil-trans-estilbeno tem propriedades antibióticas que ajudam a minimizar a competição de outros microrganismos e impede a putrefacção do cadáver insetos infectados pelos nematoides entomopatogénicos do género Heterorhabditis, este próprio é o hospedeiro para a bactéria do género Photorhabdus.[17]
A G. mellonella é relatada como sendo capaz de ouvir frequências ultrassónicas que se aproximam de 300 kHz, possivelmente a maior sensibilidade á frequência que qualquer outro animal.[18]
Em 2017 descobriu-se que a larva de G. mellonella transforma Polietileno PE em Etilenoglicol (Álcool),[19] podendo vir a ser utilizadas para combater a poluição.[20]
Sinónimos
Como uma espécie difundida e pouco notórias, a traça-da-colmeia foi descrita em uma série de agora inválidos sinônimos: [21]
↑MANGUM, W.A. (2000). «Honey bee biology.». Dadant and Sons. America-Bee-Journal, v. 140, n.6: 431-433
↑MORSE, R.A (1978). Honey Bee Pests, Predators, and Diseases. Ithaca, New York, USA: Cornell University Press. p. 430
↑ abGaredew, A. (2004). Effect of the bee glue (propolis) on the calorimetrically measured metabolic rate and metamorphosis of the greater wax moth. Amsterdam, Netherlands: Elsevier. doi:10.1016/j.tca.2003.10.014
↑Hu, K; Webster, JM (2000). «Antibiotic production in relation to bacterial growth and nematode development in Photorhabdus--Heterorhabditis infected Galleria mellonella larvae». FEMS microbiology letters. 189 (2): 219–23. PMID10930742. doi:10.1111/j.1574-6968.2000.tb09234.x
Grabe, Albert (1942). Eigenartige Geschmacksrichtungen bei Kleinschmetterlingsraupen ["Strange tastes among micromoth caterpillars"]. Zeitschrift des Wiener Entomologen-Vereins27: 105-109 [in German]. PDF fulltext
Savela, Markku (2009). Markku Savela's Lepidoptera and some other life forms – Galleria mellonella. Version of 2009-APR-07. Retrieved 2010-APR-11.
Galleria mellonella - de Jong, Y.S.D.M. (ed.) (2013) Fauna Europaea version 2.6. Web Service available online at http://www.faunaeur.org (consultado em 2 de janeiro de 2014).